Christinny dos Santos
Única News
Walmir Cavalheri, amigo do advogado Renato Gomes Nery, falou sobre o conflito agrário que levou à morte do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Mato Grosso (OAB-MT), em julho de 2024, em Cuiabá. O jurista explicou que o colega tinha direitos sobre áreas avaliadas em torno de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, dentro de terras disputadas por uma mesma família, e também por terceiros.
Dezoito dias antes de ser executado, Nery procurou a OAB e registrou uma denúncia contra um colega de profissão. Renato acusou o colega de se apropriar e negociar áreas que totalizavam 2.579 hectares, que ele havia recebido como honorários de uma de reintegração de posse de uma terra localizada no leste do estado. Renato advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.
Dois anos antes de sua morte, Renato e seu sócio conseguiram um acordo que lhes dava direito sobre uma das áreas. “Bem, as áreas de um acordo que acabou sendo efetuado em 2022, que ficaram para o Renato e o sócio dele, é em torno de R$ 50 milhões”, explicou Cavalheri, amigo de Nery e também advogado.
O advogado explica que uma dessas áreas, parte de uma mesma terra, estava sob posse da Família Sechi, referindo-se ao casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, apontados como mandantes da morte de Nery. Mas, antes do acordo com Wilma Terezinha Destro Fernandes — parte envolvida na disputa judicial que se arrasta desde 1988 — que lhe rendeu as áreas estimadas em R$ 50 milhões, Renato também esteve em posse de mais de 2 mil hectares de terra.
“São várias áreas, né? Uma área de 790 hectares, que é a que estava de posse legal dessa família. Tem uma área de 500 hectares, tem outra de 113, outra de 59, outra de 30. Então, são várias áreas que acabaram ficando para o Renato e o sócio dele. E também, ele esteve de posse durante um certo tempo, antes de fazer esse acordo com a viúva Vilma, era uma área de 1.750 hectares de área plantada e tinha mais uma reserva legal de quase 500 hectares”, explicou o advogado.
Ao considerar a área total em disputa - tanto do casal, quanto parentes ligados a eles -, o valor total do pedaço de terra pode chegar aos R$ 100 milhões. “Então, era uma área muito grande, que se você computar tudo, passava de 100 milhões. Porque algumas pessoas dizem que lá vale 500 sacas de soja por hectare, outros falam 800, outros falam 1.000. Cada um dá o preço da sua propriedade. Mesmo da área que foi repassada no acordo para a viúva Wilma”, esclareceu Cavalheri.
Apesar de os acordos se conflitarem, pois as áreas pelas quais Nery disputavam estava em uma terra com mais de um proprietário, entre eles o falecido marido de Wilma e a família Sechi, Cavalheri explica que a viúva não tem qualquer ligação com o casal. “Não, não, eu posso até afirmar para você que não existe nada, nada, nada. Porque essa senhora, que a gente não tem conhecimento de que ela esteve aqui em Mato Grosso uma única vez antes desse processo. Ela morava lá no estado de São Paulo e o marido dela tinha os negócios aqui”, disse.
As informações que Cavalheri tem do caso são de que apenas o falecido tratava das terras e a viúva só tomou conhecimento do caso no último anos: “Aí o marido dela morreu em 2010, então ela não tinha proximidade nenhuma. Ela já afirmou em uma rede social que ela nunca tinha vindo aqui no Mato Grosso, só veio recentemente agora”.
Crime e mandantes
Renato Gomes Nery foi baleado na manhã do dia 05 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Pelo menos um, de sete disparos, atingiu a cabeça do advogado, que chegou a ser socorrido e passar por cirurgia, mas morreu no dia seguinte ao atentado.
Foram apontados como mandantes do crime o casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, empresários de Primavera do Leste. Os dois seriam parte envolvida em disputa de uma terra de 12.413 hectares no leste do estado, na qual Nery advogou e teria direito a uma área de 2.579 hectares como pagamento de seus honorários.
Nery advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.
Militares envolvidos
Durante as investigações foram sete policias foram presos por envolvimento no crime. Dois deles são: o 3º Sargento PM Heron Teixeira Pena Vieira e o cabo PM Jackson Pereira Barbosa, vizinho do casal que encomendou a morte do advogado. O terceiro é o soldado Ícaro Nathan Santos Ferreira, integrante da equipe de Inteligência do Batalhão da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), que foi preso na mesma fase da operação Office Crime que teve como alvo também o cabo PM.
Os outros quatro estão ligados a Heron. São eles: o 3º Sargento Leandro Cardoso, o soldado Wekcerlley Benevides de Oliveira, o cabo Wailson Alessandro Medeiros Ramos e o sargento Jorge Rodrigo Martins.
Está preso também o caseiro de Heron, Alex Roberto de Queiroz Silva, autor do disparo de arma de fogo que atingiu e matou Renato Nery.
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