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CIDADES Sexta-feira, 12 de Outubro de 2018, 12:30 - A | A

12 de Outubro de 2018, 12h:30 - A | A

CIDADES / SOMENTE ESTE ANO EM MT

Violência sexual em crianças e adolescentes chegam a registrar mais de 1.200 casos

Claryssa Amorim



(Foto: Garo/Phanie/AFP/Arquivo)

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Em um ano, Mato Grosso teve um aumento de pouco mais de 40% se tratando de violências sexuais contra e adolescentes, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT). Somente este ano, já foram registrados 1.252 casos de violência sexual, sendo 869 com o maior número de estupro de menor e pelo menos 79 de assédio sexual.

 

A maioria das ocorrências, tanto com crianças quanto com adolescentes, ocorreu dentro de casa, sendo os agressores pessoas do convívio das vítimas, como padrastos. Estudos mostram que a maioria dessas violências é praticada mais de uma vez.

 

Já a tentativa de estupro, este ano, os números chegam a marcar 157 registros. Estupros de jovens, fica em 152 casos registrados. No mesmo período de 2017, os números de violência sexual, seja estupro de vulnerável, tentativa ou abusos sexuais, marcaram mais de 1.160 casos. 

 

Para Itamar Gonçalves da ONG Childhood Brasil, que trabalha para promover o empenho de governos e sociedade civil em combater a violência sexual contra crianças e adolescentes, faltam no Brasil ações de prevenção que trabalhem com temas como o conhecimento do corpo, questões culturais de gênero e em especial as que dizem respeito aos padrões adotados de feminilidade e masculinidade.

 

"Para mudar este cenário é importante criar ambientes que sejam acolhedores e inclusivos nos espaços frequentados pelas crianças e adolescentes, nas famílias, escola, igrejas... Um trabalho de prevenção se faz com informação, especialmente sobre o funcionamento do corpo, a construção da sexualidade, visando empoderar nossas crianças",  explicou Itamar.

 

No ano passado, a Unicef Brasil divulgou um relatório de violência sexual, se tratando de crianças e adolescentes, entre 10 e 19 anos, onde a cada 7 minutos em qualquer lugar do mundo, seja violência sexual ou até vítima de homicídio, um menor morre.

 

Ainda conforme a Unicef, até hoje, 2015 está em 1º lugar no ranking que mais registrou violência contra crianças e adolescentes. Mais de 82 mil meninos e meninas, entre 10 e 19 anos sofreram algum tipo de violência sexual, violência doméstica ou vítimas de homicídio.

 

De acordo com a Unicef, Todas as crianças e todos os adolescentes têm o direito de ser protegidos contra qualquer tipo de violência, seja aquela que acontece no ambiente familiar, na comunidade, em consequência de conflitos armados ou de violência urbana. Todas as formas de violência vivenciadas por meninas e meninos, independentemente da natureza ou gravidade do ato, são prejudiciais.

 

Além da dor e do sofrimento que causa, a violência mina o senso de autoestima das crianças e dos adolescentes. Muitos estudos demostram uma alta probabilidade de que meninas e meninos vítimas de violência ou expostas a ela utilizem violência para solucionar disputas e conflitos quando forem adultos.

 

Violência sexual contra meninas e meninos:

  • Em todo o mundo, cerca de 15 milhões de adolescentes meninas, de 15 a 19 anos, foram vítimas de relações sexuais ou outros atos sexuais forçados.
  • Apenas 1% das adolescentes que sofreram violência sexual disseram que buscaram ajuda profissional.
  • Nos 28 países com dados disponíveis, em média 90% disseram que o perpetrador do primeiro incidente era um conhecido.

O estupro

 

O Ministério da Saúde considera violência sexual, os casos de assédio, estupro, pornografia infantil e exploração sexual. Dentre as violências sofridas por crianças e adolescentes, o tipo mais notificado foi o estupro (62,0% em crianças e 70,4% em adolescentes).

 

Pela lei brasileira o estupro é classificado como o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. 

 

Os mais vulneráveis

 

(Foto: Roos Koole/ANP/Arquivo)

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Dentre os números, chama atenção a vulnerabilidade dos mais jovens. Entre as crianças, o maior número de casos de violência sexual acontece com crianças entre 1 e 5 anos (51,2%). Já entre os adolescentes, com os jovens entre 10 e 14 anos (67,8%).

 

Crianças e adolescentes do sexo feminino também são maioria entre as vítimas de violência sexual. Representam 74,2% dentre as crianças e um número ainda maior dentre as adolescentes: 92,4%.

 

Como identificar uma vítima

 

(Foto: Reprodução/Web)

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Childhood Brasil listou 10 sinais que ajudam a identificar possíveis casos de abuso sexual infanto-juvenil.

 

·         Mudanças de comportamento: O primeiro sinal é uma possível mudança no padrão de comportamento da criança. Essa alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada. Em algumas situações a mudança de comportamento é em relação a uma pessoa ou a uma atividade em específico.

 

·         Proximidades excessivas: A violência costuma ser praticada por pessoas da família ou próximas da família na maioria dos casos. O abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a confiança fazendo com que ela se cale.

 

·         Comportamentos infantis repentinos: Se o jovem voltar a ter comportamentos infantis, os quais já abandonou anteriormente, é um indicativo de que algo esteja errado.

 

·         Silêncio predominante: Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças de violência física e mental, além de chantagens. É normal também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de material para construir uma boa relação com a vítima. É essencial explicar à criança que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com pessoas de confiança, como o pai e a mãe, por exemplo.

 

·         Mudanças de hábito súbitas: Uma criança vítima de violência, abuso ou exploração também apresenta alterações de hábito repentinas. O sono, falta de concentração, aparência descuidada, entre outros, são indicativos de que algo está errado.

 

·         Comportamentos sexuais: Crianças que apresentam um interesse por questões sexuais ou que façam brincadeiras de cunho sexual e usam palavras ou desenhos que se referem às partes íntimas podem estar indicando uma situação de abuso.

 

·         Traumatismos físicos: Os vestígios mais óbvios de violência sexual em menores de idade são questões físicas como marcas de agressão, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Essas são as principais manifestações que podem ser usadas como provas à Justiça.

 

·         Enfermidades psicossomáticas: São problemas de saúde, sem aparente causa clínica, como dor de cabeça, erupções na pele, vômitos e dificuldades digestivas, que na realidade têm fundo psicológico e emocional.

 

·         Negligência: Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Uma criança que passa horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família estará em situação de maior vulnerabilidade.

 

·         Frequência escolar: Observar queda injustificada na frequência escolar ou baixo rendimento causado por dificuldade de concentração e aprendizagem. Outro ponto a estar atento é a pouca participação em atividades escolares e a tendência de isolamento social.

As crianças são as maiores vítimas de estupro no Brasil, segundo o Atlas da Violência de 2018 . O estudo, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), aponta que 50,9% dos casos registrados de estupro em 2016 foram cometidos contra menores de 13 anos de idade. Além disso, em 32,1% dos casos, as vítimas foram adultos, e em 17%, adolescentes.

 

(Com dados da Unicef e G1)

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