06 de Julho de 2025
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JUDICIÁRIO Terça-feira, 25 de Janeiro de 2022, 15:16 - A | A

25 de Janeiro de 2022, 15h:16 - A | A

JUDICIÁRIO / SESSÃO DE AFOGAMENTOS

MPE denuncia Ledur por torturar outro aluno: “intenso sofrimento físico e mental”

Thays Amorim
Única News



O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral denunciou à 11ª Vara Criminal de Cuiabá a 1ª tenente do Corpo de Bombeiros Militar, Izadora Ledur, por tortura a um segundo aluno no 15º Curso de Formação de Soldados (CFSD), Maurício Júnior dos Santos. A denúncia é da última sexta-feira (21).

A militar foi condenada em setembro de 2021 a um ano em regime aberto e não perdeu o cargo, no caso sobre a morte do aluno Rodrigo Claro. A tenente se livrou de ser condenada por tortura, sendo os excessivos caldos classificados como maus-tratos.

LEIA MAIS: Ledur é condenada a um ano em regime aberto e não perde cargo

Segundo os autos, Ledur submeteu Maurício, que estava sob sua autoridade, a intenso sofrimento físico e mental, como forma de lhe aplicar castigo pessoal. O aluno apresentava dificuldades nas atividades aquáticas, que tinham Ledur como instrutora.

Maurício, que já tinha sido aprovado em concurso público, foi convocado para o CFSD em julho de 2015. No início de 2016, ele passou a ter aulas de salvamento aquático, que tinha Ledur na liderança. Apesar do bom condicionamento físico, o aluno demonstrou dificuldade na execução das atividades.

“Por conta disso, depreende-se do feito, que a vítima já se encontrava pressionada e temerosa, vez que a imputada 1º Ten BM Izadora Ledur de Souza Dechamps era conhecida por utilizar métodos reprováveis para “castigar” alguns alunos que estavam sob sua guarda”, diz trecho da denúncia do Ministério Público Estadual (MPMT).

No dia do treinamento, volta das 7h, os alunos iniciaram algumas atividades físicas como corrida, flexões, polichinelos, abdominais, dentre outros, finalizando com a travessia da Lagoa Trevisan. Os alunos do pelotão de Maurício entraram na lagoa sem uso de coletes ou de corda de apoio.

Após nadar por 40 metros, a vítima começou a sentir câimbras e foi auxiliado por outros alunos, inclusive pelo 1º Tenente Janisley Teodoro da Silva, que o entregou uma boia ecológico.

No meio do percurso, segundo o MP, Ledur determinou que os demais alunos finalizassem a travessia e deixassem Maurício para trás.

“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica, iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, aponta o promotor, em outro trecho.

Com as sessões de afogamento, já sem forças para emergir e respirar, tendo engolido muita água e gritado por socorro, Maurício segurou os braços da tenente, “implorando para que ela cessasse a atividade”. Entretanto, Ledur repreendeu o aluno: “você está louco? Aluno encostando em oficial”, teria dito. Ela só interrompeu os caldos depois que a vítima perdeu a consciência.

Pouco tempo depois, ele acordou desesperado, já nas margens da lagoa, e vomitou bastante água. Mesmo apresentando esgotamento físico e mental, Ledur exigia, aos gritos, para que Maurício retornasse para a água e concluísse a atividade.

Contudo, ele se recusou a voltar para a água, temendo pela sua vida e sabendo que os caldos seriam mais intensos. Momentos depois, ele desmaiou novamente, sendo encaminhado à Policlínica do Coxipó. O relatório médico apontou que ele foi submetido a esforço físico desgastante, sofreu desmaio, vômitos e três episódios de tremor e dor torácica.

“De igual forma, a autoria do crime de tortura encontra-se robustamente demonstrada, por força do contido nos documentos acima mencionados”, afirma o promotor. Cerca de seis testemunhas do caso foram citadas.

Pelo fato de Ledur ser bombeira e ocupar um cargo público, o promotor pediu que cópias dos autos fossem encaminhadas ao Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, para possível investigação sobre improbidade administrativa.

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