13 de Maio de 2025
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POLÍCIA Segunda-feira, 12 de Maio de 2025, 17:49 - A | A

12 de Maio de 2025, 17h:49 - A | A

POLÍCIA / DIAS ANTES DO ASSASSINATO

Durante passeio no Manso, Benedito teve crise de ciúmes e manteve mãe de Heloysa trancada

A discussão que o então casal teve no “cativeiro”, que durou apenas algumas horas, foi a última antes da execução do crime que aconteceu em abril deste ano e chocou o estado

Christinny dos Santos
Única News



Durante um passeio com os amigos ao Lago do Manso, Benedito Anunciação Santana manteve Suellen Alencastro de Arruda, mãe da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, de apenas 16 anos, a quem ele mandou matar, em cárcere privado. A discussão que o então casal teve no “cativeiro”, que durou algumas horas, foi a última antes da execução do crime, que aconteceu em abril deste ano e chocou o Estado.

Três pessoas cometeram o crime diretamente. O filho de Benedito, Gustavo Benedito Junior Lara de Santana, de 18 anos, e dois menores de idade: J.L.F.G., de 17 anos. e J.V.P.B., de 16. Os criminosos simularam uma ocorrência de roubo e sequestro na casa no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. Heloysa foi morta estrangulada com um fio de carregador, seu corpo foi enrolado em um lençol, depois pendurado e içado ao fundo de um poço desativado, onde o cadáver foi encontrado, no bairro Ribeirão do Lipa.

Suellen, mãe da adolescente, também estava na casa, foi agredida e deveria ser morta, mas durante o ataque, Benedito desistiu e mandou que a deixassem viva.

Em 19 de abril, Benedito chamou Suellen para passar o “feriadão” de Tiradentes no Manso, a convite de um colega de trabalho. Mesmo receosa, ela disse que aceitou, mas convidou também uma prima. Heloysa ficou na casa da avó materna. Em entrevista ao programa SBT Comunidade, Suellen conta que chegou ao local de madrugada e os problemas começaram logo pela manhã.

Todos que estavam no local foram para o lago. Lá, Benedito começou a ingerir bebida alcoólica e já teria consumido cerca de 15 latas de cerveja, além de destilados, quando decidiram andar de jet ski. Suellen pilotava o veículo, quando o criminoso, que estava em sua garupa, acabou caindo. Este foi o estopim da confusão que a levaria ao cárcere privado.

“Aí ele falou pra mim assim: eu não sei nadar. [Ele] ficou com raiva de mim, porque eu via isso muito nítido no semblante dele, e falou pra mim assim ‘você me derrubou’. Falei, ‘não é que eu derrubou, você escorregou'. Falei pra ele, ‘porque você já bebeu demais e você se soltou da minha cintura e você escorregou, mas não é que eu te derrubei’. Ele ficou com raiva o tempo todo e aquilo, ele tava alimentando aquele desejo, daquela raiva”, contou Suellen.

Logo depois, eles voltaram para o quarto, onde ficaram até a hora do jantar. Quando anoiteceu, Benedito ainda não tinha condições de sair da cama, então Suellen saiu, jantou, serviu a comida em um prato para ele e voltou. Foi aí que a crise de ciúmes começou.

“Ele comeu, aí ele começou a ficar com o olhar fixo, parado, fixo, ele não piscava em cima de mim, parado. Olhando pra mim. E aí eu perguntei pra ele: ‘o que foi’. Ele falou assim pra mim: ‘aonde você estava?’. Eu falei, ‘aqui no quarto’. Ele falou assim, ‘será que você estava aqui?’. Falei, ‘sim, estava aqui’. Aí ele, ‘quem que respondeu as mensagens do meu celular?’ Falei: você”, relatou Suellen, que passou a ser forçada a ficar no quarto a partir daí.

Ela conta que tentou sair para lavar o prato de Benedito, mas ao ver um telão ligado do lado de fora, ele disse que ela não poderia sair, insinuando que ela queria estar com outra pessoa: “Aí ele falou assim, ‘você não vai ficar lá’. Aí eu falei, ‘por quê?’ Aí ele, ‘de novo, você quer ficar com fulano?’ Com um colega de trabalho que estava lá acompanhado da esposa”.

A partir deste momento, Benedito tomou o celular de Suellen e a trancou no quarto.

“Aí ele falou, ‘cadê seu celular?’ Falei ‘está aqui’. Ele foi lá, ele pegou o meu celular, colocou dentro do bolso da bermuda jeans dele e simplesmente trancou a porta, colocou a chave no bolso e eu não saía. Aí eu falei, ‘então me dá pelo meu celular, vou ficar aqui dentro sem fazer nada?. Não vou.’ Eu falei assim pra ele, ‘de novo esse comportamento seu?’”, disse Suellen.

Mesmo sob ameaça, Benedito não devolveu o celular ou permitiu que Suellen deixasse o quarto. Ele inclusive a tirou da janela e tentou apagar a luz, na tentava de que ninguém os visse ou notasse o que estava acontecendo. Então, Suellen precisou realmente gritar pela prima.

“Se você continuar fazendo esse tipo, entendeu, de violência comigo aqui dentro, eu vou gritar, vai ficar feio pra você. Abri a cortina, ele foi lá e fechou. Falei, ‘está todo mundo escutando, todo mundo vendo o seu show. Ridículo isso que você faz. Para, abre a porta'. Ele falou: 'não vou abrir'. Eu subi em cima da cama, ele apagou a luz. Eu fui lá pro cantinho da cama, fiquei agachada em cima da cama e comecei a chamar minha prima”, afirmou Suellen.

Quando a prima de Suellen apareceu na porta, Benedito tentou agir como se nada tivesse acontecido. Foi só quando a parente de Suellen o confrontou e o acusou de violência patrimonial, que ele devolveu o celular de Suellen, mas começou a chorar por horas.

Cansada, Suellen passou a confrontar Benedito. "Aí eu comecei a ficar evidenciando as coisas erradas que ele fazia. E aí, eu já brava e com raiva, falei pra ele: ‘eu vou entregar você pro secretário, você não vai mais me calar’. Ele ficou calado, silenciou.”

Eles voltaram para casa na segunda-feira (21) e no dia seguinte, Suellen e Heloysa foram atacadas na casa onde moravam. Após passar por intenso sofrimento, a adolescente foi deixada dentro de um poço em outro bairro da cidade, enquanto sua mãe procurava atendimento médico ao lado de Benedito, que fingia não saber de nada e se compadecer da dor que ela estava sentindo.

Mandante

Em entrevista antes da audiência de custódia, Benedito ainda tentou culpar a mãe de Heloysa pelo crime, dizendo que ela "pediu" para ele fazer aquilo, por supostamente não aceitar a homossexualidade da filha. No entanto, em depoimento à Polícia Civil, ele nunca citou essa informação. Disse apenas que "queria dar um susto" em mãe e filha, não matar.

Ao concluir as investigações, a Polícia Civil apontou que Benedito enfrentava problemas no namoro com Suellen e agiu por ciúmes e vingança contra Heloysa, que não aprovava o relacionamento da mãe com o bandido.

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