Da Redação
Única News
A Associação de Desenvolvimento da Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (ADECELMT) é uma entidade sem fins lucrativos que atua para transformar a sociedade mato-grossense por meio da educação, cultura, esporte e lazer. Seu propósito vai além de promover atividades recreativas e culturais: buscar a inclusão social e a valorização da diversidade, elementos essenciais para a construção de uma sociedade mais justa, participativa e igualitária.
Em um país com profundas desigualdades raciais, o Dia da Consciência Negra, realizado em 20 de novembro, é um momento crucial para relembrarmos a luta contra o racismo, refletirmos sobre o legado de resistência da população negra e destacarmos a importância do lugar de fala e da visibilidade social. Esse dado, que homenageia Zumbi dos Palmares, líder quilombola símbolo de resistência à escravidão, também nos convida a olhar criticamente para as estruturas que perpetuam a discriminação racial no Brasil.
Ações Culturais e Inclusivas da ADECELMT
Desde a sua fundação, a ADECELMT tem desenvolvido projetos que utilizam a arte como ferramenta de transformação social. Um exemplo marcante foi o espetáculo “Julieta e Romeu – A História que Shakespeare Não Contou”, realizado em 2019 em parceria com o artista e produtor cultural Jeferson Bertoloti e a BEMTIVI Academia de Artes, onde a associação realizou a co-produção e todo apoio cultural.
Com um elenco diversificado, incluindo a atriz angolana Weza Kissanga no papel principal, interpretando Julieta, a peça tendo como releitura o clássico shakespeariano ao incluir debates sobre identidade, exclusão e diversidade. Segundo Weza, “esse trabalho transcendeu expectativas, gerando reflexões e tocando em temas vívidos pela sociedade, especialmente pela comunidade negra.”
O diretor, Jeferson Bertoloti, destacou o impacto cultural do projeto: “A dramaturgia de Julieta e Romeu fala de vidas reais, abordando histórias que muitas vezes são silenciadas.” O elenco, composto por jovens talentos e profissionais experientes, reflete a riqueza do teatro mato-grossense e sua capacidade de dialogar com temas contemporâneos.
Além disso, a produção conta com técnicos renomados e parceiros importantes, como a MT Escola de Teatro (UNEMAT) e o Coro Experimental de Mato Grosso, reforçando a integração entre diferentes segmentos culturais do estado. Também conta com dois atores experientes na cena cuiabana, Altiery Dallys interpretando o Frei e a presidenta da ADECEL, a atriz Ariana Carla interpretando a Sra. Montéquio.
Consciência Negra: O Papel da Cultura na Luta Antirracista
Espetáculos como Julieta e Romeu ilustram como a arte pode ser um espaço poderoso para amplificar vozes historicamente marginalizadas. A participação de artistas negros, como Weza Kissanga, e o diálogo com temas de exclusão racial reforçam a necessidade de visibilidade e representatividade em todos os âmbitos sociais.
O racismo estrutural ainda é uma realidade no Brasil. A ausência de oportunidades para pessoas negras em áreas como cultura, educação e mercado de trabalho perpetua desigualdades. Assim, iniciativas como as da ADECELMT são fundamentais para reverter essa lógica, criando plataformas para que histórias, talentos e vivências negras sejam valorizadas.
Lugar de Fala e Inclusão Social
O conceito de lugar de fala é central nesse contexto. Ele não trata de exclusividade, mas de consideração que as vivências pessoais trazem legitimidade à narrativa. Por isso, a valorização de protagonistas negros em produções culturais, como Julieta e Romeu, é essencial para romper estereótipos e abrir caminhos para uma nova narrativa coletiva, onde todas as vozes têm espaço.
Ao promover ações que estimulem o diálogo e a reflexão, a ADECELMT reafirma seu compromisso com a construção de uma sociedade mais consciente e igualitária. O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade para fortalecer a luta pela igualdade racial, lembrando que a mudança começa com a inclusão, a educação e o respeito às histórias e contribuições da população negra.
Juntos, podemos construir um futuro onde o corpo da pele não determine oportunidades, mas celebre a diversidade que enriquece nossa sociedade.
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