Christinny dos Santos
Única News
Lívia Nery, filha do advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery, morto a tiros em julho de 2024, em Cuiabá, não acredita que a execução do pai tenha custado apenas R$ 200 mil, conforme confessado pelo 3º Sargento PM Heron Teixeira Pena Vieira. Para ela, o valor real é um dos elementos que levarão a uma parte ainda não revelada da história.
Renato Gomes Nery foi baleado na manhã do dia 05 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Pelo menos um, de sete disparos, atingiu a cabeça do advogado, que chegou a ser socorrido e passar por cirurgia, mas morreu no dia seguinte ao atentado.
A empresária destaca que, ainda que a vida do pai seja inestimável, é difícil acreditar que os envolvidos em sua execução tenham agido com objetivo de lucro. Dez pessoas foram presas por envolvimento no crime, entre elas sete policiais militares. E R$ 200 mil parece pouco se comparado à renda que eles já tinham, especialmente considerando que os militares são concursados, na opinião de Lívia.
“Não. Independente, a vida do meu pai não tem valor, mas esse valor divulgado até o momento, eu acho um pouco incoerente, porque se já existem 10 pessoas presas, esse valor dividido por 10 pessoas, dividido por policiais concursados, isso seria muito pouco”, disse, em entrevista o programa Cadeia Neles da TV Vila Real.
Entre os sete militares presos está Heron que, segundo as investigações da Polícia Civil, foi cooptado pelo cabo PM Jackson Pereira Barbosa, mas acabou terceirizando o crime para seu caseiro, Alex Roberto de Queiroz, que executou o crime. O 3º Sargento se entregou às autoridades e, em depoimento, afirmou que o valor combinado foi de R$ 200 mil, o qual teve dificuldade de receber.
Conforme destacado por Lívia, ainda que o valor total fosse dividido em montantes iguais, seria pouco, considerando o padrão financeiro dos presos e ao tipo de crime que se submeteram a realizar. “Eu não acredito que uma pessoa mataria por esse valor. R$ 200 mil dividido por 10 pessoas, dá R$ 20 mil por pessoa. Mas quem sou eu também, né? Eu acho que isso foi parte da investigação que revelou. Pode ter mais coisa aí”, conjecturo a empresária, desconfiada.
O pensamento é, em certa medida, corroborado pelas investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). Conforme o delegado Bruno Abreu, não está descartada a hipótese de que Jackson tenha dado um “calote” em Heron e recebido do casal apontado como mandante um valor muito além do que foi combinado com o 3º sargento. “"Ele [Heron] não recebia. Ele foi em Primavera várias vezes, até que não aguentou. Ele [Jackson] ia dar um calote nele. Eu acredito que o Jackson pegou esse dinheiro, gastou e não pagou”, pontuou o delegado sobre versão que está sendo investigada pela DHPP.
Mandantes
Foram apontados como mandantes do crime o casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, empresários de Primavera do Leste. Os dois seriam parte envolvida em disputa de uma terra de 12.413 hectares no leste do estado, na qual Nery advogou e teria recebido uma área de 2.579 hectares como pagamento de seus honorários.
Nery advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.
Militares envolvidos
Durante as investigações, sete policias foram presos por envolvimento no crime. Dois deles são Heron e Jackson, vizinho do casal que encomendou a morte do advogado. O terceiro é o soldado Ícaro Nathan Santos Ferreira, integrante da equipe de Inteligência do Batalhão da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), que foi preso na mesma fase da operação Office Crime que teve como alvo também o cabo PM de Primavera do Leste.
Os outros quatro estão ligados a Heron. São eles: o 3º Sargento Leandro Cardoso, o soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira, o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos e o sargento Jorge Rodrigo Martins.
Está preso também o caseiro de Heron, Alex Roberto de Queiroz Silva, autor do disparo de arma de fogo que atingiu e matou Renato Nery.
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