G1
Parece roteiro de um filme de Bollywood. Dois bebês nasceram no mesmo dia e no mesmo horário e foram acidentalmente trocados na maternidade do hospital. As crianças têm famílias e históricos muito diferentes - um casal de pais é muçulmano, o outro é tribal hindu.
A reviravolta no enredo? Depois de uma longa disputa com as autoridades, dois anos e nove meses depois saíram os testes de DNA e os meninos se recusam a deixar os pais que os criaram.
Essa história aconteceu no Estado de Assam, no noroeste da Índia. E nesta quarta-feira, os casais se apresentaram à Justiça para confirmar que, sim, vão continuar criando os filhos não biológicos.
'Esse bebê não é nosso'
Shahabuddin Ahmed conta que levou sua mulher, Salma Parbin, ao Hospital Mangaldai às 6h de um dia de março de 2015. Uma hora depois, ela deu à luz em um parto normal. No dia seguinte, recebeu alta.
"Uma semana depois, minha mulher me disse: 'esse bebê não é nosso'. Eu respondi: 'o que você está dizendo? Não deveria falar assim de uma criança inocente'. Mas minha mulher disse que havia uma mulher da tribo Bodo na sala de parto e que ela achava que nossos bebês tinham sido trocados", afirma Ahmed.
"Eu não acreditei, mas ela continuou insistindo."
Salma Parbin diz que suspeitou desde o início que Jonait não era realmente seu filho.
"Quando vi seu rosto, tive dúvidas. Lembrei do rosto da outra mulher na sala de parto, e ele lembrava ela. Dava para perceber pelos olhos - ele tem olhos pequenos, ninguém na minha família tem olhos assim."
Quando Ahmed disse ao gerente do hospital sobre as suspeitas de sua mulher, ele respondeu que ela estava com problemas mentais e precisava de ajuda psiquiátrica. O pai então entrou com um pedido de acesso à informação pedindo detalhes sobre os bebês nascidos perto das 7h daquele dia no hospital.
Um mês depois, ele recebeu as informações. Olhando os dados, decidiu checar a "mulher tribal", já que havia muitas semelhanças entre os dois partos - ambos os bebês eram do sexo masculinos, pesavam 3 kg e tinham nascido com cinco minutos de diferença.
"Foi à cidade deles duas vezes, mas não tive coragem de visitar sua casa", diz Ahmed.
"Então escrevi uma carta. Disse que minha mulher acreditava que nossos bebês tinham sido trocados e perguntei se eles também suspeitavam disso. Escrevi meu telefone no fim da carta e pedi para que eles me ligassem."
O encontro
Eles não suspeitavam de que seu filho tivesse sido trocado até receber a carta de Ahmed. Boro não acreditava que isso fosse possível, nem sua mulher ou outros membros da família. Mas as coisas mudaram quando as duas famílias se encontraram.
"Na primeira vez que o vi, percebi que ele se parecia com meu marido. Fiquei muito triste, chorei. Somos da tribo Bodo, não nos parecemos com outras pessoas de Assam ou com muçulmanos. Nossos olhos são levemente puxados, nossas bochechas são mais pronunciadas e nossas mãos, mais gordinhas. Somos diferentes, temos características mongóis", diz Shewali Boro.
Salma Parbin diz que quando viu Riyan pela primeira vez, sabia que era seu filho. Queria fazer a troca de volta ali mesmo. Mas a mulher de Anil Boro rejeitou a proposta.
Graças à insistência de Ahmed, o hospital começou uma investigação sobre o caso. Mas depois de consultar uma enfermeira que trabalhou no dia do parto, eles negaram qualquer irregularidade.
O outro casal, Anil e Shewali Boro, vivia com seu bebê, Riyan Chandra, a cerca de 30 km de distância da casa de Ahmed.
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