Cuiabá, 08 de Setembro de 2024

POLÍTICA Terça-feira, 30 de Julho de 2024, 06:55 - A | A

30 de Julho de 2024, 06h:55 - A | A

POLÍTICA / “PÁ DE CAL”

Governo Federal deixa "VLT Cuiabano" de fora do Novo PAC e enterra sonho de Emanuel

Modal ficou de fora do programa do Governo Federal por conta das várias judicializações da obra.

Ari Miranda
Única News



Faltando quase 5 meses para o final de seu mandato, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), viu o sonho de implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ir por água abaixo no final da semana passada, após o presidente Lula (PT) deixar o modal de fora da lista de obras do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Mato Grosso.

O anúncio das obras mato-grossenses que receberão recursos do novo PAC - um total de 24 - ocorreu na última sexta-feira (26), em Brasília. Mato Grosso foi contemplado com R$ 374 milhões, que serão utilizados em melhorias no abastecimento de água, esgotamento sanitário, mobilidade urbana e prevenção a desastres naturais.

“Infelizmente não conseguimos. A Casa Civil informou ao deputado Emanuelzinho (MDB) que não tinha como incluir o VLT Cuiabano, porque já está em andamento as obras do BRT [Ônibus de Trânsito Rápido] em Cuiabá, com autorização da Justiça por uma liminar. E nenhum gestor vai investir dinheiro público em obras judicializadas”, disse o prefeito à imprensa.

Além disso, conforme Pinheiro, seu maior erro foi ter divulgado o projeto do VLT, pois segundo ele, a partir deste anuncio, seu principal inimigo político, o governador Mauro Mendes (UB) “se antecipou” e passou a acelerar as obras do BRT, buscando ainda os meios judiciais para conseguir realizar sua implantação.

Desde meados de 2020 a briga entre Mauro e Emanuel vinha se arrastando e estampou, por diversas vezes, as capas de jornais e sites da Capital.

A briga foi inclusive parar na Justiça Estadual e, posteriormente, foi para o Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2022, bateu o martelo e autorizou Mauro em definitivo a executar as obras de implantação do BRT em Cuiabá e Várzea Grande, substituindo o VLT, que deveria ter sido entregue em 2014 durante a Copa do Mundo FIFA de futebol, que teve a capital mato-grossense como uma das sedes do evento.

Em uma das vezes que tentou barrar as obras do BRT na capital, Emanuel chegou a dizer que “quem mandava em Cuiabá era ele, e ponto final". Todavia, tempos depois, o Judiciário acabou dando ganho de causa ao Governo do Estado e chegou até mesmo a impedir Emanuel de tentar interferir no andamento da obra.

Agora, com a venda recente dos vagões do VLT para o Governo da Bahia por R$ 793 milhões e com o VLT de fora dos projetos contemplados do Novo PAC, o prefeito da capital lamentou não poder entregar o modal à população.

“Era um sonho que eu tinha, de deixar esse legado para o provo cuiabano. Mas não será dessa vez”, concluiu.

Reprodução

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VLT é o maior escândalo de corrupção de MT.

“TREM FANTASMA”

Os vagões do modal de transporte estavam parados desde 2012, no Centro de Controle de Operações (CCO) do VLT, em Várzea Grande, logo após serem adquiridos pelo ex-governador Silval Barbosa.

O VLT fazia parte do conjunto de obras previstas para que a cidade pudesse receber a Copa de 2014. No entanto, dos 22 quilômetros de trilhos previstos no projeto, apenas seis ficaram prontos, em Cuiabá e Várzea Grande.

Em 2012, dois anos antes da Copa, o portal UOL denunciou que o vencedor da licitação do VLT era sabido um mês antes da entrega das propostas de consórcios concorrentes e da abertura dos envelopes.

Na época, a reportagem ouviu um assessor especial do governo de MT, que relatou as irregularidades no processo e admitiu que foram pagos R$ 80 milhões em propina para vencer a licitação.

De lá pra cá, o VLT se tornou pivô de vários desvios milionários, que culminaram em operações policiais e prisão de pessoas - entre elas, o ex-governador, Silval Barbosa - fazendo com que o modal se tornasse um dos maiores símbolos de corrupção do Brasil.

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