Claryssa Amorim
(Foto: Montagem)
O deputado federal eleito por Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura, Neri Geller (PP), preso na operação Capitu, na manhã desta sexta-feira (9), teria recebido o montante de R$ 450 mil em propina da JBS, segundo as investigações. Além de Geller, Rodrigo Figueiredo, que é ex-secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, advogado e afilhado do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também recebeu a propina.
A operação foi deflagrada em Mato Grosso e em outros cinco Estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Distrito Federal.
Em Mato Grosso, o deputado federal eleito, foi alvo da Polícia Federal e teve um mandado de prisão cumprido. Ele foi preso em Rondonópolis (a 218 km de Cuiabá), onde foram cumpridos também mandados de busca e apreensão, além de Lucas do Rio Verde, onde o ex-deputado mantém domicílio.
De acordo com informações, na decisão que pediu a prisão dos acusados, a propina que eles receberam foi em troca da elaboração de atos de ofício que asseguraria ao grupo empresarial, a eliminação da concorrência e a formação de monopólio no mercado de proteína animal.
O pedido de prisão da PF foi acatado pelo Tribunal de Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), por meio da desembargadora Mônica Sifuentes, que resultou na deflagração da Operação Capitu, nesta sexta-feira (9).
A PF instaurou um inquérito policial em maio deste ano, baseado em declarações prestadas por Lúcio Bolonha Funaro, sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no MAPA em 2014 e 2015. A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no Mapa, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal.
Todo o esquema teria sido intermediado pelo deputado federal cassado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) -, que está preso no Paraná desde outubro de 2016 - e pelo operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro.
A operação
O grupo dependia de normatizações e licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado. As propinas eram negociadas, geralmente, com um Deputado Federal e entregues aos agentes políticos e servidores do Mapa pelo operador Lúcio Bolonha Funaro.
Entre os atos de ofício praticados pelos servidores do Mapa, destacam-se a expedição de atos normativos, determinando a regulamentação da exportação de despojos; a proibição do uso da ivermectina de longa duração; e a federalização das inspeções de frigoríficos.
Os envolvidos deverão ser indiciados pelos crimes de constituição e participação em organização criminosa, obstrução de justiça, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, dentre outros. Caso haja condenação, as penas máximas poderão variar entre 3 e 120 anos de reclusão, proporcionalmente à participação de cada investigado.
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