Thays Amorim
Única News
A investigação da Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Descobrimento, aponta uma grande movimentação financeira nas contas bancárias entre um médico de 55 anos, de Cuiabá, especialista em radiologia, e membros de uma organização criminosa acusada de tráfico internacional de drogas.
As informações constam em uma decisão da 2ª Vara Federal Criminal da Bahia, assinada pelo juiz Fábio Roque da Silva Araújo, no mês de março – ao qual o Única News teve acesso. Uma nova representação, que decretou a prisão de Rowles, do ex-secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci), Nilton Borgato, e de outros réus, foi proferida no dia 11 de abril – contudo, o nome do médico não chega a ser citado.
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O médico seria sócio do ex-assessor do ex-governador Silval Barbosa, o lobista Rowles Magalhães. Rowles foi preso, sendo um dos mais importantes membros da organização criminosa.
O documento aponta que Rowles solicita com frequência transferências de altas quantias em dinheiro ao médico, sendo também beneficiado com depósitos realizados por Marcelo Lucena, doleiro e membro da organização. Em agosto de 2020, o especialista em radiologia enviou R$ 50 mil, e, em janeiro de 2020, recebeu R$ 25 mil de Lucena. Em fevereiro, ele recebeu R$ 130 mil do doleiro.
A PF destaca que é necessária uma investigação mais aprofundada para apurar o suposto envolvimento do médico no tráfico internacional ou na lavagem do dinheiro ilegal.
“Mediante a quebra dos dados telemáticos, chegou-se a muitas conversas entre [o médico] e ROWLES, demonstrando uma relação próxima entre os dois. Como bem asseverou a Polícia Federal as transferências bancárias, investimentos conjuntos devem ser melhor investigados para se descobrir, ou não, envolvimento do [médico] com os crimes investigados nos autos, principalmente com o crime de lavagem de capitais”, diz trecho da decisão.
A operação
As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador (BA) para abastecimento. Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
Na residência de Borgato, foram encontrados vários itens de luxo, como bolsas, U$$ 4 mil em dólares, R$ 29,3 mil e diversos diamantes - que estavam escondidos em baixo da cama do ex-secretário.
O ex-chefe da Seciteci foi exonerado do alto escalão do Palácio Paiaguás no dia 31 de março, para disputar uma vaga na Câmara Federal.
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