Rayane Alves

A primeira audiência de instrução do soldado Rodrigo Claro, que morreu depois de passar mal durante um treinamento do Corpo de Bombeiros, em novembro do ano passado, foi marcada para o dia 26 de janeiro de 2018, no Fórum de Cuiabá.
Além dessa determinante, o juiz da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros, negou o pedido do Ministério Público Estadual (MPE) para que a tenente da corporação, Izadora Ledur, fosse presa. Ela é acusada de torturar o aluno durante as atividades aquáticas, que acabou levando a morte.
Mas, na decisão o magistrado pondera que os argumentos de defesa e do MPE não tem justificativa para retratação de determinação anterior que manteve a liberdade e depois decidiu “porque a decisão objurgada deve ser mantida pelas razões e fundamentos jurídicos ali articulados”, narra trecho da decisão.
No mês passado, a tenente foi inclusive no Fórum de Cuiabá para colocar a tornozeleira de monitoramento, já que é uma das medidas cautelares alternativas da prisão.
“Gostaríamos de entender o porquê da demora. O caso do meu filho vai ser julgado um ano e dois meses depois. E, em minha opinião só foi marcada porque estamos em cima e a defesa agindo porque temos vistos que alguns casos como é o exemplo do Abinoão Soares de Oliveira, que morreu em 2010 quando veio de Alagoas participar de um treinamento para Tripulante Operacional Multi-Missão, realizado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MT) até agora nada aconteceu. O processo é doloroso, porém a gente precisa ir atrás e falar em algum momento para sermos ouvidos”, disse a mãe do soldado Jane Claro.
Ao Única News, Jane relatou os momentos difíceis que têm enfrentado desde a perca do filho. Antes do caso, ela morava com outros dois filhos na cidade de Tangará da Serra, distante a 242 km de Cuiabá. Já Rodrigo Claro e o pai que também é militar moravam em Cuiabá até esperar a formação do jovem.
Porém, diante da situação, Jane contou que todos foram obrigados a se mudarem para a cidade de Sinop, a 503 km de Cuiabá, para a casa que Rodrigo estava construindo perto dos familiares.
“Eu sou o espelho da família. Meus outros dois filhos e meu esposo fazem acompanhamento psicológico para superar a perca. Mas, não está sendo fácil principalmente vendo a situação de impunidade na nossa legislação em que as leis não funcionam”, lamentou.
Conforme Jane, a família decidiu se mudar para Sinop porque o menino foi enterrado na região. Ela contou que costuma visitar o túmulo dele, porém, sabe que Rodrigo não está lá.
“É tudo frio. Está apenas os restos mortais. Vou pouco porque cada vez que me aproximo fico ruim, mas eu estou trabalhando o meu lado espiritual para que Deus me ajude. Até meus artesanatos que eu fazia deixei de fazer, pois estou sem ideias e criatividades para isso. Mas, engulo o choro para expressar meus sentimentos na imprensa e para as autoridades”, chorou.
Reprodução

Nota de apoio
A Associação dos Familiares Vítimas de Violência de Mato Grosso (AFVV) emitiu uma nota de apoio à família nesta semana. No documento divulgado à imprensa, a organização pede Justiça ao caso do aluno para que sirva de lição e impeçam futuros crimes de tortura.
Segundo a denúncia, Rodrigo passou mal em uma atividade aquática para a 16ª edição do Curso de Formação de Soldado Bombeiro do Estado de Mato Grosso, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.
Porém, o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT), tenente-coronel Wanderson Nunes de Siqueira, negou o envolvimento da tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, acusada de torturar o aluno durante as atividades do curso.
A Assof-MT confirmou que no treinamento, não foi registrado nenhum incidente do tipo “afogamento, torções ou fraturas, a não ser, um mal súbito em Rodrigo Claro, que dizia sentir dores de cabeça e que por isso, foi autorizado às 15 horas, retornar para o quartel do Bombeiro localizado no bairro Verdão em Cuiabá”.
“Se não fosse após o treinamento de salvamento aquático, infelizmente o aluno soldado BM Rodrigo poderia vir a óbito ou sofrer sequelas provenientes de um AVC dormindo, correndo, realizando uma refeição ou praticando um esporte”, afirmou a Assof.
No entanto, a AFVV criticou a conduta da Assof-MT ter emitido a nota para afirmar que a tenente não teve envolvimento no caso. Para a instituição, o órgão foi tendencioso e corporativo.
Caso
Rodrigo passou mal durante o curso de salvamento em mergulho. Ele foi retirado do campo do curso e levado ao Batalhão reclamando de fortes dores na cabeça. Nisso, foi encaminhado primeira à policlínica. E até o dia da morte ficou em coma induzido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Hospital Jardim Cuiabá.
Já no começo do mês de agosto, o Ministério Público Estadual (MPE) recorreu da decisão da juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda e reforçou o pedido novamente de prisão a Ledur, que foi acusada pelo crime de tortura.
Além dela, outros militares também foram denunciados. No entanto, apenas Ledur foi alvo de pedido de prisão.
ENTRE EM NOSSO CANAL AQUI
RECEBA DIARIAMENTE NOSSAS NOTÍCIAS NO WHATSAPP! GRUPO 1 - GRUPO 2 - GRUPO 3