Ari Miranda
Única News
Três advogados foram alvos da Operação Caixa de Pandora, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de MT, na manhã desta quinta-feira (6) e que investiga um esquema de entrada ilegal de aparelhos celulares na Penitenciária Central do Estado (PCE).
A operação foi deflagrada nas primeiras horas desta quinta em Cuiabá e nas cidades de Varzea Grande e Cáceres (a 220km da capital).
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Segundo investigações do MP, os juristas Cleberson dos Santos Silva Schmit, Elvira Kelli Almeida Cruz e Fabiana Félix de Arruda Souza, esta última presa em abril, durante a Operação Apito Final, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado.
De acordo com o Gaeco, os três advogados contavam com a ajuda de policiais penais, que facilitavam a entrega dos aparelhos de telefone e seus respectivos acessórios para detentos da PCE. Através dos dispositivos, os detentos, ligados à facção criminosa Comando Vermelho, praticavam e ordenavam vários crimes do lado de fora da prisão.
Conforme a investigação, os advogados se valiam das prerrogativas da profissão para entregar os objetos durante as visitas. Além disso, o grupo teria usado um freezer para encher de celulares e entrar na PCE.
Por meio de decisão judicial, os advogados investigados tiveram sua licenças profissionais suspensas.
“FIGURINHAS CARIMBADAS”
A advogada Fabiana Félix já tinha sido alvo de outra operação em abril deste ano, a “Apito Final”, deflagrada pela Polícia Civil. Ela é acusada de ser uma das “laranjas” de Paulo Witer Farias Paelo, o “WT”, um dos líderes do Comando Vermelho no estado e chefe de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 65 milhões.
De acordo com os investigadores, quando foi preso em 2021, Paulo Witer dirigia uma Mitsubishi Pajero Sport HPE, registrada em nome de Fabiana. O SUV tinha sido adquirido por R$ 310 mil e foi pago por outras duas pessoas que também aparecem nas investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Além da Pajero, Fabiana também emprestou seu nome para a compra de um Toyota Corolla, no valor de R$ 176,8 mil.
Mensagens trocadas entre Paulo Witer e a advogada, identificadas pela Polícia Civil, confirmam a participação de Fabiana como “testa de ferro” do esquema de ocultação de bens, que teve início por volta do ano de 2020.
A jurista encontra-se presa na Cadeia Pública de Cáceres desde meados de maio, após conseguir na Justiça a conversão de sua pena para prisão domiciliar e ter a decisão revogada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Já a advogada Elvira Kelli de Almeida Cruz foi presa em flagrante a 10 anos atrás, em fevereiro de 2014, tentando entrar com 286 chipes, 24 celulares e porções de drogas na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Os objetos foram encontrados dentro da bolsa de Elvira durante a revista pessoal na entrada do presídio, momento em que ela se negou a entregar sua bolsa aos agentes, com a alegação de que dentro do acessório havia somente material de trabalho.
No entanto, a jurista já estava sendo monitorada há quase mês pelos policiais penais do Sistema de Operações Especiais (SOE), pois Elvira sempre se utilizava do mesmo argumento para impedir a revista, de acordo com relato da época, feito pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
Mayke Toscano/Gcom-MT

OAB SAIU EM DEFESA
Após a deflagração da Operação a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT) saiu em defesa dos advogados e disse que acompanha o caso através de seu Tribunal de Defesa das Prerrogativas (TDP), avaliando como infundadas as denúncias contra os juristas.
“(...) os advogados não têm como, se valendo da prerrogativa da profissão, entregar aparelhos celulares, durante visitas aos internos no parlatório da Penitenciária Central do Estado (PCE), porque, por medida de segurança, não há contato entre as partes e o diálogo entre o profissional da advocacia e o cliente é feito através de um vidro”, cita trecho da nota.
“Além disso, na entrada da penitenciária é obrigatório passar por scanner, que registra a menor presença de metais e eletrônicos”, completou.
Por fim, a Ordem dos Advogados alegou que, ao deflagrar a operação, o Gaeco feriu a lei 8.906 do estatuto da advocacia e da entidade, “que preconiza que a Ordem dos Advogados seja informada sobre ações envolvendo advogados com 24h de antecedência”.
Os advogados em visita aos clientes na PCE tem a prerrogativa de não passar pela revista.
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