João Edisom - analista político
Reprodução / Internet

Há um Brasil que grita “diretas já”, outra parte do país que clama para que os preceitos constitucionais sejam mantidos, ou seja, indiretas para presidente em um possível complemento de um mandato de pouco mais de um ano. Quem já não ouviu alguém dizer “dei uma indireta em fulano”, ou “comigo é direta mesmo, falei tudo o que estava engasgado”.
Se olharmos no dicionário, vamos ver que diretas é sinônimo de pessoa franca, aberta, sincera, frontal, sem rodeios, clara, concreta, objetiva, explícita, imparcial, real, prática, decidida, determinada. Já indiretas é alusão de caráter ambíguo a expressar algo que não se quer ou não se tem coragem de dizer abertamente.
É legitimo pensar que mesmo por pouco tempo o Congresso brasileiro eleito pelo povo e embasado legalmente na Constituição perdeu a legitimidade moral em vista do número de pares envolvidos em denúncias de corrupção nas mais diversas esferas e tipos. Se o presidente Temer cai, a sensação é que a República caiu.
Acontece que as pessoas que hoje clamam por eleições diretas no Brasil não possuem a credibilidade para tal reinvindicação, pois se expuseram em defesas ideológicas e oportunistas de manutenção de poder na noite anterior, sejam estes políticos, artistas ou mesmo militância fanática. Diante deste quadro, não sabemos até onde esse povo quer diretas ou apenas estão jogando para se manter no poder.
Em tempos de tédio e ostracismo, tudo que uma pessoa ou grupo precisa é de uma boa polêmica para encontrar uma razão para viver. O Brasil passa por um momento delicado, sem rumo, sem norte, sem bússola. E dai basta um fato para que muitos encontrem argumentações asseveradas e trágicas para angariar militâncias a sua depressão.
O Brasil não é sério, os grupos políticos ideológicos não são sérios e nem honestos fora de suas próprias conveniências. Então algumas diretas serão encaradas como indiretas. Algumas indiretas serão encaradas como diretas. Tudo depende do interesse de quem está no comando e dos interesses de detenção do poder. O que menos se vê são as diretas encaradas como diretas e as indiretas como indiretas.
Mas vamos as conjecturas: os que defendem eleições indiretas o fazem com base na Constituição de 1988, afirmando que não podemos mudar o que está escrito e consolidado. Se não pode, por que o fizeram em outras oportunidades, quando o seus interesses estavam em jogo? Exemplo: emenda da reeleição.
Os defensores das diretas afirmam que os congressistas não tem legitimidade moral para votarem e serem votados. Nesta lógica, posso falar também que os que já foram desalojados do poder e os citados nas diversas operações e que hoje não ocupam mais cargos públicos, ou estão em exercício político no estado ou município também não tem.
Ai me vem a pergunta: qual a lógica da eleição então? Seja ela indireta ou direta, se o que nos falta não são eleições, mas pessoas com capacidade, honestidade e legitimidade para representar todos os brasileiros além dos interesses individuais, empresarias ou de grupelhos ideológicos. Nosso problema não é eleição, nosso problema é falta de honestidade e competência.
A gente só muda quando quer. Não adianta indiretas, diretas, ou pedir que volte a ser como antes que não volta. E me perdoe ser tão duro assim. Essa paixão eleitoral acaba. O que fica é a realidade. E se o próximo gestor não tiver o compromisso, o respeito, a admiração da maioria, nem direta nem indireta valerá a pena.
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