Christinny dos Santos
Única News
Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e as filhas dela, Miliani, de 19, Manuela, 13, e Melissa Calvi Cardoso, 10, foram vítimas do crime brutal que chocou Mato Grosso e todo o país, em novembro de 2023. Elas foram assassinadas pelo pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos. O maníaco ainda estuprou a mãe e as duas filhas mais velhas, enquanto elas agonizavam. Marido da dona de casa e pai das meninas, Regivaldo Batista Cardoso diz que tenta perdoar o assassino, mas que não consegue olhar para ele, pois na verdade, tem vontade de matá-lo. “Vítima viva”, ele diz que "vive por viver", sem vontade ou objetivos.
Gilberto foi denunciado pela 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Sorriso por quatro homicídios qualificados e três estupros. Ele irá a júri popular, mas, um ano e meio após o crime, ainda aguarda julgamento.
A trabalho, Regivaldo estava no Paraná quando teve contato com a esposa por telefone pela última vez. Depois de dois dias sem reposta de Cleci ou das filhas, ele contatou a polícia e pediu que fossem até sua casa, mas tudo parecia bem: o carro estava no local, os cachorros também e até o ar-condicionado estava ligado. Apenas em uma segunda visita das autoridades, quando tudo permanecia inalterado, foi que as vítimas foram encontradas mortas, caídas dentro da casa onde moravam. O caminhoneiro ainda não havia voltado para casa quando foi informado que sua família foi vítima do crime que ficou conhecido como “Chacina de Sorriso”.
Regivaldo diz que até hoje não consegue olhar para Gilberto, mesmo pela televisão ou internet, e prefere encará-lo pessoalmente. “Eu não olhei para ele, eu não cheguei a olhar para aquele cara direito. Eu quero ver ele pessoalmente. Eu não consigo olhar para ele em foto, em imagem. Eu quero ver ele pessoalmente. Eu não sei qual vai ser a minha reação, mas eu quero ver ele pessoalmente”, disse em entrevista ao jornalista Beto Ribeiro, do Canal Crime, Comportamento e Mistério, no YouTube.
Durante a entrevista, Regivaldo diz que vive uma briga constante dentro de si. Sempre que fecha os olhos vê sua família, sente ódio de Gilberto, mas, como cristão, enfrenta o dilema de ter que perdoá-lo. “É uma bagunça que tem na minha mente, eu tenho vontade de fazer muita coisa com esse cara. […] Eu sinto ódio dele. Eu sou cristão e isso me abala muito porque a Bíblia diz que a gente tem quer perdoar, mas é uma coisa que nesse sentido é muito difícil”, confessa.
O caminhoneiro sente, sobretudo, pela forma como sua esposa e filhas foram agredidas, afinal de contas, ele diz que não tinha costume de bater nelas, nem mesmo com pretexto de educar. Relembra ainda o contraste da violência que sofreram, com a vida que pretendiam levar quando fossem mais velhas.
“Eu nunca encostei o dedo nas minhas filhas para machucar elas, nunca fui de bater para educar, não precisava disso. Aí vem um filho do satanás desse e leva elas embora assim… Cheias de vida, de vontade de fazer as coisas, de sonhos. Pensavam em ter família, em ter filhos. Meninas com pensamento nobre e aí vem uma desgraça dessa e tira elas assim”, lamentou Regivaldo.
São pensamentos como esse que consomem Regivaldo. Por mais que ele tenha vontade de seguir seus princípios, aqueles ensinados por Cristo, ele também odeia Gilberto pelo que fez com sua família e sente vontade de vingar-se com as próprias mãos. “É complicado falar em perdoar. Eu sei, às vezes eu penso: ‘Senhor, eu preciso perdoar’… Eu perdoo internamente, mas a vontade é de matar também”, confessou.
Há um ano e meio convivendo com a ausência forçada da esposa e filhas, Regisvaldo diz que esse sentimento e pensamento o acompanham, pois já não tem nada a perder.
“Eu não tenho mais nada o que perder. Eu não sei a minha reação, qual a minha reação ao ver ele. Mas eu não tenho mais nada a perder, o que é a minha hoje? Viver por viver. Tô vivendo um dia de cada vez, sem vontade. Você entra dentro de casa, sai e volta e não tem um objetivo. Eu não tenho mais um objetivo. […] Se Deus me levar amanhã, me der oportunidade de ir, tá tranquilo”, desabafou.
Chacina de mãe e filhas
O crime foi descoberto no dia 27 de novembro de 2023, uma segunda-feira, após a Polícia Militar ser acionada por vizinhos sobre o desaparecimento das vítimas. Cleci e a filha Miliani, de 19 anos, foram encontradas caídas no corredor da casa. Já os corpos de Manuela e Melissa, de 13 e 10 anos, estavam no quarto. Segundo a perícia, três delas estavam sem roupas.
A Polícia Civil chegou ao criminoso após receber denúncias. Gilberto continuava trabalhando normalmente na obra ao lado da cena do crime, como se nada tivesse acontecido.
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