Christinny dos Santos
Única News
Lívia Nery, filha de advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Nery, acredita que há outros mandantes envolvidos na disputa de terra que levou a execução do jurista em julho de 2024. Foram presos como responsáveis por encomendar a execução, o casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, partes envolvidas na disputa judicial de terras das quais o bacharel teria parte.
Dezoito dias antes de ser executado, Nery procurou a OAB e registrou uma denúncia contra um colega de profissão. Renato acusou o colega de se apropriar e negociar uma área de 2.579 hectares, que ele havia recebido como honorários de uma de reintegração de posse de uma terra de 12.413 hectares, localizada no leste do estado.
Lívia enfatiza que, embora as investigações da Polícia Civil tenham colhido provas sólidas do envolvimento do casal, a disputa pelas terras envolve uma família inteira no processo de disputa.
“Nós não temos como afirmar. Pelo que já tem as provas, eles estão fortemente envolvidos na morte. Mas que eles sejam os únicos mandantes, eu acho pouco provável, porque era uma terra que envolvia a família toda, e não somente o casal”, afirmou, em entrevista o programa Cadeia Neles da TV Vila Real.
Embora não possa afirmar, o conhecimento que Lívia tem do caso indica que várias pessoas ocupam ou ocuparam parte da área e buscam o direito de permanência. O número de envolvidos dificulta crer que apenas duas pessoas tenham ordenado o crime.
“Envolvia os irmãos do marido, envolvia toda a família. E ali eram posseiros que passaram várias famílias. Então, assim, eu não acredito que eles seriam os únicos que pegariam isso à frente para fazer. Isso daí deve ter outras pessoas que colaboraram por trás. Isso é o que a gente acredita, não tem como afirmar.”
Outro ponto que intriga Lívia é fato de que o casal teria que ter muita influência para conseguir contratar tantos militares - sete foram presos -, questionando também o porquê do número de envolvidos.
“Eu não acredito que um casal assim teria influência para contratar tantos policiais para um assassinato. Se existem, só como assassinos, vários, os mandantes não seriam só dois. E o que nos surpreende também muito é: por que tantas pessoas envolvidas nesse crime”, indagou a filha de Nery.
Diante das suspeitas, Lívia crê o caso ainda não foi encerrado e que elementos reunidos nos depoimentos dos presos levarão a uma parte ainda não perscrutada da história: "Eu acho que ele está na metade. Não acho que encerra, não. Eu acho que haverão desdobramentos com esses depoimentos, com o decorrer das investigações. Não acredito que encerra neles”.
Crime e mandantes
Renato Gomes Nery foi baleado na manhã do dia 05 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Pelo menos um, de sete disparos, atingiu a cabeça do advogado, que chegou a ser socorrido e passar por cirurgia, mas morreu no dia seguinte ao atentado.
Foram apontados como mandantes do crime o casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, empresários de Primavera do Leste. Os dois seriam parte envolvida em disputa de uma terra de 12.413 hectares no leste do estado, na qual Nery advogou e teria direito a uma área de 2.579 hectares como pagamento de seus honorários.
Nery advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.
Militares envolvidos
Durante as investigações foram sete policias foram presos por envolvimento no crime. Dois deles são 3º Sargento PM Heron Teixeira Pena Vieira e o cabo PM Jackson Pereira Barbosa, vizinho do casal que encomendou a morte do advogado. O terceiro é o soldado Ícaro Nathan Santos Ferreira, integrante da equipe de Inteligência do Batalhão da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), que foi preso na mesma fase da operação Office Crime que teve como alvo também o cabo PM.
Os outros quatro estão ligados a Heron. São eles: o 3º Sargento Leandro Cardoso, o soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira, o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos e o sargento Jorge Rodrigo Martins.
Está preso também o caseiro de Heron, Alex Roberto de Queiroz Silva, autor do disparo de arma de fogo que atingiu e matou Renato Nery.
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