Ari Miranda
Única News
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) adiou o julgamento da sindicância instaurada pela Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz Wladymir Perri, indiciado por cometimento de falta grave no exercício da função.
A continuação do julgamento, que deveria ter sido realizada nesta quinta-feira (26), acabou não ocorrendo devido à ausência justificada de um dos desembargadores do colegiado.
A nova sessão do Órgão Especial será realizada de forma extraordinária e ainda não tem data definida.
Quando o caso começou a ser analisado pelo colegiado, o corregedor-geral de Justiça de Mato Grosso, Juvenal Pereira da Silva, votou pela abertura do Processo Administrativo Disciplinar (PAD). O desembargador Rui Ramos, por sua vez, interrompeu o julgamento com um pedido de vista.
O processo tramita em sigilo de Justiça.
A CNJ havia determinado no último domingo (21) que o Tribunal de Justiça mato-grossense informasse, em até cinco dias, a data da sessão que julgaria a reclamação disciplinar contra as condutas de Wladymir Perri, à época em que esteve como juiz titular na 12ª Vara Criminal de Cuiabá.
A decisão, proferida pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, se deu após uma decisão que repercutiu na mídia estadual, onde Perri deu voz de prisão à mãe de uma vítima de assassinato, após a mulher se manifestar contra o acusado de matar seu filho, no dia 4 de outubro de 2023.
Diante da situação, o magistrado acionou a Polícia Militar, que prendeu a mulher por ofensa, ameaça, resistência e crime contra a honra.
Além disso na decisão, Luis Felipe Salomão destacou que o prazo imposto ao TJMT se deu devido à gravidade da denúncia e a demora no julgamento pelo Judiciário mato-grossense.
Atualmente, Wladymir Perri está na 3ª Vara Criminal de Várzea Grande, para onde foi removido, em 23 de maio deste ano.
CONDUTA TEMERÁRIA
Em 10 de abril deste ano, a CNJ instaurou uma reclamação disciplinar contra Wladymir Perri, à época em que da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, em razão de suposta "conduta temerária" e recorrente na condução de processos sob sua responsabilidade.
A irregularidade foi constatada durante inspeção ordinária, realizada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) entre os dias 18 e 20 de março de 2023. Durante a inspeção, a Corregedoria encontrou 161 processos concluídos e parados na unidade há mais de 100 dias, o que representa 31% do acervo ajustado da 12ª Vara Criminal, que era de 515 processos.
Em visita à unidade, a equipe de inspeção da CNJ encontrou diversas irregularidades, também constatadas na correição ordinária realizada pela Corregedoria-Geral de Justiça, destacando que foram identificadas na 12ª Vara Criminal de Cuiabá inúmeras remarcações injustificadas de audiências, ocasionando a paralisação de vários processos.
Além disso, a inspeção constatou que o descontrole das audiências acarretou na demora da conclusão de instruções das ações penais que tramitavam na unidade sobre crimes extremamente graves, inclusive dolosos contra a vida.
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