Ari Miranda
Única News
Em conversa com jornalistas na manhã desta quarta-feira (17), a presidente em exercício da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputada Janaína Riva (MDB), lamentou a cassação de mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Pode-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que indeferiu seu registro de candidatura com base na Lei da Ficha Limpa.
Na avaliação da parlamentar mato-grossense, a decisão do TSE é temerária e gera insegurança para a democracia brasileira, além de estimular ainda mais a polarização e radicalização entre direita e esquerda no país.
“Eu não tenho conhecimento para julgar se deveria ou não ter sido cassado. Mas, entendo que isso tumultua o processo democrático. Pode ter certeza, vai inflamando ainda mais os ânimos, o que para o PT é interessante e para a extrema-direita também é interessante”, avaliou.
Janaína Riva disse ainda que ficou surpresa com a velocidade com que o processo de Deltan foi julgado, uma vez que ações de cassação de mandato costumam tramitar durante anos na Justiça Eleitoral; situação que, no caso de Dallagnol foi julgado e concluído pelo TSE menos de 7 meses após o fim das eleições.
“O Lula em 8 meses foi preso. Eu lembro que, na época, eu comentei que nunca vi algo tão rápido. Agora foi ainda mais rápido. Então, é desses extremos aí que o Brasil deveria fugir e é onde a gente está, cada vez mais, se afundando”, afirmou a deputada.
A deputada ainda avaliou que o parecer da Justiça Eleitoral soou como uma espécie de “revanchismo” no começo da gestão petista, assim como houve durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para se livrar de seus adversários políticos.
“Existem governos hoje, e lógico que a gente está se referindo ao governo federal, que trabalham com vingança. A gente viu isso acontecer na gestão Bolsonaro e a gente está vendo o mesmo acontecer na gestão do Lula. Talvez porque, pra ele, seja interessante essa polarização e esse radicalismo. Mas, na minha opinião, isso para o país vem fazendo muito mal”, concluiu.
“Especialmente quando você tem um candidato com candidatura deferida, que depois perde o mandato sendo o mais votado. Então, isso é algo que a gente tem que discutir, com certeza, porque os entendimentos não têm sido tão claros com relação a isso. No passado eram os de esquerda que padeciam na Justiça, agora são os de direita”, concluiu.
André Dusek/Estadão Conteúdo
O ex-deputado federal, Deltan Dallagnol.
SOBRE O EX-DEPUTADO
Deltan Dallagnol ficou conhecido em todo o país por sua atuação na Operação Lava Jato e na investigação que levou à prisão do presidente Lula, em 2018. Ele foi o deputado federal mais votado do Paraná nas eleições do ano passado, com mais de 340 mil votos.
Ele foi cassado por decisão unânime do TSE nesta terça-feira (16), após uma condenação do Tribunal de Contas da União (TCU), por gastos com diárias e passagens de outros procuradores da Operação Lava Jato, e também por um pedido exoneração do cargo de procurador, enquanto ainda era alvo de 15 procedimentos administrativos, que poderiam resultar em aposentadoria compulsória ou demissão, além de torná-lo inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
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