Cuiabá, 25 de Maio de 2024

JUDICIÁRIO Quarta-feira, 20 de Abril de 2022, 10:15 - A | A

20 de Abril de 2022, 10h:15 - A | A

JUDICIÁRIO / CODINOME “ÍNDIO”

Ex-secretário fazia parte de 1º escalão do tráfico; organização tinha integrante do PCC

Thays Amorim
Única News



O ex-secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci) Nilton Borgato, fazia parte do primeiro escalão de uma bem estrutura organização de tráfico internacional de cocaína, segundo as investigações da Polícia Federal. Um dos principais investigados no inquérito, Marcelo Lemos, também fazia parte do grupo e é apontado como integrante do alto escalão da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

Nilton, dentre outros investigados, foi alvo da Operação Descobrimento, deflagrada pela PF na última terça-feira (19). Nas decisões da Justiça Federal da Bahia, ao qual o Única News teve acesso, o ex-secretário é mencionado pelos outros membros da organização como “Índio”.

LEIA MAIS: Ex-secretário e lobista já tinham enviado 5 remessas internacionais de cocaína

O ex-secretário era responsável pela organização dos voos internacionais entre o Brasil e países europeus, especificamente Portugal, para o transporte da droga. Além do tráfico, Borgato também atuava com outros membros da organização no comércio de produtos da Covid-19, como respiradores, máscaras e testes.

Os agentes da PF chegaram até “Índio” pelas conversas entre o lobista Rowles Magalhães, ex-assessor do ex-governador Silval Barbosa, e Cláudio Rocha Junior. Em um dos diálogos interceptados, Rowles manda prints das mensagens que está enviando ao “Índio”, sendo que o contato possui a foto de Nilton.

A operação teve duas decisões: uma em março de 2022, quando o juiz Fábio Roque da Silva Araújo, da 2ª Vara Criminal da Bahia, negou a prisão preventiva de Nilton, por falta de provas do seu envolvimento na organização, e, posteriormente, uma segunda no dia 11 de abril. A primeira determinação não foi cumprida porque a PF pediu um novo prazo para a continuidade das investigações.

Na nova análise dos autos, o magistrado pontuou que a participação de Nilton, apelidado por “Índio”, foi comprovada pela interceptação telefônica dos investigados.

“Com o intuito de embasar o presente e novo pedido de prisão preventiva contra Nilton Borgato, a informação Policial n. 49/2021, de ID 974220184, apresentou alguns elementos, visando comprovar que a pessoa mencionada nas conversas interceptadas envolvendo os membros da ORCRIM, partiu do celular de Nilton Borgato, também conhecido, segundo a PF, como ÍNDIO. Os elementos foram colhidos, segundo a PF, a partir de nova análise dos dados telemáticos”, aponta trecho da decisão.

Em seu número pessoal, o ex-secretário conversava com outros membros da organização criminosa e um encontro entre Rowles e Ricardo Agostinho – sócio de Rowles e um dos organizadores dos voos internacionais – teria confirmado que ‘Índio’, na verdade, se tratava do ex-secretário.

“O fato da linha telefônica que aparece nas interceptações estar registrada em nome do investigado Nilton Borgato, somado à página do seu facebook (ID 97439160- p.6,) onde consta o mesmo número de telefone não deixa dúvida de que o Índio, cujas conversas foram interceptadas com os demais elementos da ORCRIM, trata-se, de fato, de NILTON BORGES BORGATO. Ademais, na agenda do investigado Rowles Magalhães consta não só o número registrado em nome de Nilton, como também, a sua fotografia”, aponta as investigações.

A operação

As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador (BA) para abastecimento. Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.

A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).

Na residência de Borgato, foram encontrados vários itens de luxo, como bolsas, U$$ 4 mil em dólares, R$ 29,3 mil e diversos diamantes - que estavam escondidos em baixo da cama do ex-secretário.

O ex-chefe da Seciteci foi exonerado do alto escalão do Palácio Paiaguás no dia 31 de março, para disputar uma vaga na Câmara Federal.

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