Claryssa Amorim
(Foto: Leo Correa/AP)
O juiz Bruno Arthur Manfrenatti da 1ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, negou o pedido de revogação da prisão preventiva do médico Denis Furtado, conhecido como 'Dr. Bumbum' e manteve a prisão. Denis é acusado de homicídio qualificado pela morte da bancária cuiabana, Lilian Calixto de 46 anos, após realizar um procedimento estético nos glúteos.
De acordo com o magistrado, os motivos em que o Dr. Bumbum está preso, permanecem "inalterados". Ainda este mês, no dia 11, está marcada a audiência de instrução de julgamento do médico.
“Observo, desta forma, a presença intacta dos requisitos que admitem a prisão preventiva, previstos nos art. 312 e 313, do Código de Processo Penal. Portanto, por não ter sido trazida pela defesa qualquer alteração das situações fáticas ou jurídicas, que ensejaram a decretação da medida prisional, indefiro o pedido de revogação da prisão preventiva", cita trecho da decisão.
Durante os cinco meses preso, a defesa do Dr. Bumbum entrou com pelo menos quatro pedidos de revogação da prisão, porém, a Justiça negou por ele apresentar periculosidade à sociedade. Para o Tribunal de Justiça do Rio, o réu em sua conduta profissional, não aparenta ter atenção com a saúde de seus clientes. E que a prisão é necessária para evitar que outros crimes sejam cometidos e garantir a instrução criminal.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou uma denúncia contra o "Dr. Bumbum" por homicídio doloso pela morte da gerente de banco de Cuiabá, Lilian Calixto, após uma bioplastia no glúteos.
(Foto: divulgação)
Além do Dr. Bumbum, o Ministério Público também denunciou pelo mesmo crime a mãe dele, Maria de Fátima Furtado, a namorada e secretária, Renata Fernandes e sua empregada doméstica, Rosilane Pereira da Silva. O caso teve uma grande repercussão nacional, onde inicialmente, a matéria do ocorrido foi veiculada pelo site Única News.
Na denúncia, O MPE citou na denúncia que por volta das 19h do dia 14 de julho, em local impróprio – na cobertura do apartamento do Dr. Bumbum–, os denunciados realizaram uma bioplastia com a aplicação de 30% da Polimetilmetacrilato (PMMA) em quantidade acima da recomendada, sem observar minimamente os deveres legais de cuidado inerentes ao procedimento, assumindo assim os riscos decorrentes de suas condutas. A vítima faleceu às 01h12min do dia seguinte, no Hospital Barra D’Or, após complicações no procedimento.
Na denúncia, o MPE ainda lembrou que o médico é inscrito apenas nos Conselhos Regionais de Medicina (CRM) do Distrito Federal e do Estado de Goiás e atuava irregularmente no Rio de Janeiro. Além de não possuir registro no CRM do Rio de Janeiro, o Dr. Bumbum não tinha nenhuma especialização para procedimentos de plástica.
Entenda o caso
(Foto: reprodução/Facebook)
Dr. Bumbum fez o procedimento na gerente de banco de Cuiabá HSBC/Bradesco Premier, no dia 14 de julho na cobertura do seu apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Um tempo depois, Lilian começou a passar mal.
O médico juntamente com a mãe, a namorada e a técnica de enfermagem, levaram Lilian para o Hospital Barra D'Or, após ela reclamar de enjoo. A gerente morreu duas horas depois de dar entrada na unidade hospitalar. O Hospital informou que ela chegou com parada cardíaca e prestou o devido atendimento a paciente.
Ao saber da morte, o Dr. Bumbum e as auxiliares fugiram do hospital. A namorada foi presa ao cair em uma armadilha montada pela polícia do Rio de Janeiro. Denis com a mãe conseguiu fugir de carro, chegando a quebrar a cancela de um estacionamento.
Durante depoimento, à polícia, Denis admitiu que aplicou cerca de 300 ml de PMMA – um derivado do acrílico – na paciente. O produto tem uso permitido pela Anvisa, mas em pequenas quantidades.
O enteado da gerente, Alessandro Jamberci, disse que Lilian conversava com a secretária do médico que também é namorada dele, Renata Fernandes, por telefone há seis meses, para obter as informações da cirurgia. Segundo Alessandro, a família tinha o conhecimento de que Lilian faria um procedimento, mas que seria algo seguro em uma clínica de estética.
A delegada do Rio de Janeiro responsável pelo caso, Adriana Belém, disse que a princípio, Lilian Calixto, contratou o serviço para ser realizado em clínica de estética com todo o amparo necessário. Informou ainda que o médico não tem CRM para realizar cirurgias no RJ, sendo apenas em Goiânia e Brasília.
(Foto: reprodução)
O filho da gerente, Victor Calixto, de 24 anos, declarou no dia do velório da mãe, na terça-feira (17), em Cuiabá, que a família está revoltada com o ocorrido e espera justiça. Victor lamentou a morte da mãe dizendo que ela era o 'pilar' da família.
"Nós perdemos a pessoa mais preciosa de nossas vidas. Ela era tudo para nós, era o pilar e a guardiã. Se deixar esse cara solto, pode acontecer com outras famílias, não quero que outras pessoas sofram como estamos. Isso é um pesadelo que não tem fim, ninguém trará ela de volta. Mas, pelo menos nos confortará, saber que ele está preso e que a justiça estará sendo feita", declarou.
Laudo
No dia 23 de julho, o IML emitiu um laudo, onde a causa da morte de Lilian Calixto teria apontado como ‘inconclusivo’. Assim, os médicos-legistas solicitaram novos exames para saber certamente a causa da morte. No dia 2 de agosto, o novo laudo do IML, apontou que ela morreu de embolia pulmonar.
Neste novo laudo, o médico usou o termo “embolia em chuveiro”, pois havia micro partículas espalhadas pelo pulmão, impedindo a oxigenação do sangue. Embolia pulmonar é quando o fluxo sanguíneo do pulmão é interrompido. O laudo também aponta quadro de choque, com falência de órgãos como fígado e rim.
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