Metrópole / Única News

O procurador do Distrito Federal e professor voluntário da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Santos de Barros e Silva será convocado a prestar depoimento no inquérito que apura a morte de Ariadne Wojcik.
A informação é de Diego Alex Martimiano, chefe da Delegacia Municipal de Chapada dos Guimarães (MT), onde o corpo da jovem foi encontrado na tarde desta quarta (9/11).
“O depoimento poderá ser mediante carta-precatória, mas não está descartada a possibilidade de enviar uma equipe a Brasília”, disse Martimiano, por telefone, ao Metrópoles. Ariadne, 25 anos, era recém-formada em direito na UnB e foi aluna e estagiária de Silva. Antes de morrer, ela publicou um relato no Facebook no qual acusou o ex-professor de assediá-la e persegui-la.
Segundo o delegado, a principal hipótese para a tragédia é que Ariadne tenha se jogado do mirante. Investigações preliminares indicam que ela estava sozinha no momento em que caiu do ponto turístico, que fica a cerca de 8km do município.
“Um taxista a levou ao local. O motorista a deixou lá e foi embora. Não notou nada de anormal no comportamento da moça”, contou o titular da delegacia, acrescentando que o depoimento foi informal. Nesta quinta (10), o condutor será ouvido formalmente.
Carta na bolsa
Ainda de acordo com o delegado, na bolsa da vítima foi encontrada uma carta com conteúdo similar ao do texto postado no Facebook.
No documento, Ariadne também narrava o suposto assédio e as perseguições de Rafael Santos de Barros e Silva.
Por essa razão ela teria deixado Brasília, onde morava com os pais, para voltar a Cuiabá, sua cidade-natal.
A moça estava na capital mato-grossense, onde morava com um tio, havia apenas duas semanas.
Foi ele quem acompanhou as buscas por Ariadne e identificou o corpo da sobrinha após policiais e bombeiros o localizarem com o auxílio de um helicóptero.
Procurador nega assédio e perseguição
Na tarde de quarta (9), por telefone, o procurador do DF Rafael Santos de Barros e Silva negou as acusações da jovem.
Minutos depois, ele entrou em contato com o Metrópoles e pediu para falar pessoalmente com a reportagem.
Silva se encontrou com o Metrópoles em um restaurante da Asa Norte. Ele demonstrava muita inquietação e estava surpreso com toda a situação.
Disse que não tinha se divorciado, como Ariadne relatou no post publicado no Facebook pouco antes de morrer, e mostrou uma série de mensagens trocadas com a moça pelo WhatsApp e por e-mail entre maio e agosto deste ano.
Nos textos apresentados pelo procurador, fica clara a intimidade entre os dois. Há elogios mútuos e diálogos sobre trabalho. Mas em certos trechos, Ariadne o acusa de perseguição e diz que Silva “instalou câmeras na casa dela, além de programas no computador e no celular com o objetivo de monitorá-la”. Em resposta à jovem, ele contesta as alegações e afirma que “queria se afastar”.
“Diante das mensagens que recebi, decidi bloqueá-la no WhatsApp e no telefone. Ela ainda me mandou outro e-mail, com uma série de acusações. Resolvi conversar com os conhecidos dela”, contou Silva. “Queria prestar queixa por difamação, mas os amigos dela me desencorajaram. Ela era recém-formada e eu não queria prejudicar a carreira dela, mas me arrependi. Devia tê-la denunciado.”
Aulas de direito
O procurador disse ainda que conheceu a universitária na UnB, durante as aulas de direito tributário.
“Foram dois semestres, acho. foi trabalhar no meu escritório no ano passado e ficou lá até março. Diante de algumas situações, Ariadne entendeu que era melhor sair. Até então, estava tudo bem. As mensagens estranhas dela dizendo que eu a estava perseguindo começaram depois disso.”
Segundo relatou, Silva ainda tentou contatar o padrasto da jovem, sem sucesso. “Os amigos dela me disseram que Ariadne estava com problemas psiquiátricos, mas já estava se tratando. Decidi não levar a questão adiante e desisti de falar com o padrasto dela”, afirmou.
Os e-mails e as mensagens apresentados pelo procurador à reportagem deverão ser periciados pela polícia no inquérito que investiga a morte de Ariadne.
Embora tenha permitido a leitura dos textos trocados com a ex-aluna, o procurador não deixou que a reportagem reproduzisse o material.
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