Ari Miranda
Única News
A juíza Anna Paula Gomes de Freitas, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, colocou em segredo de Justiça o processo que investiga a execução do advogado Roberto Zampieri (56). Isso porque o pedreiro Antonio Gomes da Silva (56), executor confesso do crime, disse que irá revelar nomes de pessoas com foro privilegiado que teriam participado do crime.
Durante a audiência de instrução, em julho deste ano, o atirador disse à Justiça que revelaria o nome da pessoa que havia o contratado para executar o jurista somente durante seu julgamento, por temer pela sua vida. À época, Antonio disse ainda que o instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa e o oficial da reserva do Exército, coronel Etevaldo Caçadini Vargas, não tinham participação no crime.
Conforme a decisão, assinada nesta quinta-feira (24) pela magistrada, a defesa do pedreiro prometeu juntar textualmente ao processo “nomes de terceiros com investigações em andamento, pessoas com foro privilegiado”.
Além disso, Anna Paula Freitas levou ainda em consideração que as defesas dos réus prometeram levar para os autos trechos dos conteúdos extraídos dos celulares apreendidos com os investigados, incluindo ainda o celular do advogado, morto com 10 tiros no dia 5 de dezembro de 2023 em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
“De fato, a partir do momento que os Defensores informaram que trarão para os autos conteúdos que podem devassar a intimidade da vítima, de outros investigados e de terceiras pessoas estranhas ao processo, há necessidade de se garantir, doravante, o sigilo externo do processo, como já determinado pelo Excelentíssimo Des. Juvenal Pereira da Silva, DD. Corregedor Geral da Justiça, nos autos da sobredita correição parcial”, cita trecho da decisão.
O conteúdo extraído do telefone celular de Roberto Zampieri é extremamente delicado e revelou a existência de uma grande rede de venda de sentenças judiciais envolvendo magistrados de MT, MS e DF.
A análise do conteúdo extraído resultou, inicialmente, no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que foram afastados de suas funções após o corregedor Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, destacar a existência de indícios de que os dois magistrados mantinham uma “amizade íntima” com Roberto Zampieri, revelando ainda que a morte do jurista pode ter relações com suas atividades "lobistas" na Justiça Estadual.
Além disso, o conteúdo extraído do celular de Zampieri também foi ajuntado às investigações da operação “Ultima Ratio”, deflagrada nesta quinta-feira (24) pela Polícia Federal (PF) e que resultou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) também envolvidos em supostas vendas de decisões – entre eles, o presidente da corte estadual, Sérgio Fernandes Martins.
A Polícia Federal investiga ainda a participação de servidores e ministros do Superior Tribunal de Justiça no esquema. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também acompanha de perto o caso.
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