Cuiabá, 26 de Abril de 2024

POLÍCIA Sábado, 20 de Fevereiro de 2021, 09:41 - A | A

20 de Fevereiro de 2021, 09h:41 - A | A

POLÍCIA / MORREU POR R$ 1.250

Polícia revela últimos minutos de empresária morta e dá investigação como encerrada

Assessoria
Única News



Uma dívida de pouco mais de R$ 1.250 foi apontada pela Polícia Civil como a motivação para o homicídio cometido contra a empresária Rosemeire Soares Perin, 52 anos, que estava desaparecida há dois dias, em Cuiabá. O corpo foi localizado na quinta-feira (18), em uma estrada de acesso ao distrito de Passagem da Conceição, em Várzea Grande. Duas pessoas foram autuadas em flagrante pelo crime, um deles o suspeito que confessou o homicídio em depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Capital, unidade responsável pela investigação.

Responsável pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, o delegado Fausto Freitas informou que a equipe da delegacia trabalhou a partir do registro da ocorrência de desaparecimento da empresária para esclarecer o que ocorreu com a vítima desde que ela saiu de casa para trabalhar, em seu veículo, um HB20, na terça-feira (16), do bairro Dr. Fábio, na Capital, e não deu mais notícias aos familiares.As circunstâncias e motivação do crime foram apuradas pela equipe da delegacia especializada e informadas à imprensa nesta sexta-feira (19), durante coletiva com os delegados Fausto Freitas, titular da DHPP e Marcel Oliveira. A investigação sobre o homicídio qualificado e ocultação de cadáver, entre outros crimes conexos, segue com diligências para apurar informações necessárias ao inquérito policial que será presidido pelo delegado Caio Fernando Albuquerque.

A equipe do NPD realizou diligências, ouviu familiares e levantou informações. Na quinta-feira à tarde, a delegacia recebeu informação de que o corpo da empresária foi encontrado próximo a um barranco, na estrada da Guarita, em Várzea Grande.

Cobrança de dívida

Rosemeire trabalhava há mais de 10 anos com a venda de produtos e embalagens para festas, máquina de sorvetes e outros equipamentos do ramo. Na terça-feira, ela foi até Várzea Grande para entregar um produto que o autor do homicídio havia adquirido e cobrar uma dívida. A vítima já tinha uma relação de comerciante e cliente com o suspeito, cuja família trabalhava há dez anos com a venda de sorvetes. E recentemente ele decidiu voltar a trabalhar com sorvetes.

O delegado Marcel Oliveira explicou que em março de 2020, o suspeito comprou uma máquina de sorvete de Rosemeire no valor de R$ 7 mil, que posteriormente apresentou problema e precisou passar por manutenção, que ela mesma realizou. Do valor da manutenção da máquina, com a qual vendia sorvete em um supermercado, ele ficou devendo uma parte, e depois comprou mais um equipamento, um batedor de milk shake, e embalagens.

A empresária então foi até à quitinete do suspeito mora, no Jardim Paula I, em Várzea Grande, para fazer o teste do batedor adquirido por ele e cobrou os valores devidos. O suspeito não gostou de ser cobrado e deu um golpe que a deixou desacordada, amarrou a vítima com fita adesiva e a amordaçou. Passado um tempo, ela despertou e, segundo o suspeito declarou, em um momento de suposto desespero por receio de retornar ao regime fechado (cumpria medida cautelar da Justiça no regime semiaberto), ele pegou uma faca de cozinha e golpeou o pescoço da vítima.

Depois de cometer o crime dentro do quarto, conforme apontou levantamento da Perícia Oficial, o suspeito procurou um parente e pediu ajuda, mas não conseguiu. A Polícia Civil apurou que esse familiar sequer sabia o que havia ocorrido.

O autor confesso do crime procurou então a ajuda de outra pessoa, com quem já havia trabalhado em um lava-jato, para ocultar o corpo de Rosemeire. Por volta das 22h do dia da terça-feira, eles voltaram à quitinete, enrolaram o corpo em um lençol, uma lona e um edredom, e depois seguiram até a região da estrada da Guarita, onde jogaram o cadáver em um barranco.

Ocultação do corpo

Conforme o delegado Marcel, após cometer o crime, o autor do homicídio se apossou do carro da vítima.

Em diligências na quinta-feira, uma equipe da do Batalhão da Rotam abordou o veículo, que era conduzido pelo suspeito. Com ele estava também a carteira de habilitação da vítima. Conduzido à DHPP, em um primeiro depoimento ele deu informações contraditórias e negou. Depois, acabou confessando o que acreditou que seria um crime ‘perfeito’ e informou que recebeu ajuda de uma segunda pessoa.

Com a localização do corpo e a condução do suspeito, as equipes da DHPP continuaram com as diligências para apurar mais informações que levassem ao esclarecimento das circunstâncias e motivo do crime.

O segundo suspeito, que deu apoio para o transporte e ocultação do corpo, foi detido ainda na quinta-feira também por uma equipe da Rotam. Na delegacia, ele negou que tivesse cometido o crime, inclusive o tráfico de drogas pelo qual foi detido também em flagrante, e que não teve qualquer participação na ocultação do corpo de Rosemeire.

A DHPP apurou que o segundo suspeito era conhecido do autor do homicídio e de quem teria supostamente recebido promessa de vantagem para ajudar a esconder o cadáver. No carro dele foram localizados pacotes de cal, que alegou que usaria na pintura do lava-jato.

Evidências

Uma equipe de peritos da Politec acompanhou todos os procedimentos no local onde foi encontrado o corpo e na coleta de evidências na quitinete onde a vítima foi morta. “A perícia realizada na residência reuniu provas irrefutáveis para o inquérito, além de outros indícios coletados durante as diligências. A cena de crime estava em detalhes”, informou Marcel.  

O perito Daniel Soares explicou que na quitinete, um ambiente com peças contíguas, foram encontrados vestígios materiais nas paredes do quarto, porta de entrada, além de manchas em outros locais. A aplicação do luminol mostrou a presença de sangue humano em todos os ambientes, indicando que o corpo da vítima foi arrastado.

Foram coletadas amostras na faca usada e também no suspeito para realização de exame de confronto de DNA. A apuração levantou ainda que a vítima foi morta entre 15 e 7h da terça-feira, pois até o meio da tarde ainda manteve contato com a família.

Ainda serão apuradas pela DHPP outras informações necessárias ao esclarecimento do crime e os celulares apreendidos serão periciados.O delegado esclareceu ainda que as evidências coletadas não apontam para o cometimento de crime sexual contra a vítima. “Essa suspeita surgiu, inicialmente, em decorrência do histórico do suspeito, mas não há indícios de prática sexual. Porém, diante dos padrões de investigação adotados, sempre solicitamos todos os exames periciais”.

O autor do crime foi autuado em flagrante pelo crime de ocultação de cadáver e homicídio qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa, asfixia e tortura e meio cruel), além de furto qualificado (se apossou do carro da vítima). Outros crimes conexos podem surgir no decorrer do inquérito.

Já o segundo homem preso foi autuado em flagrante por tráfico de drogas, resistência e ocultação de cadáver. A DHPP representará pela conversão do flagrante de ambos em prisão preventiva.

Os dois foram encaminhados à unidade prisional do Capão Grande.

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