Da Redação
(Foto: Montagem/Web)

Nesta segunda-feira (9), completa dois meses em que a operação Bônus, 2º fase da operação Bereré, foi deflagrada e levou a prisão dos primos do governador Pedro Taques (PSDB), o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, seu irmão Pedro Jorge Zamar Taques. Além deles, também foram presos o ex-deputado democrata Mauro Savi, os empresários José Kobori, Roque Anildo Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, conhecido como o “Grilo”. Eles estão presos no Centro de Custódia da Capital (CCC) desde maio.
Os citados são acusados, em delação premiada de Teodoro Lopes, o 'Dóia’, ex-presidente do Detran e, igualmente, delatado pelo irmão do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (sem partido), Antônio Barbosa, de participarem de um esquema desvios e lavagem de R$ 30 milhões por meio de fraudes em contratos entre a EIG Mercados (Antiga FDL) e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
De acordo com as investigações, os desvios ocorreram entre 2009 e 2015, quando Savi seria o principal líder do esquema que, segundo o Ministério Público Estadual, ele teria criado juntamente com os donos e sócios da EIG, uma rede de proteção que cobrava 30%, em forma de propina do valor total que a empresa recebia do Detran pelos serviços prestados.
Eles foram presos pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e por diversas vezes tentaram responder ao processo em liberdade. Porém, o habeas corpus tem sido rejeitado tanto pelo Tribunal de Justiça (TJ), quanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Mauro Savi já ingressou cinco pedidos de liberdade, sendo o mais recente no último dia 29 de junho, que foi negado pela ministra do STF, Rosa Weber, desconsiderando o HC ingressado pela Procuradoria da Assembleia Legislativa.
A Procuradoria ingressou com um novo recurso que se trata da Reclamação tentando derrubar a decisão do desembargador do TJMT, José Zuquim, que tornou sem validade a Resolução aprovada pelos deputados, durante a sessão plenária da Assembleia no início de junho, que decide a soltura de Savi.
Ela alega que Zuquim deveria ter cumprido a resolução e por não fazer isso, o desembargador feriu a autonomia e independência entre os poderes.
Em contrapartida, a Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, classificou a medida da Assembleia como ”disfuncional e abusiva”. Pois, segundo ela, o órgão não tem autonomia e muito menos independência para advogar em defesa de Savi, já que 22 dos 24 deputados da Casa de Leis respondem algum tipo de inquérito criminal.
Desvios no Detran
O empresário - sócio da Santos Treinamentos - foi preso na operação Bônus, na 2ª fase da Bereré, em maio deste ano. A empresa segundo as investigações do Ministério Público Estadual, funcionava como fachada para apenas “lavar” o dinheiro desviado do Departamento Estadual de Trânsito. Onde foi montado esquema por meio de licitações fraudulentas que teria desviado pelo menos R$ 30 milhões.
Roque – segundo o dono da EIG Mercados Ltda. (antiga FDL) e delator no caso -, José Ferreira Gonçalves Neto, estaria ameaçando o ex-diretor da empresa, José Kobori, após os pagamentos de propinas com a Santos Treinamentos pararem. Passando, inclusive, a extorquir os sócios da EIG, exigindo o pagamento de R$ 50 mil mensais, sob a ameaça de utilizar de sua influência política com a Assembleia Legislativa para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a respeito do contrato entre a empresa e o Detran.
Entenda o caso
A operação Bônus deflagrada em maio implodiu esquema realizado dentro do Detran, supostamente liderado pelo deputado democrata, Mauro Savi, há dois meses preso no Centro de Custódia de Cuiabá. Ela iniciou no órgão estadual no governo do ex-gestor Silval Barbosa, atualmente sem partido e continuou na administração do governador Pedro Taques (PSDB), envolvendo empresários e políticos.
No inquérito, o Ministério Público Estadual revela que os desvios foram realizados por meio da empresa EIG Mercados, que prestava serviços ao Detran, no registro de financiamento de veículos em alienação fiduciária. Além de outra - Santos Treinamento -, responsável por lavar o dinheiro desviado.
A EIG Mercados – que em 2009, chamava-se FDL Serviços -, repassava em torno de R$ 500 mil por mês de verbas obtidas pelo serviço que presta ao Detran de Mato Grosso por meio da Santos Treinamento. A empresa era uma espécie de “sócia oculta” nos trabalhos realizados ao departamento estadual.
O dinheiro chegava a políticos do Estado - como o ex-governador Silval Barbosa, o deputado estadual Mauro Savi, além do ex-deputado federal Pedro Henry -, por meio de depósitos bancários e pagamentos em cheques promovidos pelos sócios da Santos Treinamento, como Claudemir Pereira, também conhecido como “Grilo”.
Delação de Dóia e Barbosa
As operações - Bônus e Bereré - se pautaram em acusações contidas na delação do Teodoro Lopes, o 'Dóia’, ex-presidente do Detran e, igualmente, delatado pelo irmão do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (sem partido), Antônio Barbosa, em colaboração com a Justiça homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No depoimento, Barbosa revela, inclusive, a participação na fraude, do presidente da Assembleia Legislativa, o deputado democrata, Eduardo Botelho. O nome de parlamentar ainda foi citado por outros investigados, entre eles pelo empresário Roque Anildo Reinheimer, sócio proprietário da Santos Capacitação de Pessoal e Treinamento, que é uma das empresas usadas para o desvio de dinheiro do Detran.
Em depoimento prestado em fevereiro deste ano ao Gaeco, Roque assegurou que o presidente da Assembleia Legislativa se tornou sócio da empresa com o interesse exclusivo de receber vantagem indevida. Revelando que Botelho teria se integrado ao quadro societário da empresa para receber uma dívida e que, após recebe-la, começou a ser cobrado para o pagamento de outras vantagens.
Roque afirmou, no entanto, que Botelho pretendia sair do quadro de sócios da empresa, o que aconteceu dias depois. Também foram citados os parlamentares Ondanir Bortolini Nininho (PSD), Baiano Filho (PSDB), Romoaldo Júnior (MDB), Wilson Santos (PSDB) e José Domingos (PSD).
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