Rayane Alves
(Foto: Reprodução)

Com diversos escândalos ocorrendo em Mato Grosso e em nível nacional, o brasileiro já não esconde que está cada dia menos confiante na classe política.
Pesquisa recente elaborada pelo Fórum Econômico Mundial revela que o Brasil lidera o ranking - entre 137 países avaliados -, quando se trata da baixa confiabilidade da população em seus representantes políticos.
Em 2008, o Brasil era o 122º colocado entre 134 economias avaliadas; em 2013, o País ocupava a 136ª posição nos critérios que mediam a confiança pública nos políticos, de um total de 148 países avaliados.
Roger Perisson/ Única News

Em Cuiabá, a situação também não está diferente. A equipe de reportagem do Site Única News foi às ruas para saber o que pensam os cuiabanos após a delação premiada do ex-governador peemedebista, Silval Barbosa, que coloca grande parte dos políticos de Mato Grosso na berlinda. Ou melhor, como se boa parte deles fizesse parte do esquema bilionário instalado no Palácio Paiaguás, quando governou o Estado.
A delação do ex-gestor estadual foi homologada no dia 09 de agosto, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Um dos pontos mais intrigantes da colaboração é o fato de Silval delatar políticos com mandatos ainda em curso. Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), por exemplo, dos 24 deputados em atuação, 15 foram acusados de terem envolvimento em algum dos esquemas revelados no acordo. E, isso, na avaliação dos eleitores, comprometeu profundamente a imagem da Casa de Leis, colocando-a em descrédito.
A argumentação dos eleitores vai, aliás, contra a fala do presidente da AL-MT, Eduardo Botelho, que recentemente afirmou que a imagem da Assembleia não estaria abalada com os escândalos oferecidos pela delação de Silval.
Na avaliação de Botelho, a instituição continua normal, pois quem erra são as pessoas e elas quem devem responder por seus atos.
“Enquanto instituição, temos que continuar trabalhando”, disse Botelho logo após deflagração da Operação Malebolge, desencadeada pela Polícia Federal, na 12ª fase da Ararath, e a pedido de Fux. A operação realizou mandados de busca e apreensão em casas de políticos, prefeito, sede da Prefeitura e ainda vasculhou vários gabinetes na Assembleia.
Radicalmente contrária à declaração do presidente da Mesa Diretora do Legislativo estadual, Francisca Amélia revela que 'está difícil o político não cair em descrédito. Roubam e ainda falam que as imagens não provam nada. Sem falar nos salários deles, que podem receber R$ 33, 63 mil, mais auxílio moradia de R$ 4, 2 mil e ainda a verba indenizatória de R$ 65 mil. Ou seja, mais de 100 vezes maior do que o salário mínimo. Agora eu não posso ser aposentada porque sou pensionista, após a morte do meu filho. Olha a diferença e a injustiça! Então a a única coisa que é certa, na política brasileira, é que o cara entra pobre e em uma semana está rico', desabafa.
Roger Perisson/ Única News

Com uma posição mais radical, o coordenador estadual do Movimento Brasil Livre (MBL), Rafael Milas, acredita que os políticos envolvidos nas delações de Silval Barbosa ou em outros escândalos que vêm ocorrendo em Mato Grosso, não têm mais condições morais para continuar. E o mínimo que deveria ocorrer, enquanto Justiça, seria afastá-los até que as investigações fossem concluídas.
“Se o presidente Botelho acha que essas imagens de deputados recebendo propina não comprometem a Assembleia Legislativa, significa que pra ele a corrupção é algo normal e aceitável. Eu como coordenador do MBL, acredito na instituição Assembleia, mas não acredito nesses políticos que estão nesse mandato. É uma vergonha e um tapa na cara da sociedade mato-grossense que políticos corruptos continuem no poder, vivendo de dinheiro de pagadores de impostos que somos nós. A população precisa se atentar. Os políticos trabalham para a gente. Eles são nossos funcionários, logo, devemos demitir todos e renovar por pessoas que realmente pensem no estado”, avaliou.
Com 81 anos, o aposentado Luis Rosa da Silva, que já não é mais obrigado a votar, acredita piamente que a política precisa de rostos novos e mais que isso, pessoas comprometidas.
“Desde que voto a corrupção existiu no Brasil. É roubo atrás de roubo. Todos que estão como representantes tem ficha suja. Na propaganda eleitoral, todos falam bonito e a gente acaba ficando empolgado a votar, só que depois viram farinha do mesmo saco”, argumentou.
Menos condescendente, o segurança Getúlio Raimundo - que não esconde sua revolta com as graves denúncias, que abriram enormes lacunas no sistema -, a única alternativa, desde que a Assembleia entrou em descrédito, seria retirar todos os deputados envolvidos nos esquemas, realizando um 'pente fino' na Casa de Leis.
“Eu não voto mais em ninguém. Prefiro anular, pois não temos pessoas sinceras. Prometem e não cumprem. E ninguém tem mais interesse de acompanhar a política, porque não tem novidade é sempre a mesma ladainha de roubo. As pessoas estão cansadas pois a corrupção vem é de presidente da República até vereador”, afirmou.
A supervisora de Recursos Humanos, Danielle Ferreira, também acompanha o mesmo raciocínio de Getúlio. “Precisamos de candidatos novos porque apenas eles serão atraentes para a gente querer sair de casa para votar. Ninguém tem prazer em fazer isso. É um sacrifício, às vezes até compensa mais pagar multa por não ter votado’, garantiu.
Mais ponderado, o advogado Miguel Zaim explica que anular o voto ou não votar não seria a melhor alternativa para se manifestar contra os atos dos políticos. Para ele, seria mais interessante mudar a Reforma Eleitoral e apresentar novas ideias.
“Nesse meio político também tem pessoas sérias a exemplo do senador Cristovam Buarque (PSB) e o deputado federal Jair Bolsanaro (PSC), que promete ser um forte nome para a presidência da República”, disse.
Roger Perisson/ Única News

No entanto, o principal problema, conforme o advogado, é que a situação é crônica. Partindo do ponto que para ser candidato, o interessado deve-se filiar a algum partido. Em seguida, ter seu nome ser escolhido para sair em uma disputa eleitoral. E aí seguir o rito: disputar o voto popular.
"Mas o pior para o advogado são as exigências partidárias, porque depois de eleito, o nome em cargo, deve pegar uma parte do dinheiro público para trazer dividendos para o partido e para os filiados. Então como vai mudar essa situação do país? Já que é sempre assim que a banda toca”, finalizou.
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