Mayara Campos
Única News
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) emitiu um parecer técnico apontando a ineficiência da proposta de soltura de peixes no reservatório do Manso contra a presença de piranhas no local. O órgão também afirma que a medida pode trazer riscos à fauna nativa e ao meio ambiente.
O Projeto de Lei nº 717/2021, de autoria do deputado estadual Elizeu Nascimento (PL) está em tramitação na Assembleia Legislativa (ALMT). O parlamentar, em contato com o Única News, está discutindo o relatório técnico neste momento, com alguns especialistas da Sema, na tarde desta quinta-feira (24).
O órgão ambiental é desfavorável a um pedido de "peixamento" do lago e aponta medidas mais adequadas para lidar com a presença da espécie.
Conforme o Parecer Técnico nº 05/CFRP/SUBI0/SEMA/2021, de março de 2021, o repovoamento ou estocagem com espécies migradoras apresentam resultados negativos na maioria das tentativas conhecidas.
Cita ainda que, entre os impactos associados ao peixamento, estão: a introdução de espécies não nativas; disseminação de patógenos e parasitas; efeitos deletérios na qualidade genética de matrizes e descendentes e impactos na estrutura e funcionamento de comunidades.
O relatório destaca ainda que a variabilidade genética dos alevinos, quando adquiridos em mercado comum, não é adequada, em razão da baixa qualidade genética, já que os produtores têm o objetivo apenas de produzir proteína e a reprodução é feita de algumas matrizes. Outro risco da prática é introduzir nas populações nativas um gene deletério e que causa a redução na taxa de sobrevivência e reprodução da espécie.
Os especialistas da Sema-MT relatam que a proliferação de piranhas no lago não se deu pela ausência de espécies predadoras, mas pelas profundas mudanças no local após a implantação do reservatório e que propiciam a troca natural de espécies.
O local, que antes era de correntezas, foi transformado em um ecossistema lêntico, que consiste em um ambiente aquático de água parada. Nessa troca, peixes migradores como dourado, piraputanga, grandes bagres, entre outros, são substituídos naturalmente pelas espécies aptas ao novo ambiente e, entre elas, as piranhas.
As espécies migradoras tendem a evitar ambientes como os reservatórios e são rapidamente substituídos por espécies adaptadas. Espécies como a piranha, pequenos lambaris e sardinha tendem a colonizar esse novo ambiente onde conseguem cumprir todo o seu ciclo reprodutivo.
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