Ari Miranda
Única News
O juiz plantonista Moacir Rogério Tortato manteve a prisão dos vigilantes patrimoniais Alvacir Marques de Souza (68), Jonas Carvalho de Oliveira (55), Luciano Sebastião da Costa (48) e Dhiego Erik da Silva Ferreira (33), pelo espancamento e morte do venezuelano Hidemaro Ivan Sanchez Camaho, dentro da Rodoviária de Cuiabá, na noite da última segunda-feira (3).
Como noticiado pelo Única News, Hidemaro foi espancado com socos e chutes pelos quatro vigilantes no pátio de manobras do terminal e, em seguida, na plataforma de embarque de passageiros. O crime foi filmado e presenciado por várias pessoas, que assistiram inertes à sessão de espancamento. A vítima chegou a ser encaminhada com vida ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde morreu.
Após audiência de custódia nesta quarta-feira (5), os quatro criminosos tiveram as respectivas prisões em flagrante convertidas para preventiva.
Na decisão, Tortato destacou que os quatro envolvidos no crime representam perigo à sociedade, destacando que Dhiego é condenado e cumpria pena de 3 anos no regime semiaberto por roubo e tráfico de drogas. Já Alvacir, tem histórico pela prática de ameaça no âmbito da violência doméstica, enquanto Luciano possuía uma passagem criminal por ameaça, no ano de 2020.
A situação mais complexa ficou por conta do quarto suspeito, Jonas, sendo descoberto contra ele um mandado de prisão em aberto, expedido pela 2ª Vara Cível da cidade de Patrocínio (MG). Além disso, o criminoso apresentou uma identidade falsa à Justiça de Cuiabá, todavia ao cruzar os dados das suas impressões digitais, constatou-se que a filiação divergia de sua verdadeira identidade - sendo assim descoberto o mandado de prisão contra ele.
Após a audiência, os quatro foram encaminhados à Penitenciária Central do Estado (PCE), onde aguardarão decisão judicial.
SURTO PSICÓTICO
Em entrevista nesta quarta-feira (5) o delegado de Polícia Civil, Nilson Farias, responsável pelas investigações, revelou que o venezuelano chegou na Rodoviária da Capital em surto psicótico e acabou batendo o peito e a cabeça em um vidro, iniciando um pequeno transtorno no local.
Neste momento, os vigilantes interviram na situação, porém, em vez de acionarem a Polícia Militar, decidiram fazer justiça com as próprias mãos e o agrediram brutalmente.
Além disso, as investigações apontaram que, apesar de estar em surto, em nenhum momento a vítima tentou revidar a ação dos quatro suspeitos, que em depoimento confessaram o crime e que a intenção deles era apenas fazer “uso moderado da força” para conter o venezuelano.
Reprodução/Vigia Mais MT

Momento em que venezuelano foi brutalmente espancada por seguranças na Rodoviária de Cuiabá.
CRIME FILMADO
As investigações do caso tiveram início assim que a equipe da DHPP foi acionada na madrugada de terça-feira (4) pela equipe do HMC, para realizar a liberação do corpo de Hidemaro, que havia dado entrada na unidade, vindo da Rodoviária da Capital com várias marcas de espancamento e um corte profundo na cabeça.
Iniciadas as investigações, os policiais civis tiveram acesso às imagens das câmeras de segurança do Programa Vigia Mais MT existentes na Rodoviária de Cuiabá, onde é possível o homem sendo covardemente espancado pelos seguranças na plataforma 1 do terminal.
No vídeo, gravado pouco depois das 22h, é possível ver ao fundo os suspeitos aglomerados agredindo a vítima no pátio de manobras da rodoviária. Em seguida, a vítima, trajando camiseta azul e calça jeans corre em direção à plataforma de embarque e cai próximo a um ônibus que estava estacionado recebendo passageiros.
Com a queda, ele é cercado pelo grupo e as agressões continuam.
Na gravação, é possível ver o momento em que Hidemaro leva um chute forte de um dos seguranças e é imobilizado no chão por um deles com um “mata leão” no pescoço.
Ao final das agressões, os quatro vigilantes permanecem inertes próximo ao venezuelano, assistem a vítima agonizar e sangrar intensamente e não acionam uma ambulância para socorrê-lo.
Segundo o delegado Nilson Farias, apesar de verem o estado em que deixaram Hidemaro, os vigilantes não agiram para proporcionar o socorro adequado à vítima. “Eles tiveram a oportunidade de prestar socorro. Como vigilantes, eles também são responsáveis e garantidores da integridade física das pessoas”, explicou.
EMPRESA LAMENTOU O FATO
Em nota, a Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (SINART), concessionária responsável pela gestão da Rodoviária de Cuiabá, lamentou o episódio envolvendo seus colaboradores e informou que está colaborando com as investigações da DHPP
Além disso, a empresa enfatizou que não compactua com condutas violentas ou constrangedoras da parte de seus colaboradores.
“A SINART reforça que não compactua com qualquer forma de conduta que resulte em violência, constrangimentos ou agressão, e zela sempre pela garantia dos direitos dos passageiros e usuários nos terminais rodoviários sob sua concessão”, cita trecho da nota.
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA
“Com pesar, a SINART Concessionária do Terminal Rodoviário Eng. Cássio Veiga de Sá, em Cuiabá, informa que tomou conhecimento da ocorrência em que um homem, cuja identidade ainda está sendo investigada pela perícia técnica, veio a óbito nas áreas do entorno da rodoviária. Desde então, está tomando as providências necessárias para a apuração dos fatos, colaborando com as investigações e disponibilizando as câmeras de segurança para a DHPP – Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa. A SINART reforça que não compactua com qualquer forma de conduta que resulte em violência, constrangimentos ou agressão, e zela sempre pela garantia dos direitos dos passageiros e usuários nos terminais rodoviários sob sua concessão”.
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