12 de Maio de 2025
facebook twitter instagram youtube

POLÍTICA Quarta-feira, 05 de Setembro de 2018, 19:00 - A | A

05 de Setembro de 2018, 19h:00 - A | A

POLÍTICA / SELMA ARRUDA

Além das retaliações do PSDB, juíza sofre com dois pedidos de impugnação à sua candidatura

Marisa Batalha



Foto: (Reprodução/Web)

Selma

 

Em uma reviravolta inesperada, a juíza aposentada e candidata ao Senado pelo PSL, Selma Arruda ganhou o primeiro round de uma luta que promete ter muitas. Após ter o seu programa excluído da propaganda eleitoral da coligação ‘Segue em Frente Mato Grosso’ encabeçada pelo governador Pedro Taques (PSDB), o juiz eleitoral Paulo Cézar Alves Sodré, aceitou o pedido da magistrada e determinou nesta quarta-feira (5), que os 32 segundos fossem garantidos a ela. Na decisão, o magistrado ainda estabeleceu uma multa de R$ 50 mil caso a medida não seja cumprida. 

 

Mesmo que o movimento em política seja diferente, onde vento forte pode se tornar uma ventania ou não, assim imprevisível; no entanto, com as recentes posições realizadas no xadrez político, a juíza aposentada pode ter aberto uma fenda perigosa em sua campanha e até ter assegurado, mais na frente, um xeque mate a seus adversários.

 

Desde o início, Selma Arruda deu indícios claros de que estaria bastante desconfortável no arco de alianças com Taques, que disputa a reeleição pelo comando do Palácio Paiaguás. Chegou, inclusive, por meio de suas redes sociais até tocar sobre o assunto, sendo pinçada a tempo pelo seu marketing, que evitou um desastre político maior.

 

Mas sob fogo amigo, ao final, acabou sendo escanteada pelo seu companheiro de majoritária, Nilson Leitão (PSDB), que negou dividir seu tempo com ela [propaganda eleitoral gratuita] e aí o copo que estava cheio, transbordou.

 

E o que já era esperado, ocorreu. Por meio de uma coletiva a juíza aposentada anunciou seu rompimento com a coligação. Sob duas justificativas, a negativa, claro, do tucano Nilson Leitão em dividir igualitariamente seu tempo de rádio e tevê com ela e as delações de Alan Malouf e Permínio Pinto, junto ao STF. Apontando o chefe do Executivo estadual [Taques] e o deputado federal e presidente da bancada ruralista no Congresso [Leitão], como envolvidos em esquema milionário de desvios na Secretaria de Estado de Educação. Em licitações fraudadas de reformas e construções de escolas. 

 

Um esquema que serviria para ressarcir empresários que investiram na campanha de Taques, por meio de caixa dois, em 2014, quando ganhou a Governadoria.

 

As retaliações vieram em seguida com as declarações de Paulo Borges, presidente do diretório estadual do PSDB e o advogado Ussiel Tavares, secretário da sigla, de que a magistrada seria uma oportunista e que estaria usando de 'factóides' para romper com os aliados.

 

Ussiel, aliás, chegou a declarar que os tucanos fariam de tudo para que a juíza aposentada não ganhasse uma das vagas para a Senatoria.

 

Ambos lembrando que apesar do mote da juíza aposentada ser a anticorrupção, foi ela na época que, no entanto, como a responsável pela 7ª Vara Criminal em Cuiabá, de escutar o empresário. Que declarou a participação dos tucanos no esquema denunciado pelo Ministério Público Estadual, na Seduc.

 

E vídeos revelam que realmente nesta época Malouf já relatava, em colaboração com a Justiça e ainda longe da delação no STF, sobre os R$ 10 milhões repassados a Taques como caixa dois. Ao que Selma rebate com a justificativa que ela tinha informações sobre o suposto envolvimento do governador no desvio da Seduc por meio da declaração do empresário, quando ela exercia a magistratura, mas que não foram apresentadas as provas, então ela não poderia se firmar apenas em palavras de um réu.

 

Mas após as delações serem homologadas na Procuradoria Geral da República e aceitas pelo Supremo Tribunal Federal - com farta documentação de Alan e Permínio -, a candidata do PSL descobriu que haveriam fatos gravíssimos contra o governador Pedro Taques e o deputado federal Nilson Leitão.

 

Agora, para colocar mais lenha nesta fogueira, a coligação "Pra Mudar Mato Grosso III" – formada pelos partidos PHS, PSC e PTC –  entrou com ação contra Selma pedindo seu afastamento das urnas, neste pleito, sob a alegação que a magistrada se aposentou da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, sem esperar a conclusão de um suposto Processo Administrativo Disciplinar (PAD), envolvendo uma denúncia do advogado Francisco Faiad.

 

O PAD foi solicitado após Faiad ser preso por determinação de Selma Arruda na operação Sodoma, sob a acusação de receber propina quando era secretário de Administração do então governador Silval Barbosa. À época, o ex-secretário reclamou que a então magistrada cometeu irregularidades “ao manifestar opinião sobre processo em andamento e emitir juízo depreciativo sobre decisão judicial”.

 

De acordo com o pedido da coligação "Pra Mudar Mato Grosso III", o processo de Faiad contra a ex-juíza ainda tramita tanto no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e, por esse motivo, a candidata não poderia se aposentar, conforme estipula a lei.

 

Outra questão imposta no processo é o fato de Selma ainda se "propagar juíza" em sua campanha o que, segundo a denúncia, pode gerar confusão entre os eleitores dando a entender que a candidata ainda está vinculada ao Poder Judiciário.

 

O relator da ação, o juiz Ulisses Rabaneda, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), quer antes de se posicionar quanto ao processo, mais informações do CNJ e o TJ-MT a respeito do processo.

 

Já a defesa da juíza assegura - em resposta ao pedido de impugnação de sua candidatura -, que a acusação de Faiad não se tornou um PAD por se tratar apenas de uma "reclamação disciplinar".

 

"Portanto, o caminho natural é que a reclamação disciplinar seja arquivada [no CNJ], eis que a apuração realizada no TJMT [Tribunal de Justiça de Mato Grosso] demonstrou a inexistência de indícios de prática de infração ético disciplinar por parte da Impugnada; inexistindo processo administrativo disciplinar pendente de julgamento", ressaltou a defesa da candidata.

 

Mas pesa ainda contra a candidata, outro pedido de impugnação, desta vez feita pelo Ministério Público Federal.

 

No processo, a procuradora regional eleitoral Cristina Nascimento entendeu que a segunda suplente de Selma, Clérie Fabiana Mendes não teve seu nome escolhido em convenção partidária para disputa da eleição.

  ENTRE EM NOSSO CANAL AQUI  

RECEBA DIARIAMENTE NOSSAS NOTÍCIAS NO WHATSAPP! GRUPO 1  -  GRUPO 2  -  GRUPO 3

Comente esta notícia