Revista QUEM
Camila Monteiro divide seu processo de emagrecimento há quase uma década. Aos 28 anos de idade e com 87 quilos a menos, a influenciadora inspira mais de de 2,6 milhões de internautas, que acompanham seu dia a dia no Instagram (@camilamonteiro). Em entrevista para a Quem, Camila, que chegou a pesar 150 quilos, explica que passou a compartilhar a perda de peso sem pretensão de trabalhar com as ferramentas.
"O Instagram era como um diário que eu poderia ver minhas conquistas, fracassos, frustrações e eu poderia relembrar o motivo da minha jornada. Toda vez que eu relia minha história me dava força [para continuar]".
A saúde de Camila ficou ainda mais debilitada ao atingir o peso máximo - há cerca de dois anos - e, além de enfrentar um problema grave no fígado, trombose e embolia, ela também lidou com as ofensas cada vez piores dos internautas. Na época, ela ficou um ano longe das redes sociais.
"Não aguentava mais. Achavam que eu não sabia que eu estava engordando. Queriam me lembrar o que eu já via no espelho todos os dias. Isso é extremamente cruel. 'Camila, você jogou tudo no lixo', 'você estava bonita antes', diziam. As pessoas não estavam preocupadas com a minha saúde, mas sim com a minha imagem corporal e que eu parecia estar bem com isso. Eu não estava bem, é verdade, mas ninguém tem o direito de olhar pra mim e me humilhar por causa do meu peso."
"Minha saúde física está ótima! Meu único problema, que eu sempre tive, é falta de vitamina D, porque não pego muito sol. Quando eu estava gorda era até pior, porque eu não saía de casa, não ia na praia. Só depois que fui fazendo terapia, começando a entender e fazendo coisas normais no dia a dia, porque eu tinha vergonha."
Em junho, Camila fez a primeira de quatro cirurgias para retirar o excesso de pele na região da barriga. Ela ainda pretende repetir o procedimento no interior das coxas, nos seios e braços. A influenciadora faz questão de compartilhar as dores do processo de emagrecimento e diz que não se deve romantizar a magreza. "A gente está acostumado a ver o antes e depois em que gordo está muito triste e magro está feliz, parece que a atingiu o ápice da vida. Por trás disso teve muita luta, dor, frustração e isso não é muito bem relatado", explica.
"O que me fez ter consciência é que eu sabia que não teria o corpo de uma musa fitness e que está tudo bem não ter. Naquela época, era muita pressão para que eu emagrecesse e tivesse um corpo padrão, mas a minha história não me permite isso. Eu perdi muito peso várias vezes. Eu nunca teria um corpo de uma pessoa que não passou o que eu passei. Eu tinha que mostrar para as pessoas que o caminho não era aquele, de ter um corpo padrão, musculoso, abdôme trincado. É muito mais do que isso. Dá para você ser feliz respeitando a história que você tem e cada pessoa tem uma bagagem. Eu não posso querer uma história como a de uma musa fitness. E até essas moças tem uma história. Não se chega naquele corpo na magia. Cada um tem particularidades que devem ser respeitadas. A gente tem que ser nossa maior inspiração."
Ela conta que é comum perder seguidores ao compartilhar fotos de biquíni ou com estrias, celulites e cicatrizes à mostra. "Quando é uma mulher padrão usando um biquíni, as pessoas acham que é a coisa mais linda do mundo. Quando é uma pessoa gorda, fora dos padrões, é apelativo."
Camila diz que a maioria das mensagens negativas vem de mulheres e que recebe ajuda psicológica e do marido, Carlos Henrique, para lidar com os haters. "É difícil a gente ver um comentário maldoso e simplesmente ignorar. As pessoas têm a impressão que as ofensas acabariam quando eu ficasse. Hoje me ofendem por outras questões, por excesso de pele, flacidez, celulite. As pessoas usam a palavra 'gorda' como ofensa, mas é só um formato do corpo. Não tem que ser usado como palavrão. O que é gordo e magro para essas pessoas? É um questionamento que tem que ser aprofundado, porque não têm noção do impacto que podem causar na imagem de uma pessoa."
Casada há um ano, Camila conta que o marido foi fundamental para seu processo de autoaceitação. Os dois se conheceram em um aplicativo de relacionamentos. "Ele me ajudou a ver que eu poderia ser amada independentemente do meu peso. Ele me viu com 130 quilos até o peso atual. Ele esteve comigo em todas as fases e abraçou todas elas. Carlos me ensinou que eu poderia ser respeitada e desejada, que eu era valorosa indepentemente do meu físico. Foi uma lição e tanto para mim. Eu achava que não tinha valor, que eu nunca ia ser amada", diz.
"A mulher também ainda enfrenta esse estigma. Se um homem te traiu é porque você não é o suficiente. Mas você tem culpa. Eu já passei por isso em outros relacionamentos. Eu era muito traída e me falavam que era por causa do meu peso, me mostravam foto de outras mulheres que eu deveria ser daquela forma."
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