Ana Adélia Jácomo
Única News
A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, comentou na terça-feira (24) sobre o cenário de instabilidade no Judiciário mato-grossense, que inclui uma inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os desdobramentos da Operação "Sisamnes".
Gisela cobrou esclarecimentos e posicionou a OAB-MT sobre as investigações que conectam o assassinato do advogado Roberto Zampieri a um suposto esquema de venda de decisões judiciais.
Espero que o CNJ realmente possa dar os esclarecimentos necessários, identificar se eventualmente algum outro ilícito está acontecendo dentro do tribunal, para que a gente tenha um sistema de justiça confiável.
A fala da presidente da OAB-MT ocorre em um momento em que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) passa por uma inspeção anual do CNJ. Gisela disse que ela se dá após o afastamento de desembargadores e juízes e diante de uma situação envolvendo advogados.
"Espero que o CNJ realmente possa dar os esclarecimentos necessários, identificar se eventualmente algum outro ilícito está acontecendo dentro do tribunal, para que a gente tenha um sistema de justiça confiável".
A OAB-MT informou que está acompanhando de perto essa inspeção, já tendo se reunido com o desembargador e o juiz auxiliar do CNJ responsáveis.
Operação "Sisamnes".
A investigação, deflagrada pela Polícia Federal, apura um esquema de compra e venda de decisões judiciais que teria ramificações em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e também no TJMT.
A Operação Sisamnes teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá. As investigações da morte de Zampieri, que atuava em disputas de terras de alto valor, teriam levado à descoberta do suposto esquema.
Montagem/Única News
No detalhe, o advogado Roberto Zampieri, executado a tiros em Cuiabá no mes de dezembro de 2023.
Entre os alvos da operação, está o ex-presidente da OAB-MT, Ussiel Tavares. Os investigados são suspeitos de crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, operação ilegal no mercado de câmbio e organização criminosa.
Como desdobramento da "Sisamnes", três servidores do TJMT foram afastados em novembro de 2024. Em agosto do mesmo ano, mensagens extraídas do celular de Zampieri levaram ao afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho. Ambos os magistrados estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica.
Sobre a situação geral, Gisela Cardoso foi direta: "O que eu sempre falo é que nós queremos que seja esclarecido todos os fatos. E que há aqueles que foram identificados, que cometeram qualquer ilícito, que cometeram crime, que sejam devidamente punidos, independente se magistrado, se advogado, se promotor, qualquer outro ator do sistema de justiça."
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