03 de Dezembro de 2024
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CIDADES Quinta-feira, 07 de Novembro de 2024, 19:12 - A | A

07 de Novembro de 2024, 19h:12 - A | A

CIDADES / INDENIZAÇÃO DE R$ 20 MIL

Donas de creche em VG são condenadas a 1 ano em regime aberto por morte de bebê

Elas também deverão indenizar Karine Aparecida de Camargo, mãe da vítima, em R$ 20 mil

Christinny dos Santos
Única News



As empresárias Hannah Claudia e Lohaine Cristina Santana Figueiredo foram condenadas a apenas 1 ano de prisão em regime aberto pela morte do bebê Vicente Camargo, que morreu após ser derrubado por elas, na creche Espaço Criança Feliz, em Várzea Grande, em abril deste ano. Elas também deverão indenizar Karine Aparecida de Camargo, mãe do bebê, em R$ 20 mil.

Ao contar que foi informada por sua advogada, nessa quarta-feira (6), sobre a sentença de primeira instância, Karine usou as redes sociais para desabafar, lembrando toda a dor que sentiu no dia em que o filho morreu. Ela manifestou sua indignação com a condenação imposta às donas da creche.

Vicente morreu em decorrência de um traumatismo craniano. À polícia, umas das proprietárias confessou que o bebê de apenas 5 meses foi derrubado durante o banho e bateu a cabeça na quina de uma banheira, o que ocasionou sua morte. Em junho deste ano, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) ofereceu denúncia contra Hannah e Lohaine por homicídio culposo — quando não há intenção de matar. Foi requerida também indenização de R$ 50 mil.

Karine inicia o desabafo contando, com dificuldade, sobre o último dia que teve com seu filho. “Ele acordou como todos os outros dias, mamãe arrumou as coisinhas, a mochila, trocou a fralda, ele mamou. Ele estava sorridente. Eu fui me arrumar, brinquei um pouquinho com ele. Aquele último sorriso, aquela última gargalhadinha”, fala, em meio às lágrimas.

“Naquele dia, eu deixei ele na creche achando que eu teria ele de volta. Eu deixei ele e senti uma necessidade tão grande de dar um abraço bem forte nele. Me lembro como se fosse hoje, peguei ele no bebê conforto, dei um abraço tão grande nele, beijei ele, entreguei ele e fui trabalhar. Se eu soubesse…”, completa ela ainda chorando.

Karine relembra ainda que sua intuição, que vem da conexão materna, a deixou preocupada naquela tarde: “Eu deixei ele na creche, deu duas e pouco da tarde e eu senti uma aflição tão grande no meu peito, uma angústia tão grande. Eu não sabia o que poderia ser e mandei uma mensagem para a creche perguntando dele, mas não tive respostas”.

Por volta das 16h, Karine recebeu uma ligação “corre mãe, seu filho não está bem”, no fundo, ela ouviu alguém gritando “ele não está respirando”, contou.

A jovem mãe conta ainda que foi até o hospital e logo viu seu filho sendo reanimado e se desesperou e começou a pensar: “Meu filho estava bem, eu deixei ele bem, por que ele está sendo reanimado? Por que ele está nessa maca? Naquela hora eu só queria que meu filho saísse vivo, eu não sabia o que estava acontecendo, me falaram que ele tinha se engasgado e no final não foi nada disso”.

Diante da dor de ver o filho o entre a vida e a morte, Karine conta que se desesperou, teve uma crise de pânico e chegou a sentir que estava morrendo. Quando soube que Vicente não resistiu, ela desabou.

“Quando o médico entrou na sala, abaixou a cabeça e disse a frase que nenhuma mãe deveria ouvir ‘mãe a gente fez de tudo’… Naquela hora, meu Deus, eu não sabia… Eu queria morrer junto, gritava, gritava. Eu só queria o meu filho vivo, eu só queria isso. Eu não sabia o que fazer, eu só queria ter ido junto. Eu peguei ele no colo… deixei ele na creche todo limpinho e me entregaram meu filho todo sujo, com a roupinha toda suja. Ele estava feito cocô e eu tive que limpar, a última limpada. Eu limpei o meu filho todo sujo sem vida”, desabafou Karine, em meio aos soluços.

Ainda que não precise, Karine sente-se constrangida e se desculpa pelo desabafo. “Tá tão doendo aqui dentro e a dor ficou ainda maior pela impunidade”, diz.

“Depois de idas à delegacia, protestos, ao fórum, as emissoras para pedir ajuda e conversas com advogado, para mim, a vida acabou. […] Para, no final, as donas da creche receber somente um ano de regime aberto e pagar uma indenização de R$ 20 mil. Essa é a nossa justiça. E a minha dor, a vida do meu filho que foi ceifada, que tinha tudo pela frente. Não dói em ninguém como dói em mim”, disse a mãe do bebê, expressando sua dor.

Por fim, Karine lamentou ainda a falta de seu filho, que completaria um ano de vida no próximo domingo, 10 de novembro. Infelizmente, ele não estará presente.

Entenda

Conforme a denúncia feita pelo MP, Vicente foi deixado sob os cuidado de Hanna por volta de 06h40 da manhã. A proprietária, então, o entregou a uma cuidadora. Mais tarde, ela alimentou Vicente com uma mamadeira e o deitou em um colchão para dormir, o deixando sob a guarda de outra cuidadora para ir almoçar.

Na volta do almoço, às 14h30, durante uma troca de fraldas, a cuidadora inicialmente responsável por Vicente percebeu que ele não estava bem, apresentando moleza e aspecto amarelado. Com a ausência de Hannah - única pessoa na creche que possuía curso de primeiros socorros — a funcionária levou o bebê para que a outra patroa, Lohaine, fizesse os primeiros socorros. Neste momento, "o estado de saúde de Vicente já havia se agravado, apresentando além do semblante amarelado, dedos e boca roxa", diz o MP.

Ainda segundo o MP, ao tentar realizar o procedimento de primeiros-socorros, às 15h04 Lohaine errou a manobra que tentava executar para salvar o bebê, virou Vicente e, em razão de sua inexperiência, bateu sua cabeça em uma quina, existente entre uma pia de preparar mamadeiras e um trocador, causando-lhe traumatismo cranioencefálico.

O relato de Karine foi publicado nos storys da página do Instagram Justiça por Vicente.

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