Ana Adélia Jácomo
Única News
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) manifestou, nesta quinta-feira (10), preocupação com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a intenção de impor tarifas adicionais de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
A entidade alerta que a medida, se implementada, pode ter efeitos devastadores para o agronegócio e a economia brasileira como um todo. (Veja o vídeo no final da matéria).
O impacto no campo
A Aprosoja MT destaca a relação estratégica com os Estados Unidos, um parceiro fundamental para o setor agropecuário brasileiro.
O Brasil exporta uma vasta gama de produtos para os EUA, incluindo carnes, café, suco de laranja, etanol de milho e aeronaves
Reprodução

da Embraer.
O aumento das exportações de carnes, por exemplo, impulsiona diretamente a demanda por soja e milho, essenciais para a engorda de aves e o confinamento bovino no país.
A preocupação se estende às importações de insumos cruciais. Combustíveis como óleo diesel, gasolina e nafta, vitais para a produção agrícola e o transporte de alimentos, vêm dos EUA.
O encarecimento desses insumos elevará os custos de produção, impactando os preços dos alimentos e, consequentemente, agravando a inflação para os consumidores.
Além disso, a importação de máquinas agrícolas de alta tecnologia e componentes como chips e processadores é fundamental para a competitividade do agro brasileiro. Barreiras comerciais podem dificultar o acesso a essas tecnologias e frear a inovação no campo.
A entidade também ressalta o risco de aumento da taxa básica de juros (Selic), o que encareceria ainda mais o crédito rural, já considerado um dos mais caros da história recente. Essa conjuntura desestimula o produtor, que já enfrenta margens negativas e uma das maiores crises do setor nos últimos 20 anos.
O agronegócio representa cerca de 25% do PIB e é o setor que mais cresce na geração de empregos no país. Prejudicá-lo é penalizar diretamente o interior do Brasil, que depende da força do campo para manter sua economia girando.
A Aprosoja MT salienta que, caso o Brasil retalie com tarifas, Trump já sinalizou que os valores seriam somados aos 50% já impostos, elevando o risco de retaliações ainda mais severas.
Indústria também teme efeito da tarifa
Em um movimento paralelo, a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt) também se manifestou nesta quinta-feira (10), expressando sua preocupação com a declaração de Donald Trump.
Foto por: Assessoria/Sedec

A entidade alerta que a medida representa um risco concreto ao intercâmbio comercial entre os dois países, com potenciais impactos negativos diretos para a indústria mato-grossense.
Os Estados Unidos têm se consolidado como um parceiro comercial cada vez mais vital para Mato Grosso. Em 2024, o país figurou como o 17º principal destino das exportações mato-grossenses, um salto significativo da 36ª posição de cinco anos atrás.
O estado exportou US$ 415 milhões em produtos para os EUA no ano passado, dos quais US$ 373,6 milhões vieram da indústria de transformação.
Entre os principais produtos industriais exportados de Mato Grosso para o mercado norte-americano estão: carnes (US$ 148,5 milhões), ouro (US$ 147,1 milhões), gordura animal (US$ 43,5 milhões), gelatinas (US$ 16,8 milhões) e madeira beneficiada (US$ 12,5 milhões). Além da indústria, o agronegócio também contribuiu com US$ 41,4 milhões em exportações.
A relação comercial é de mão dupla. Os Estados Unidos são o 4º maior fornecedor de produtos para Mato Grosso, com o estado importando US$ 301,8 milhões em 2024. As principais aquisições incluem aeronaves, fertilizantes, máquinas e defensivos agrícolas, essenciais para a economia mato-grossense.
Entenda a taxação de Trump
A justificativa de Trump para a imposição da tarifa baseia-se na alegação de que o Brasil mantém tarifas e barreiras comerciais consideradas injustas, o que teria gerado um déficit comercial insustentável para os Estados Unidos.
Foto: Montagem

No entanto, em carta enviada ao presidente Lula, Trump fez menções a questões políticas internas do Brasil, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, e alegações sobre "ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e a violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".
Isso sugere que a tarifa pode ser uma ferramenta de pressão política, para além dos interesses puramente comerciais.
Diante do cenário, a Aprosoja Mato Grosso defende que os efeitos dessa guerra comercial podem recair sobre toda a sociedade: com alimentos mais caros, transporte pressionado, inflação elevada e perda de competitividade do setor produtivo.
A entidade conclama por urgência na busca pelo diálogo diplomático. "Conflitos que não são nossos não podem gerar prejuízo aos brasileiros", afirma a Aprosoja MT.
Veja o vídeo:
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