Ari Miranda
Única News
Em depoimento na manhã desta terça-feira (15), no início do julgamento do criminoso Edgar Ricardo de Oliveira, autor da “Chacina de Sinop” (500 Km de Cuiabá), o policial e escrivão de Polícia Civil Thiago Celestino Pereira deu detalhes das investigações do caso e do momento em que o assassino, que matou sete pessoas em um bar da cidade em Fevereiro do Ano Passado, foi preso.
Ao ser questionado pelo promotor de Justiça, Thiago afirmou que no dia do crime não estava no plantão, mas que no dia seguinte, durante seu turno de trabalho, participou do cumprimento do mandado de prisão do atirador, afirmando ainda que assistiu o vídeo do massacre por mais de 30 vezes para captar os detalhes do assassinato e assim fazer a confecção minuciosa do relatório do crime e a participação de cada um dos assassinos.
Além de Edgar, também participou da chacina Ezequias Souza Ribeiro (27), que morreu no dia seguinte à carnificina, em confronto com militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE).
Segundo o policial civil, assim que soube da morte do comparsa, Edgar decidiu se entregar e mandou seu ex-advogado, Marcos Vinícius Borges, que ficou conhecido nacionalmente como o “advogado ostentação”, procurar a Polícia Civil para comunicar a “bandeira branca”.
“Após o confronto do Ezequias com o Bope, (...) a gente ainda estava na delegacia [e] o advogado marcos Vinícius procurou a gente e falou ‘o Edgar quer se apresentar, mas pelo avançar da hora, hoje não dá mais”, detalhou, afirmando que por esta razão, a prisão do atirador foi efetuada no dia seguinte, na residência de um parente dele, no bairro Jardim Califórnia.
Após o cumprimento do mandado de prisão pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), segundo Thiago Celestino, um detalhe chocou a toda a equipe no depoimento inicial do criminoso à imprensa, que alegou ao delegado Bráulio Junqueira, que cometeu a chacina para “salvar vidas”, mudando logo após de versão, dizendo os sete homicídios alegando que as vítimas mereceram a morte.
“Durante a condução do criminoso até a viatura, a imprensa questiona ele [Edgar] e ele fala que ele queria “preservar vidas”. E aí na hora que a gente embarca na viatura, o delegado Bráulio pergunta: - ‘Poxa, Edgar!, Você matou sete pessoas e queria preservar vidas?” questionou o delegado à ocasião.
“Aí ele passou a falar que aquelas pessoas estavam ‘entrando na mente’ dele, que 'eram todos vagabundos e mereciam [morrer]'”, completou.
De acordo com o escrivão, diante desta afirmação, o delegado fez mais um questionamento ao criminoso: por qual motivo a jovem Larissa Frazão, de apenas 12 anos, filha de Getúlio Frazão, que também morreu no massacre, teria merecido morrer de forma tão cruel, com um disparo de calibre 12 pelas costas.
“Aí ele [Edgar] voltou atrás e disse: ‘Não. A menina não era pra ter sido [vítima]. Era pra ter sido a pessoa que estava correndo na frente [dela]’, enfim. Ele quis tirar essa culpabilidade [de si]”, enfatizou o escrivão.
O julgamento de Edgar Ricardo está em andamento e, segundo previsão da Justiça de MT, deve ser concluído na madrugada desta quarta-feira (16).
(Foto: Reprodução/Montagem)
Vítimas da tragédia.
A CHACINA
Edgar e Ezequias cometeram a barbárie após perderem R$ 4 mil em partidas seguidas de sinuca. Revoltados após a derrota, os dois homens saíram do local e voltaram armados, um deles com uma pistola e outro com uma espingarda Gauge .12.
Enquanto Ezequias rende as vítimas e os deixa acuados em um canto do bar, Edgar pega a espingarda no banco de trás da caminhonete Chevrolet S-10 em que eles estavam e efetua seis tiros à queima-roupa contra as vítimas e em seguida fogem do local.
Foram vítimas da chacina: Orisberto Pereira Sousa, Elizeu Santos da Silva, Josue Ramos Tenorio, Adriano Balbinote, Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, a filha dele, Larissa de Almeida Frazão, de 12 anos, além do proprietário do bar, Maciel Bruno de Andrade Costa.
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