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CIDADES Segunda-feira, 15 de Abril de 2019, 16:05 - A | A

15 de Abril de 2019, 16h:05 - A | A

CIDADES / ÚNICA NEWS 300 ANOS

Cuiabá é cantada com amor e saudade em seus 300 anos de história

Elloise Guedes
Única News



(Foto: IPHAN)

SIRIRI E CURURU

 

"Oh Cuiabá, Cidade Verde, ai, ai, ai, Com cheiro de pequizá, ai, ai, ai". Essa é a letra de uma das músicas cuiabanas que mais exaltam a cultura e costumes da cidade. As músicas são embaladas pelos rasqueados, ritmo genuíno da capital, destacando, especialmente, os tempos de outrora. A infância do povo cuiabano.

A maioria dos compositores, como Moisés Martins, Pescuma, Roberto Lucialdo, João Eloy, Henrique e Claudinho, Tote Garcia, Edna Vilarinho, Vera e Zuleika, entre outros, se inspiraram em costumes da cuiabania para escrever suas canções. Uma delas, “Piché”, é a receita cantada de um doce cuiabano que se tornou um hino popular de Cuiabá.

Além do rasqueado, a cultura cuiabana conta com outros ritmos como o Cururu, o Siriri e o mais tocado nos últimos tempos: o Lambadão. Esses riquíssimos ritmos, que cantam e encantam todo o estado, são obras-primas de Cuiabá.

A cuiabana de 'tchapa e cruz', Zuleica Cunha de Arruda, que faz parceria em várias composições de rasqueados com a carioca Vera Regina Magalhães Baggetti, explica o amor que tem pela terra. Além de compositoras, a dupla também faz algumas pinturas que representam bastante a cultura cuiabana.

Vera e Zuleica são as criadoras das conhecidas músicas “Moreninha Cuiabana”, “Prece ao Luar”, “Casa de Bem Bem”, dentre outras. Em toda a história de trabalho, somam mais de 300 composições, sendo a maioria de Zuleica. Além de compositora, Zuleika e Vera são professoras universitárias.

Nas vésperas do aniversário de 300 Anos de Cuiabá, Vera e Zuleika lançaram uma nova música para comemorar o tricentenário. A música denominada 'Cuiabá 300 anos', destaca todo o amor que a dupla tem pela cidade.

"Amo Cuiabá. Nasci e me criei aqui e faço parceria com a professora Vera Baggetti em muitas composições para a nossa musa Cuiabá! A temática das músicas é a realidade que vivemos, de amor e carinho por Cuiabá, Mato Grosso e pela cultura brasileira", disse Zuleika.

Siriri e Cururu

Cururu e Siriri, música e dança, respectivamente, são manifestações culturais de Mato Grosso. De origem indígena, estas tradições são mais populares nas zonas rurais e ribeirinhas, passados de geração para geração, de pai para filho. Os instrumentos usados para essa dança são, a viola de cocho, ganzá e pelo mocho, todos confeccionados em Mato Grosso.

Típica da região pantaneira, a Viola de Cocho é um dos instrumentos-base do cururu e do siriri. Mesmo com poucas notas, é um elemento fundamental para o ritmo. Esculpidas em madeira inteiriça de vários tipos, são feitas artesanalmente e levam cerca de oito dias para ficar prontas. Geralmente, medem 70 cm de comprimento e 25 de largura. São cinco cordas, confeccionadas de vários tipos de materiais, entre eles, a fibra vegetal e a linha de pesca.

Além da viola, o cururu e o siriri também são acompanhados pelo ganzá, conhecido como reco-reco, e pelo mocho ou tamboril, espécie de banco de madeira com assento feito de couro cru, instrumento que não pode parar de ser tocado durante a apresentação, já que sua batida é essencial para os ritmos. Para fazer cururu são necessários pelo menos dois cantadores, um tocando viola de cocho e outro ganzá.

Veja algumas músicas cuiabanas:

Cuiabá, Cuiabá (Henrique e Claudinho)

Tem São Gonçalo, Cururu e Siriri
Cuiabá, Cuiabá
Do Coxipó do Ouro, da manga e do pequi
Da Lixeira e do Jardim Araçá
São Benedito, parque da exposição
Beco do Candeeiro, Panacéia e Choppão
No CPA, onde a noite a gente vara
da velha Prainha e Maria Taquara
Cuiabá, Cuiabá
Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá
Tem Jejé, samba na avenida, mas em Leverger é que se vive a vida.

Cabeça de boi (Henrique, Claudinho e Pescuma)

“Oh Cuiabá, Cidade Verde, ai, ai, ai
com cheiro de pequizá, ai, ai, ai
Vou comer pacu assado, tomar pó de guaraná
Vou comer pacu assado, tomar pó de guaraná
Meu amor brigou comigo, ai, ai, ai
Eu não sei onde ela foi, ai, ai, ai
Só sei que eu vou lá pra Guia, comer cabeça de boi
Só sei que eu vou lá pra Guia, comer cabeça de boi.

Casa de bem-bem (Vera e Zuleica)

Eu tenho orgulho de ser um cuiabano
De tchapa e cruz com fé senão me engano
Moro na pracinha, ao lado da Prainha
Sento na praça para ver as moreninhas
Gosto de amargo, ventrecha de pacu
mojica de pintado e bagre ensopado
Danço rasqueado na casa de bem-bem
como bolo de arroz e de queijo também.

Piché (Moisés Martins)

“Milho torradinho socado, canela açucarada
a branca pura daquela gurizada
Do tempo do Campo D´Ourique,
Quando a pandorga, o finca-finca
o buscapé e o trique-trique
pintavam o céu com pingos de luz
É tempo bom que não volta mais
Só na lembrança de quem foi menino,
Hoje é rapaz.
Milho torrado, bem socadinho
Ah, que saudade do meu tempo de menino
Um dia ainda verei eu tenho fé
Meu neto, meu neto
Com a boca toda suja de piché'

Furrundu (Moisés Martins)

''Furrundu, doce do pau
do pau de mamoeiro,
até parece com uma dança, mas é só doce caseiro''.

Sol tá quente pra daná (Moisés Martins)

“O sol tá quente prá daná; tá, tá, tá, tá.
O calor tá de matá; tá, tá, tá.
Prá refrescá, oi,
Prá refrescá, oi.
Vou me banhá nas águas do Cuiabá.

Quando mergulho nestas águas,
Sinto o corpo arrepiar,
Lembro das belas viagens,
Que eu fiz a Corumbá.

Das chalanas preguiçosas,
Regiões do pantanal,
Do doce beijo das águas,
Cuiabá e Paraguai

Dourado peixe,
Peixe dourado,
Vai dizer prá natureza,
Devolver o meu passado”.

Cidade Verde dos meus amores (Moisés Martins)

Cidade Verde dos meus amores
Cidade de grata memória,
página heróica da nossa história.
Casarões, igrejas, palmeiras imperiais.
Cidade verde, como mudou,
de belo que tinha pouco ficou.
Cidade verde dos mangueirais,
Cidade verde da esperança,
do meu texto de criança,
que não volta mais.
Das pescarias lá da Prainha,
Festa de santo, das ladainhas,
bola de meia, quitutes de fundos de quintais.
Cidade verde dos meus amores.
Tanque do Baú, Rua das Flores,
passear no jardim,
quando o jardim era dos amores!

Rasqueado do pau rodado (Pescuma e Pineto)

Não aguento mais ser chamado de pau rodado
Já tomo licor de pequi, já danço o Siriri
Como bagre ensopado
Sou devoto de São Benedito
Até já danço o rasqueado
Sou devoto de São Benedito
Até já danço o rasqueado
Adoro banho de rio, vou direto pra Chapada
Na noite cuiabana tomo todas bem gelada
Sou viciado no bozó, pescaria e cururu
Tomo pinga com amargo
Como cabeça de pau
Eá, Eá, Eá, só não nasci em Cuiabá
Mas no que eu cresci
Meu bom Jesus mandou buscar.

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