Cuiabá, 24 de Maio de 2024

POLÍCIA Terça-feira, 05 de Dezembro de 2023, 10:55 - A | A

05 de Dezembro de 2023, 10h:55 - A | A

POLÍCIA / CHACINA DE SORRISO

“Família morreu porque a justiça não agiu”, afirma parente das vítimas

Sobrinha de Cleci Calvi Cardoso pediu justiça pela morte da tia e suas primas e cobrou leis mais severas para estupradores

Ari Miranda
Única News



Em recente entrevista ao jornalista e youtuber Beto Ribeiro, no podcast Crime S/A, Tauany Micheli, sobrinha da empresária Cleci Calvi Cardoso (46), morta na “chacina de Sorriso” (420 km ao norte de Cuiabá), cobrou leis mais severas a criminosos e afirmou que a tia e suas primas morreram por omissão da Justiça.

Isso porque o autor do crime, o pedreiro Gilberto dos Anjos (32), já havia assassinado um jornalista na cidade de Mineiros (GO) no ano de 2013 e, 2 meses antes da chacina que matou suas parentes, o criminoso havia estuprado uma vizinha e tentou matar a mulher degolada, em Lucas do Rio Verde (332 Km de Cuiabá).

Tauany contou que descobriu o crime por meio da mãe e outra tia, que a avisaram sobre uma movimentação estranha na casa das primas dela, afirmando que não sabia sobre o desaparecimento das mulheres, entrando em desespero quando viu oestado que ficou o corpo de uma das vítimas.

“Eu estava trabalhando e a minha mãe bateu na minha janela, porque eu trabalho do lado dela, e ela estava desesperada falando que a minha tia tinha ligado, falando que tinha acontecido alguma coisa na casa da ‘tia Clê’. Aí, eu larguei o serviço e falei que não devia ser nada. Mas quando eu virei a esquina, vi o Corpo de Bombeiros e a polícia, já fiquei muito preocupada e achei que alguma delas havia sofrido algum acidente”, lembrou.

“Quando eu cheguei perto, eu vi que minha tia estava muito desesperada, e foi aí que eu pensei que tinha acontecido algo muito sério. Que alguma das meninas podia ter morrido, mas quando eu fui falar com ela, ela disse que alguém tinha entrado na casa e matado todas”, completou, emocionada.

A sobrinha ressaltou ainda que o tio, pai e esposo das vítimas, encontra-se bastante abalado emocionalmente desde que tudo aconteceu e não teve mais coragem de entrar na casa da família desde que voltou à Sorriso. O homem é caminhoneiro, e não estava na cidade no dia do crime.

“Ele está bem abalado, triste, e a gente está tentando dar o conforto para ele, tentando organizar as coisas, ajudando a organizar tudo. A família combinou que ninguém pode entrar na casa. Outras pessoas foram lá para tirar os pertences pessoais e vamos mandar lavar”, relatou.

Antes de encerrar sua participação no Crime S/A, que também contou com a presença da perita criminal Rosangela Monteiro e o delegado Bruno França, responsável pelas investigações da barbárie, a sobrinha de Cleci fez um apelo às autoridades pedindo justiça pela morte de Cleci Calvi e suas primas Miliani (19), Manuela (13) e Melissa Calvi (10) e providências, para que ninguém mais passe por isso.

“A minha família morreu, porque a nossa Justiça não prendeu ele [Gilberto] quando tinha que prender. Ele deveria estar na cadeia há muito tempo, deveria estar fichado. Eu gostaria de fazer um pedido para a criação de um banco de dados nacional para estupradores, porque, se esse homem estivesse fichado, e tivéssemos um site onde pudéssemos pesquisar se possui pessoas fichadas perto de nós, nada disso teria acontecido e elas [tia e primas] estariam aqui comigo”, pontuou.

VIZINHA OUVIU GRITOS

Durante a entrevista, o delegado de Polícia Civil, Bruno França, contou que uma vizinha disse ter ouvido uma gritaria intensa e latidos de cachorro vindos da residência na noite do crime. Mesmo assim, a mulher se omitiu e nenhuma autoridade foi acionada.

“A gente não pode se omitir. Se você ouvir alguma coisa na casa ao lado, denuncie, chama a polícia, por mais que seja só uma briga de casal. A gente não sabe o que está acontecendo na casa do lado. Se alguém tivesse chamado a polícia quando ouviu elas gritando, elas poderiam estar vivas agora”, finalizou a sobrinha.

O CRIME

Cleci Calvi Cardoso e as filhas Miliane, Manuela e Melissa foram encontradas mortas na manhã do dia 27 de novembro, na casa da família, em Sorriso (397 km de Cuiabá).

Pouco tempo depois dos corpos serem localizados por agentes das forças de segurança, o pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos (32) foi preso pela Polícia Civil. Ele trabalhava e morava em uma construção civil ao lado da casa das vítimas e confessou o crime, alegando que há dias vinha sondando as vítimas e a rotina da família.

O pedreiro confessou ainda que, degolou a mãe e suas duas filhas mais velhas e as estuprou enquanto ainda agonizavam. Já a menor, foi morta pelo assassino asfixiada com um travesseiro.

Temendo uma invasão popular à Delegacia de Sorriso, o criminoso foi transferido para um presídio em Sinop (499 Km de Cuiabá) e de lá, foi retransferido para a Penitenciária Central do Estado (PCE), onde está preso em cela isolada dos demais detentos.

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