Euziany Teodoro
Única News
Na decisão em que autorizou a realização da Operação Perfídia, que teve entre seus alvos os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), a juíza Edna Ederli Coutinho, revelou que a empreiteira HB 20, responsável pelas obras da Avenida Castorina Sabo Mendes, o “Contorno Leste" de Cuiabá, pagou propina de R$ 250 mil ao vereador Sargento Joelson e, em contrapartida, recebeu R$ 4,8 milhões em dívidas da gestão Emanuel Pinheiro (MDB).
Do montante de R$ 250 mil apontados como fruto de propina, R$ 150 mil foram transferidos via Pix para José Márcio da Silva Cunha, apontado como intermediário do vereador, e outros R$ 100 mil teriam sido pagos em espécie, nas mãos do próprio Joelson.
As transações foram confirmadas pelas agências bancárias dos envolvidos.
Após esse pagamento, os vereadores de Cuiabá aprovaram, com 20 votos a favor, o parcelamento de dívidas da Prefeitura de Cuiabá, atendendo a uma mensagem do então prefeito Emanuel Pinheiro. A empreiteira HB 20 foi diretamente beneficiada, recebendo o total exato de R$ 4.849.652,46.
A decisão não traz a informação de que Chico 2000 tenha recebido valores diretamente, mas na condição de então de presidente da Casa, teria exercido influência para que a mensagem fosse aprovada, mediante recebimento de “vantagens”, de acordo com as investigações da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor).
Com base nas informações, a juíza determinou busca e apreensão nos gabinetes e residências dos dois vereadores, assim como os afastou dos cargos e proibiu que frequentem o prédio da Câmara de Cuiabá.
Denúncia de Abílio Brunini
Em 2024, ainda como deputado federal, o atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), foi o autor da denúncia que iniciou as investigações sobre suposto esquema de propina envolvendo os vereadores Chico 2000 e Sargento Joelson, na Câmara de Cuiabá.
Abílio conta que recebeu em seu gabinete um funcionário da empreiteira responsável pelas obras do Contorno Leste e, quando viu que seria necessário ordenar quebra de sigilo bancário e telefônico, por exemplo, decidiu encaminhar à Polícia Civil.
"Sobre essa denúncia, ela aconteceu entre 2023 e 2024. Eu tinha recebido uma pessoa no meu gabinete. Essa pessoa estava muito preocupada e ela queria fazer uma denúncia. Eu falei: essa denúncia que a pessoa queria fazer não cabia a mim, porque ela cabia a outra esfera. Eu falei: ‘olha, eu posso encaminhar você até a delegacia e lá na delegacia você faz a denúncia, apresenta as provas e faz’. A documentação, como era print de WhatsApp e outras coisas, eu achei meio sensível pra poder ser apurada e caberia mesmo à própria polícia fazer a investigação, porque print pode ser manipulado. Qualquer pessoa pode pegar um print de WhatsApp e alterar", explicou ao Única News.
A Operação
A operação Perfídia cumpriu 27 ordens de busca e apreensão na cidade de Cuiabá, nas casas dos dois vereadores e nos gabinetes deles na Câmara de Vereadores da Capital, além de buscas nos sistemas e câmeras de monitoramento da própria Câmara Municipal, local onde o crime teria ocorrido.
A Deccor recebeu a denúncia de Abilio em meados do ano passado – época em que Chico 2000 ainda era presidente da Casa de Leis. Conforme a denúncia, os dois parlamentares teriam solicitado o benefício ilegal a um funcionário da empresa para aprovar uma matéria legislativa, que possibilitou o recebimento de pagamentos do ano de 2023, devidos à empresa pelo então prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).
Após a aprovação, segundo a denúncia, uma parte dos valores teria sido depositada em uma conta indicada por um dos vereadores e há indícios de que a outra parte tenha sido paga em espécie a um deles no interior de seu gabinete na Câmara, local que teria sido o “palco” da negociata ilegal.
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