Cuiabá, 18 de Maio de 2024

COMPORTAMENTO Segunda-feira, 18 de Março de 2024, 13:40 - A | A

18 de Março de 2024, 13h:40 - A | A

COMPORTAMENTO / SAÚDE MENTAL

O que é a depressão pós-operatória depois de uma cirurgia plástica

O médico Fabio Nahas, professor livre-docente da Unifesp, alerta: é preciso que o profissional deixe claro os limites da transformação estética.

Mariza Tavares
DO G1



Embora a maioria das cirurgias plásticas realizadas por profissionais competentes resulte na melhora da autoestima dos pacientes, a depressão pós-operatória também pode ocorrer, por diferentes motivos. Esse foi o tema da minha conversa com o médico Fabio Nahas, diretor científico internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e professor livre-docente da Unifesp, autor de seis livros e de mais de 400 artigos e estudos.

Em que circunstâncias a depressão pós-operatória ocorre depois de uma cirurgia plástica?

A razão mais simples é a depressão causada pela anestesia, que pode provocar uma sensação de desânimo, mas o efeito, quando acontece, se estende por um ou dois meses, no máximo. Outra questão é uma expectativa irreal de resultados, que deveria ser alinhada durante o pré-operatório – por isso é tão importante que o médico deixe claro os limites da transformação estética. O problema é que, às vezes, o paciente não está disposto a ouvir, achando que a cirurgia vai transformá-lo num outro indivíduo. Essa condição é mais comum entre adolescentes, que ainda não amadureceram, ou quando a pessoa enfrenta uma situação que a fragilizou, como uma separação traumática. É o caso da mulher que deseja ter 20 anos novamente. Ela vai melhorar muito sua imagem, mas não voltará a ser uma jovem.

Como deve ser o alinhamento pré-operatório?

Não é possível prometer o que não pode ser feito. Infelizmente, há médicos que, por falta de experiência ou por uma falha na formação, afirmam que vão obter todos os resultados desejados. Esse profissional está criando uma bomba pós-operatória. É preciso ressaltar que, em 95% dos casos, o desfecho é positivo para o bem-estar físico e psicológico. Já publiquei diversos estudos no exterior mostrando como a cirurgia plástica leva a uma melhora de autoimagem, autoestima, qualidade de vida e da sexualidade. O alinhamento pré-operatório é a oportunidade, inclusive, de identificar se o paciente está vivendo uma situação pessoal complicada, com potencial para interferir em seu julgamento, ou se tem uma condição patológica conhecida como transtorno dismórfico corporal.

No que consiste o transtorno dismórfico corporal?

São pessoas que se acham feias e querem mudar sua aparência de forma obsessiva, mesmo que não tenham nenhum problema. Num dos estudos que fiz, detectamos que de 50% a 54% dos pacientes que procuram cirurgia de face, nariz ou abdômen apresentam essa condição. A cirurgia pode beneficiar aqueles com um quadro leve ou intermediário do transtorno. No entanto, os que apresentam um transtorno mais grave não devem ser operados, e sim encaminhados para tratamento psicológico. A maior dificuldade é que aceitem ajuda. Muitos preferem buscar um médico que dê sinal verde para a intervenção.

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