Da Redação
(Foto: Reprodução)

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell, devolveu os inquéritos que investigavam policiais militares no esquema de grampos clandestinos no estado à 11ª Vara da Justiça Militar.
O ministro determinou remessa dos autos sobre os grampos que tramitavam no Tribunal de Justiça (TJMT) atendendo pedidos feitos pelo governador Pedro Taques (PSDB) e pelo Ministério Público Federal (MPF).
Na decisão, o ministro afirma que a investigação deve ser feita pela instância superior devido à existência de indícios de envolvimento do staff de Taques, conforme denúncia feita à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo ex-secretário de Segurança Pública e promotor de Justiça Mauro Zaque. Ao impor o sigilo, o ministro argumentou ser um ato necessário para "preservar a atual fase da investigação".
Volta a primeira instância as investigações contra o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, o secretário-chefe e o secretário-adjunto da Casa Militar, coronéis Evandro Lesco e Ronelson Barros, respectivamente, o tenente-coronel Januário Batista e o cabo Gerson Correa Junior.
A decisão do magistrado de desmembrar os procedimentos investigatórios foi anunciada no pedido de habeas corpus feito pela defesa do coronel Zaqueu Barbosa, que permanece preso juntamente com o cabo Gerson Correa Júnior.
A decisão do ministro Mauro Campbell não abrange os investigados na "Operação Esdras", como o coronel Airton Siqueira (ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos), Helen Christy Carvalho Dias Lesco (esposa do coronel Lesco), Rogers Jarbas (ex-secretário de Estado de Segurança Pública), Paulo Taques (ex-secretário chefe da Casa Civil e primo do governador Pedro Taques), além do sargento João Ricardo Soler e o empresário José Marilson.
Todos continuam sendo investigados no STJ diante da suspeita de envolvimento do governador Pedro Taques, que detém prerrogativa de foro no STJ.
As investigações na PGR começaram para apurar denúncias do ex-secretário, que acusou a PM de instaurar um estado de vigilância irrestrita no estado. Segundo ele, o esquema foi apelidado de “barriga de aluguel”: a polícia fazia pedidos de autorização à Justiça para interceptar traficantes e, na lista dos investigados, incluía ilegalmente o telefone de pessoas que não tinham relação com os crimes.
Na denúncia feita à PGR, Mauro Zaque afirma que os grampos aconteciam livremente e com conhecimento do governo. Entre os que tiveram suas comunicações monitoradas estão políticos de oposição, advogados que prestam serviços a adversários do partido do governo (PSDB) e até jornalistas ligados a partidos de oposição ao governador.
Segundo Zaque, ele recebeu informações sobre a existência do esquema e levou a denúncia ao governador. À PGR ele disse que a estrutura do Judiciário mato-grossense foi usada para manter o esquema funcionando.
FAÇA PARTE DE NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA DIARIAMENTE NOSSAS NOTÍCIAS!