03 de Maio de 2025
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POLÍTICA Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2025, 08:10 - A | A

27 de Janeiro de 2025, 08h:10 - A | A

POLÍTICA / MORTO A TIROS

Filhas acreditam que alguém "grande" mandou executar Renato Nery: "Foi um crime muito caro"

Renato Gomes Nery foi baleado na manhã do dia 05 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, em Cuiabá

Christinny dos Santos
Única News



Lívia e Renata Nery, filhas do advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery, acreditam que quem mandou executar o pai foi "alguém grande". Na visão da família, a própria arma utilizada pelo pistoleiro e sua "eficiência" em manuseá-la, apontam que o crime foi caro, indicando que o criminoso foi contratado por alguém com "aporte financeiro".

Renato Gomes Nery foi baleado na manhã do dia 05 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Pelo menos um, de sete disparos, atingiu a cabeça do advogado, que chegou a ser socorrido e passar por cirurgia, mas morreu no dia seguinte ao atentado. Desde então, a Polícia Civil já deflagrou duas operações de busca e apreensão contra possíveis envolvidos, mas o caso segue sem solução.

Lívia disse, em entrevista que ela e a irmã concederam ao RDCast, que um crime como o cometido contra seu pai, em que o pistoleiro, sua motocicleta ou qualquer outra informação sobre ele não foi testemunhada ou descoberta pela polícia, mesmo em uma avenida movimentada, não seria barato. Além disso, ela aponta que a própria arma do criminoso demonstrava que ele é um profissional.

"Mas acho que a gente não pode descartar nada, né? A gente acredita não só as evidências para um crime nesse porte, numa avenida assim, para um pistoleiro tão profissional, né? Que usou uma arma, que deu sete tiros, foi uma arma modificada, né? Ela tem quase que uma funcionalidade de uma metralhadora. Então, foi uma pessoa extremamente profissional", afirmou Lívia.

A empresária completa ainda: "Foi um crime muito caro para você contratar uma execução nesse porte. Então, provavelmente, não foi qualquer pessoa que teria um aporte financeiro para investir tanto no assassinato".

A filha do advogado conta ainda que, no início das investigações, as duas irmãs desconfiavam de todos, advogados, membros do judiciário, policiais: "então, a gente, a princípio, sim, desconfiava de tudo, de todos que aproximavam, que falavam coisas, comentários e qualquer tipo de coisa". Sobretudo pelo número de profissionais, cujos nomes elas conhecem poucos, envolvidos nos casos de disputa agrária no qual Renato advogava, apontado pela polícia como motivação para sua execução.

Em 1980, Renato começou a advogar em terras que hoje estão localizadas no município de Novo São Joaquim. Lívia conta que, oito anos depois, o pai ganhou por honorários 20% de uma terra que, na verdade, equivale a várias fazendas. Embora naquela época não valesse muito, hoje a área valorizou e o processo ainda corre na justiça.

"Cada fazenda tinha um arrendamento que passaram por várias pessoas. Então, assim, são muitos envolvidos neste processo. (16:57) É um processo de mais de 3 mil páginas que envolvem várias fazendas", diz Lívia. Além disso, Lívia relembra que Renato Nery procurou a OAB e registrou cerca de 4 "denúncias", representações formais, contra colegas de profissão, juízes e até desembargadores, sob suspeita de eles estivessem, de alguma fora, agindo contra a lei.

Diante disso, as irmãs ficaram temerosas e desconfiadas a respeito de várias pessoas, mas depois entenderam que precisam confiar na Justiça para que ela seja feita. "Se a gente não acreditar em nada, não tem razão nem de nós estarmos aqui procurando justiça, né? […] Mas a gente se apega ainda em acreditar que pode ser feito justiça. Se irá ser feito, não sabemos", diz Lívia, com expectativa.

Investigações

Dezoito dias antes de ser executado, Nery procurou a OAB e registrou uma denúncia contra Antonio João de Carvalho Junior, colega de profissão e um dos alvos da Operação Office Crime, por um suposto “conluio” envolvendo também outros profissionais. Nesse processo, Renato acusou o colega de se apropriar e negociar uma área de 2.579 hectares, que ele havia recebido como honorários de uma de reintegração de posse de uma terra de 12.413 hectares, localizada no leste do estado.

Nery advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.

Em 30 de julho deste ano, 24 dias após a morte de Renato, a DHPP cumpriu três mandados de busca e apreensão nas cidades de Guarantã do Norte (708 km de Cuiabá), Cuiabá e Várzea Grande, para colher informações que contribuíram com as investigações. Já em setembro, foi realizada uma perícia complementar, para auxiliar na identificação do pistoleiro que executou o crime.

Além disso, o inquérito sobre a morte do advogado Roberto Zampieri foi compartilhado o delegado Bruno Abreu Magalhães, que investiga a morte de Nery para encontrar possível semelhanças nos casos e indicar se existe, ou não, relação entre os dois. Advogados especialistas em litígio sobre propriedades rurais, os dois foram executados com apenas sete meses de diferença.

Ainda em julho, o delegado de Polícia Civil, Bruno Abreu Magalhães, responsável pela investigação da execução, adiantou ao Única News que a principal linha de investigação do crime já era a disputa de terras. Ao deflagrar a Operação Office Crime, as autoridades confirmaram que a motivação foi a disputa por terras no município de Novo São Joaquim.

Operação

A Operação Office Crime para cumpriu cinco mandados de busca e apreensão contra os advogados: Antonio João de Carvalho Junior, Agnaldo Bezerra Bonfim e Gaylussac Dantas de Araujo; e o casal de empresários: Cesar Jorge Sechi Julinere Goulart Bastos.

Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que um “escritório do crime” foi criado por advogados ligados à disputa judicial para encomendar a execução. Os mandados contra os advogados, que atuavam no mesmo escritório, foram cumpridos em Cuiabá, e contra o casal de empresários em Primavera do Leste.

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