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Da Redação
O advogado e vereador por Rondonópolis (218 Km de Cuiabá) Dr. Ary Campos (PT) teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) por suspeita de ter sua campanha financiada pela facção criminosa Comando Vermelho nas eleições municipais de 2024. Além da perda da vaga, a Justiça eleitoral também declarou o jurista inelegível por 8 anos.
Ary foi um dos alvos da Operação Infiltrados, deflagrada às vésperas das eleições do ano passado, em 27 de setembro, pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) de Rondonópolis e que investigou um grupo de faccionados envolvidos com crimes de lavagem de dinheiro e associação para o tráfico de entorpecentes.
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Na representação ao TRE, o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) revelou que o envolvimento de Ary com a organização criminosa foi comprovado através de conversas extraídas de dois aparelhos de celular desbloqueados, encontrados por policiais penais com detentos da Penitenciária Major Eldo Sá, a “Mata Grande”, em Rondonópolis.
Conforme o laudo da perícia feita nos dois aparelhos, foi constatado que existia uma imposição dos "irmãos" - termo usado por faccionados para se referirem a integrantes da organização criminosa - para que cada membro da facção dentro e fora da prisão conseguisse ao menos quatro votos para o candidato Ary Campos, determinando ainda que fossem catalogados o nome completo do eleitor, endereço, telefone, local de votação e fotografia do título eleitoral, contendo dados como a seção e número do documento, para fins de controle da facção.
"É. Tem que passar o número aqui do título do eleitor, a seção, essas ‘parada’ aí tudo. Aí vai precisar do número da sua documentação, do título de eleitor e ‘da onde cê’ vota, essas ‘parada’ assim, porque esse ano, ‘nós tem’ que ganhar, ‘nós tem’ que representar o nosso vereador aí, entendeu? [Sic.]", cita um dos detentos em trecho das conversas.
"Eu preciso que ‘cê’ vai dar o nome e o título de eleitor para ‘cê’ representar eu lá, cara. Porque aqui [na cadeia] cada um preso tem que arrumar 4 pessoas. E falar a verdade ‘procê’, eu como eu sou de fora, eu arrumando uma [família] aqui eu já me livro, entende? Senão, o bagulho vai car estreito aqui", cita um dos integrantes da facção em outro trecho.
Além da captação ilícita de votos, segundo as investigações, a facção também determinou o recrutamento de apoio financeiro de lojistas de Rondonópolis, os quais foram forçados a pagar mensalmente à organização criminosa uma “taxa de segurança” ao grupo e os valores arrecadados, segundo o MP, foi utilizado para a campanha de Ary Campos, que acabou eleito com 1.960 votos.
Segundo o MPE, a extorsão promovida pelos membros do Comando Vermelho ficou evidente quando um membro da organização entrou em contato com a proprietária de uma conveniência e pediu apoio com recursos para uma reunião de campanha de Ary, divulgada na própria rede social do candidato.
“Se apurou que a escolha do nome do candidato Ary Campos foi uma decisão coletiva dos membros da facção criminosa de inseri-lo na política, a fim de conciliar os interesses da organização. Relata que as reuniões de campanha do candidato ARY CAMPOS foram financiadas com dinheiro de lojistas que pagam a ‘taxa de segurança’ à organização criminosa”, pontuou o TRE-MT na decisão.
PT IRÁ RECORRER
Em nota, o Diretório Municipal do PT de Rondonópolis disse que irá recorrer da sentença às instâncias superiores e que sentem confiança na reversão do caso.
Além disso, a agremiação acredita que a cassação de Ary Campos reflete ainda um cenário de perseguição política e judicial a lideranças populares e progressistas e, sem citar nomes, enfatizaram que lideranças políticas do município estão usando o Judiciário para frear o avanço do grupo político.
Reprodução | Polícia Civil

A OPERAÇÃO
Deflagrada nas primeiras horas do dia 27 de setembro do ano passado, além do então candidato a vereador, as investigações miraram um grupo de faccionados envolvidos com crimes de lavagem de dinheiro e associação para o tráfico de entorpecentes em 21 bairros da cidade de Rondonópolis.
Além de Rondonópolis, os mandados judiciais, um total de 73 ordens, entre mandados de prisão, busca e apreensão e medidas cautelares foram cumpridos nas cidades de Água Boa, Barra do Garças, Campinápolis, Guiratinga, Lucas do Rio Verde e Pedra Preta.
Também esteve entre os alvos da Operação está a Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (AFAR), onde os policiais prenderam aproximadamente R$ 17 mil em espécie.
A associação em questão também foi alvo da Operação Armadillo, deflagrada em janeiro de 2023 pela Gerencia de Combate ao Crime Organizado (GCCO e que investigou uma tentativa de fuga em massa de presos da Penitenciária Central do Estado (PCE) em 2022.
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