Única News
Da Redação
Imagine assinar um documento oficial usando os pés. Para a maioria, é algo inimaginável. Mas para Aline Nantes Brito, de 34 anos, moradora de Aripuanã (a 1.000 km de Cuiabá), essa é a realidade diária de sua impressionante independência. Nascida sem os braços, Aline acaba de mostrar uma verdadeira aula de cidadania ao atualizar seu cadastro para votar em 2026, deixando sua assinatura com o pé esquerdo.
Eleitora há 18 anos, Aline não perde uma eleição. Sua determinação em exercer o direito ao voto é uma inspiração. "Sou independente e tenho minha autonomia. O tratamento é normal, uso os pés para fazer tudo: afazeres domésticos, cuidados pessoais e carinho na minha filha", conta com orgulho Aline, que é mãe de Taiza, de dois anos e quatro meses.
Aline procurou o cartório eleitoral por uma recomendação do INSS e ficou surpresa com a facilidade do processo. Ela esperava ter que coletar digitais dos pés, como fez para o RG, mas foi mais simples.
"No cartório eleitoral, fui tratada com educação e cortesia por servidores atenciosos... Eu achei que teria que colher as digitais dos dedos dos pés... Mas não foi isso que aconteceu. Foi bem mais tranquilo. Só precisei colher minha assinatura e tirar foto. A Justiça Eleitoral está mais moderna, resolver pendências está mais rápido e fácil", elogiou.
O Programa de Acessibilidade da Justiça Eleitoral, que em 2026 completa 13 anos, busca aprimorar a urna eletrônica e garantir o acesso total em portais e locais de votação.
Em Mato Grosso, por exemplo, nas últimas eleições, 19.547 eleitores declararam ter algum tipo de deficiência. Para eles, foram implementadas medidas como o transporte adaptado em 90 municípios e a instalação de uma Central de Interpretação de Libras no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) para atender eleitores surdos ou com baixa audição.
Para Aline, que vota na Escola Estadual São Francisco de Assis, no centro de Aripuanã, o voto vai além de um direito. "O voto é uma forma de a gente dizer o que a gente quer, quem a gente quer escolher. É maneira de fazer a diferença no futuro do país, de fazer a nossa escolha prevalecer", finaliza, já na expectativa pela próxima eleição.
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