Por Fábio Amato, G1
Brasília
O Ministério das Relações Exteriores negou nesta segunda-feira (23) o envolvimento do Brasil na invasão a um destacamento das Forças Armadas da Venezuela, no domingo (22), que resultou na morte de um militar venezuelano.
Segundo a agência France Presse, vários jornais locais noticiaram que o episódio aconteceu em Gran Sabana, uma das principais zonas turísticas do país, no estado de Bolívar, que faz fronteira com o estado de Roraima.
Apoiados por um grupo de indígenas, os agressores tomaram um destacamento militar e posto policial, levando mais de 100 fuzis, de acordo com o portal on-line El Pitazo.
O ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, disse que os invasores foram "treinados em acampamentos paramilitares plenamente identificados na Colômbia" e "receberam a colaboração do governo de Jair Bolsonaro".
Rodríguez não apresentou provas do envolvimento brasileiro no episódio.
Ele ainda afirmou que seis pessoas suspeitas de ligação com o ataque foram detidas.
Questionado desde a noite de domingo a respeito das acusações feitas pelo ministro venezuelano da Comunicação, o Itamaraty respondeu, na manhã desta segunda, que "o Brasil nega qualquer envolvimento no episódio".
No domingo, o Palácio do Planalto havia informado apenas que não comentaria as acusações de Rodríguez.
Crise entre Brasil e Venezuela
A Venezuela enfrenta uma profunda crise política, econômica e social. Milhares de pessoas já fugiram do país para outras regiões da América do Sul e líderes da oposição denunciam perseguição política.
Desde a chegada de Jair Bolsonaro à presidência, as relações entre Brasil e Venezuela ficaram mais tensas.
Bolsonaro defende publicamente a saída do poder do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Desde o início deste ano, o governo brasileiro passou a reconhecer como autoridade do país o autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.
Em fevereiro, na esteira de uma crise provocada pelo envio de ajuda humanitária organizada pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, Maduro determinou o fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela, no estado de Roraima.
O presidente venezuelano se diz vítima de uma tentativa de golpe por parte do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, e afirma que os Estados Unidos comandam uma "perseguição ilegal" contra o governo dele.
Mais recentemente, em novembro, a sede do governo venezuelano no Brasil foi ocupada por seguidores do autoproclamado presidente Juan Guaidó. Apesar de o governo brasileiro reconhecer Guaidó como presidente venezuelano, a representação diplomática em Brasília é administrada por funcionários do presidente Nicolás Maduro.
Na época, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República afirmou que o presidente Jair Bolsonaro "jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela".
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