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POLÍTICA Domingo, 04 de Maio de 2025, 07:55 - A | A

04 de Maio de 2025, 07h:55 - A | A

POLÍTICA / ESPECIAL REVISTA ÚNICA

Colocar "caixa em ordem" marca início da gestão Abilio; economia foi de R$ 138 milhões

A estimativa para os quatro anos de mandato supera a cifra de R$ 1 bilhão em economicidade aos cofres públicos

Aline Almeida
Revista Única



Uma gestão que logo de início foi marcada por um decreto de calamidade financeira, vigente desde 3 de janeiro e, segundo o prefeito Abilio Brunini (PL), motivada pelo crescimento da dívida do município de Cuiabá nos últimos oito anos. No período de 2017 a 2024, o valor saltou para R$ 1,6 bilhão, levando atualmente à perda da capacidade financeira da Prefeitura de Cuiabá em manter e expandir serviços públicos de qualidade aos cidadãos.

Uma das metas traçadas pelo gestor no início da gestão foi a de economizar R$ 100 milhões em 100 dias. Abilio Brunini encerrou os primeiros 100 dias de mandato com uma marca histórica: a economia de R$ 138 milhões em contratos públicos. O valor representa quase 40% a mais que a meta inicial. O prefeito enfatizou que o resultado é fruto de uma força-tarefa que revisou, renegociou, suprimiu ou cancelou centenas de contratos firmados em gestões anteriores. A estimativa para os quatro anos de mandato supera a cifra de R$ 1 bilhão em economicidade aos cofres públicos.

Durante coletiva à imprensa, o gestor municipal apresentou o resultado dos primeiros meses da gestão. No primeiro trimestre de 2024, sob a gestão anterior, a Prefeitura de Cuiabá gastou R$ 829 milhões. Já nos primeiros três meses de 2025, a atual gestão gastou R$ 691 milhões — uma redução de R$ 138 milhões. Esse montante foi utilizado, sobretudo, para quitar compromissos herdados, como o pagamento de salários atrasados dos servidores. Entre eles, a regularização da folha de dezembro de 2024, no valor de R$ 106 milhões, que incluía férias, prêmio-saúde, insalubridade, direitos, benefícios e salários.

“Fizemos um grande trabalho de renegociação de contratos, de suspensão de serviços não utilizados durante esses períodos e a gente conseguiu baixar as despesas para colocar a casa em ordem. Foram R$ 138 milhões de economia em 100 dias. A gente entende que é um sucesso”, afirmou Abilio.

De acordo com Murilo Bianchini, secretário de Assuntos Estratégicos e presidente da Comissão de Renegociação e Revisão de Contratos, a análise foi inédita e o montante anual será ainda melhor. “É um processo que nunca tinha sido feito na prefeitura. Analisamos todos os contratos, um por um, com participação direta dos secretários. E conseguimos chegar a uma economia anual de até R$ 258.208.491,92”, afirmou.

A equipe inicialmente recebeu 700 contratos, mas após convocar todas as pastas, o total chegou a 1.030. Destes, 880 estavam vigentes e foram criteriosamente avaliados. Dos contratos analisados, 386 passaram por algum tipo de intervenção. “Criamos um sistema em que o prefeito acessa do próprio celular, onde é possível monitorar em tempo real todos os contratos, seus saldos e prazos. Antes, a prefeitura usava planilhas desatualizadas e descentralizadas”, explicou Bianchini.

As medidas adotadas foram respaldadas juridicamente, com pareceres da Procuradoria Geral do Município (PGM). “Tudo foi feito com muito rigor. Cada decisão teve registro, ato administrativo e parecer jurídico. Criamos um novo modelo de governança que envolve as secretarias de Governo, Economia, Planejamento, Controladoria e a PGM”, disse Bianchini.

Com previsão de manter esse ritmo, a expectativa da gestão é alcançar uma economia de mais de R$ 1 bilhão até o fim do mandato. “Essa economia não é só um número. São recursos que deixam de sair do cofre público e que vão permitir investimentos onde realmente importa”, concluiu o secretário.

Além disso, a economia contribuiu para a revogação da taxa do lixo — sem renúncia de receita; para quitar o pagamento dos salários atrasados dos servidores; e por fim permitirá o equilíbrio das contas.

“Fizemos um grande trabalho de renegociação de contratos, de suspensão de serviços não utilizados durante esses períodos e a gente conseguiu baixar as despesas para colocar a casa em ordem. Foram R$ 138 milhões de economia em 100 dias. A gente entende que é um sucesso”, afirmou Abilio Brunini.

Murilo também reiterou que o prefeito criará o comitê de alta gestão, que continuará monitorando todas as aquisições da prefeitura. "O comitê será presidido pelo prefeito e contará com a participação de secretarias estratégicas como Economia, Gestão, Procuradoria e Controladoria do município", concluiu, ao explicar que a gestão eficiente e economicidade dos gastos públicos será uma política permanente da Prefeitura.

"Pagamos R$ 293 milhões de dívidas do ano passado, dívidas que não eram nossas. E essas dívidas foram pagas pelo município agora. Além de negociar R$ 118 milhões foram negociadas de dívidas também do ano passado. Então se você pegar os 100 primeiros dias, de todas essas despesas nossas, R$ 400 milhões não eram nossos. A gente teve que honrar porque é princípio da continuidade da administração pública, certo? E também colocar o caso de ordem. Então, eu acho que isso são avanços", afirmou Abilio Brunini.

Outros avanços

Na Educação, Abilio pontuou avanços no primeiro trimestre, como o lançamento do programa de café da manhã nas escolas, beneficiando mais de 32 mil crianças, com investimento de R$ 20 milhões anuais. A reforma de 120 escolas, Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e bibliotecas. O aumento no número de Cuidadoras de Alunos com Deficiência (CADs) no município, de 970 para 1.537, com previsão de ampliação para 1.700 nos próximos meses, sendo que todas receberam curso de capacitação. A criação da Escola de Formação do Servidor e Estrutura e o projeto Escola Aberta – onde a população ‘ganha o direito’ de frequentar as unidades nos finais de semana, para realizar diversas atividades de lazer.

“Com isso, vai ter a merenda para as crianças, 32 mil crianças vão ter café da manhã nas escolas. Vamos abrir novas unidades de saúde, ter novos projetos em parceria com o Governo do Estado para novos investimentos. Tudo fruto de uma economia que a gente fez nesses 100 primeiros dias”, acrescentou.

Na saúde, o prefeito afirmou que médicos triagistas foram contratados para reduzir o tempo de espera nas Unidades de Pronto Atendimento em até uma hora e a inauguração do Centro Médico Infantil que deve ocorrer em breve. Projetos como a Casa do Autista e a Cidade da Saúde também foram anunciados e estão em fase final de planejamento. Em paralelo, um programa voltado para pessoas com doenças raras deve ser lançado.

Na infraestrutura, mais de 6 mil buracos foram tapados e 2,5 mil toneladas de lixo foram recolhidas – 1,2 mil somente durante o mutirão de aniversário da Capital. Foram instaladas 13.262 novas lâmpadas em ruas, praças e avenidas. Cuiabá também aderiu ao programa Vigia Mais, do Governo do Estado, com foco na segurança pública. Na área da habitação, foram aprovadas 752 novas unidades habitacionais para os bairros Comodoro, Tijucal e Santa Terezinha. O prefeito também destravou 8 mil títulos de regularização fundiária e firmou parceria com o Ministério Público para incluir o Contorno Leste no perímetro urbano da capital.

Pontos positivos e negativos da gestão

O analista político Vinicius de Carvalho destaca que, dentre os pontos positivos da gestão de Abilio Brunini, está a questão fiscal. "Ele herdou uma situação bem complicada mesmo, de dívidas deixadas pelo Emanuel Pinheiro, até de uma folha de pagamento em atraso, e ele já conseguiu regularizar nesses 100 dias. Até onde me consta, os pagamentos estão todos já regularizados de folha para os funcionários. Aquela meta de redução de despesas de R$ 100 milhões em 100 dias foi superada, como eu dizia que seria, inclusive, foram R$ 138 milhões que ele já conseguiu reduzir de despesas. Tem feito uma revisão dos contratos, sem radicalismos, dentro daquilo que é possível."

Para Vinicius, a gestão fiscal está sendo feita com muita tranquilidade e muita discrição pelo Marcelo Bussiki, que é descrito pelo analista como um bom secretário de Planejamento e Finanças. Assim como Murilo Bianchini, que está secretário de Assuntos Estratégicos, presidente da Comissão de Renegociação de Contratos. "Esse aspecto fiscal é um ponto importante e algumas iniciativas também, essa questão da Casa do Autista, que ele já tomou essa decisão, também todo aquele auxílio dado para as vítimas da chuva, daquelas chuvas que deram em janeiro, também foram um ponto positivo. Então, questão fiscal e algumas iniciativas na área social foram avanços importantes."

"A gestão fiscal é um ponto positivo. Abilio herdou uma situação bem complicada mesmo, de dívidas deixadas pelo Emanuel Pinheiro, até de uma folha de pagamento em atraso, e ele já conseguiu regularizar nesses 100 dias", diz Vinicius de Carvalho.

Por outro lado, como ponto negativo, Vinicius cita o estilo político do Abilio, de polêmica, de enfrentamento. "Como no caso da chuva que deu dia 8 de abril. Ele colocar a culpa na população, dizer que a população que é culpada pela produção do lixo, pelo manejo ruim do lixo, que acaba inundando as ruas."

O analista cita ainda o estilo político de confronto de Abilio, de relação às vezes tensa com a Câmara de Vereadores, de uma presença muito recorrente no horário das sessões na Casa de Leis. "A Câmara faz duas sessões por semana, terça e quinta, e ele estava comparecendo exatamente na hora das sessões. Tinha que suspender a sessão, porque ele estava presente, então isso acabou gerando um atrito, uma tensão grande com os vereadores."

Vinicius cita também o relacionamento de Abilio com outros políticos, a exemplo da família Campos e até mesmo com o Emanuel Pinheiro. "Esses embates, essas polêmicas, esse estilo dele, o levaram à prefeitura, mas agora ele está na outra posição. E esse perfil ainda é muito de fiscalização, ele ainda tem esse perfil de ser o grande fiscal, de muito personalista, de ir direto, às vezes, nos locais de atendimento ao público da prefeitura, sendo que agora ele é prefeito. Agora não cabe mais falar em fiscalizar, agora ele tem que supervisionar, ele tem que coordenar, tem que montar equipe, tem que distribuir funções para que o atendimento aconteça, por exemplo, numa unidade básica de saúde, numa UPA, não cabem mais essas ações de fiscalização, o que ele fazia quando estava na oposição", avaliou Vinicius de Carvalho.

João Edisom de Souza pondera que quando se analisa os 100 dias do Abilio, tem que analisar as circunstâncias pelas quais ele chega na Prefeitura de Cuiabá. "O ex-prefeito Emanuel Pinheiro vinha de desgaste, praticamente de segundo mandato inteiro, foram quatro anos bastante pesados. Ele já tinha puxado do primeiro mandato alguns estigmas, como a questão do ‘paletó’ e o segundo mandato com várias operações policiais, muita confusão, obras inacabadas, obras prometidas não começadas, problemas sérios, principalmente na saúde com intervenção, com uma série de coisas. Isso significa que o fôlego administrativo do Abilio poderia e pode ser maior que os cem dias que habitualmente as pessoas atribuem a isso."

O analista político enfatiza que a forma como o Abilio faz campanha, a forma como ele se comunica nas redes sociais, é muito incisiva e traz a ele uma imagem vinda da população de que ele é “onipresente e mágico”. "Dá a impressão que é só fazer isso, só fazer aquilo, que é rápido. Ele pode até ter consciência, mas a população não tem consciência da dimensão burocrática que é cada ação. Então, assumindo a prefeitura, poderia ter impacto esse tipo de relação. Acontece que ele assumiu a prefeitura e ele está gestando, comunicando com a mesma intensidade que ele estava comunicando antes da eleição. Ou seja, estando presente aonde acontecem os problemas."

"No geral, Abilio está indo muito bem, a população está aceitando. Pela sensação que a gente tem na rua, ele tem mais pessoas apoiando, aceitando a administração dele, do que teve de votos quando foi eleito. Então isso é sinal positivo", afirma João Edisom.

João Edisom cita como exemplo o ocorrido durante o aniversário de Cuiabá, quando a capital foi atingida por um forte temporal que alagou diversos locais. "Ele foi pra chuva, ele foi pra limpeza, ele foi nos locais, apontou o dedo, fez. Essa interatividade com a população dá respiro do ponto de vista da aceitação da imagem dele e da paciência pra esperar, pra arrumar algumas coisas. Mas vamos lembrar que já faz grande tempo que tudo que está errado ou tudo que não dá pra fazer, ele está sendo delegado ao gestor passado. As pessoas já sabem tudo sobre a gestão passada. Todos os defeitos já foram apontados. Então, vai ter uma data de validade essa questão do apontamento em relação à gestão passada. Ele continua tendo algumas falas desnecessárias, porque ele tem uma margem de quatro anos pra frente pra administrar, então não é bom atacar partido político, mesmo que seja oposição, atacar governo, até porque ele precisa de todos", disse João Edisom.

O analista reforça que não só Abilio, mas qualquer gestão de município, qualquer estado ou qualquer governo legítimo, precisa de ter uma interação com todas as forças. Mas essa relação pode já estar gerando grupo de pessoas que passam a fazer oposição a ele 24 horas por dia. “Como ele ainda está aparecendo e está novo na gestão e é muito ativo, a população ainda está focada nele. Só que daqui a pouco começa o buraco na rua que não foi tapado, então a oposição tem razão. Aí vem outro da educação que deu problema com filho, outro da saúde que não deu certo, é outro que não gostou de uma fala, de uma atitude, de gasto, de algo que não gostou, de alguém que não atendeu. Começa a incorporar as forças contra. Então, está faltando ainda. Ele está indo muito bem nessa questão da comunicação, está publicando direto com a população, inclusive estando onipresente, foi nele que a população votou", disse.

João Edisom ressalta que Abilio não está prestigiando muito seu secretariado ao fazer essa comunicação. "Seria normal ele estar à frente. Só que nem fisicamente, nem psicologicamente, ele consegue aguentar muito tempo isso, ele é humano. E do outro lado, essas falas de palanque, elas continuam pesando porque a campanha parou. Se daqui um ano e meio ele fala em função da eleição, da macroeleição presidencial, tudo bem, mas nesse momento não é bom mexer nessa fervura. Mas, no geral, ele está indo muito bem, a população está aceitando. Eu vi algumas pesquisas, mas pela sensação que a gente tem na rua, ele tem mais pessoas apoiando, aceitando a administração dele, do que ele teve de votos quando foi eleito. Então isso é sinal positivo", completou João Edisom.

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