Marisa Batalha
(Foto Reprodução)

O jornalista e blogueiro Reinaldo Azevedo, da RedeTV, saiu em defesa do ministro Blairo Maggi(PP), neste final de semana, em matéria veiculada pelo site da Rede. Depois que o senador licenciado e ex-governador de Mato Grosso ter sido um dos alvos principais da operação Malebolge, desencadeada na última quinta-feira (14), pela Polícia Federal, na 12ª fase da operação Ararath.
Todos de ministro a deputados estaduais e federais, até prefeito e conselheiros, citados na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que estariam supostamente envolvidos no esquema bilionário de Barbosa, em pagamentos de propina ou em desvio de dinheiro público, se tornaram alvos de buscas e apreensões em suas residências, empresas ou nos espaços de trabalho.
Em uma análise mais jornalística, Reinaldo Azevedo, revela que ao resolver ler os detalhes da denúncia que envolve Maggi, que resultou na Malebolge, achou prudencial, que as autoridades tivessem mais cautela ao desmantelar a imagem do ministro, pois não via muita materialidade, mas indícios.
Sua análise, no entanto, parece se pautar em um só episódio, das dezenas que Maggi aparece nas denúncias do ex-gestor e delator peemedebista. Reinaldo se pauta em denúncia de 2008, onde Barbosa confessa ter intermediado um repasse de R$ 4 milhões, a pedido de Blairo e de Mauro Mendes(PSB), ex-prefeito de Cuiabá, a um deputado do PMDB. Objetivo? Comprar seu apoio para evitar que um adversário de Blairo, se tornasse o candidato do partido à Prefeitura da capital.
Ainda diz que consta, inclusive, na denúncia que Rodrigo Janot, teria dito que 'Blairo seria a figura mais proeminente da organização criminosa'.
Na sua análise, o jornalista ainda frisa que não conhece Maggi, tendo apenas cumprimentado o ministro em uma certa ocasião que ele visitou a empresa onde trabalhava. Como forma de reiterar seu 'diagnóstico jornalístico', com a maior impessoalidade possível, pautando-se na argumentação da inconsistência da denúncia.
'Minha ligação com Magi não passou de um Boa tarde! Como vai? Assim, não vou aqui, com base em conhecimento pessoal, atestar sua inocência. Mas a coisa parece bem pouco consistente'.
E para construir uma possível tese do contraditório, ressalta que as empresas de seu grupo - a Amaggi -, faturam R$ 100 bilhões por ano. Desta forma, sob sua ótica seria muito pouco dinheiro, para quem tem muito, 'para comprar o apoio do tal deputado. Pois é de tal sorte complicado. Assim, procurem se informar, que parece pouco provável que Blairo se metesse nesta lambança. Se quisesse comprar alguém, encurtaria o caminho'.
Mas daí por diante - mesmo não querendo atestar a inocência do ministro, mas claramente com um texto fazendo sua defesa - parece que Reinaldo comete alguns pequenos equívocos, e pautados neles, o jornalista pode mesmo acreditar que Maggi estaria bem longe 'desta lambaça'.
Vê-se com clareza um destes equívocos quando o blogueiro chama a atenção de seu leitor '...Venham cá: Blairo, sendo quem é, estruturaria uma organização criminosa para ganhar eleições em Cuiabá? E mais: mandado de busca e apreensão em sua casa de Brasília, em 2017, por algo acontecido no Mato Grosso do Sul em 2008? Vocês acham isso ao menos verossímil? Pensam mesmo que se pode encontrar lá algum documento comprometedor sobre o suposto pagamento de um agrado que acabou ficando, segundo consta, em R$ 3,3 milhões?'.
'Cuiabá, em Mato Grosso do Sul?' Cuiabá- MT e Campo Grande, MS. Um erro, aliás, muito comumente cometido por alguns jornalistas que trabalham em veículos de comunicação em nível nacional. Mas, que neste caso, altera grandemente sua importância, pois o equívoco pode ter criado um viés. Ou então o blogueiro só quis mesmo, apesar do erro geográfico, dizer que com tanto dinheiro e prestígio, Maggi não cometeria um erro de amador por causa de Mato Grosso (na matéria de Reinaldo, MS)!
Ainda que diga que modestamente, seus 'radares são bons', ao assegurar que 'o ministro Luiz Fux parece estar atuando com certa sede de protagonismo nessa história'.
'Um dos mantras de ministros com o seu perfil, e Roberto Barroso é outro, é o famoso: Todos são iguais perante a lei”. Ora, claro! Barroso mandou abrir um inquérito para investigar o presidente Michel Temer, com base em outra acusação notavelmente estúpida de Janot envolvendo o porto de Santos, com tal desculpa. Engrolou lá algo como: “Não é porque é presidente que não se vai investigar”. Fux disse algo semelhante sobre Blairo'.
'Devagar aí! Se não se deve deixar de investigar esse ou aquele em razão do cargo que ocupa, também não cabe investigar esse ou aquele só em razão do cargo, sem atentar para a qualidade da acusação ou da denúncia feitas'.
Maggi, na Malebolge, e agora longe de qualquer equívoco, foi o grande destaque da operação. Também por razões óbvias: ministro, senador licenciado, ex-governador de MT e um dos homens mais ricos do país (como presidente do Grupo Amaggi), segundo a Revista Forbes.
Prova disto, que o ministro do Mapa foi o grande destaque do Jornal Nacional - da TV Globo -, em uma repercussão absolutamente negativa, na noite de quinta-feira. Já que a reportagem deu ampla cobertura às buscas e apreensões realizadas em seu apartamento no prédio funcional do Senado Federal, na Asa Sul de Brasília. E em Mato Grosso, em uma sala comercial em Cuiabá e na sua residência, em Rondónopolis.
A reportagem, aliás, mostrou paripassu o trabalho dos agentes federais, nas apreensões realizadas contra o ministro progressista, como documentos e computadores que foram 'sequestrados' nos seus vários enndereços.
Assim, o blogueiro da RedeTV, ao se pautar em uma só denúncia, além de errar o Estado e parecer menosprezá-lo, acabou realizando uma defesa frágil para Blairo.
Pois as buscas autorizadas pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sob argumento de indícios, por parte de Maggi, de obstrução à Justiça, após ser denunciado pelo ex-gestor estadual peemedebista, Silval Barbosa, que em delação premiada confessou que ele[Silval] e Maggi teriam pago R$ 6 milhões ao ex-secretário Eder Moraes, para mudar depoimento dado à Justiça em 2014, em suposta compra de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. O que Eder realmente fez.
O JN ainda revelou que o ministro supostamente teria enviado um recado para Barbosa, pelo senador Cidinho Santos(PR), quando o ex-gestor ainda estava preso no Centro e Custódia de Cuiabá, onde ficou por quase dois anos. Maggi teria mandado avisar que iria tentar anular as investigações contra o peemedebista, em troca do silêncio de Silval.
Agora, obviamente, o jornalista está correto em pedir cautela às autoridades, pois ao colocar alguém como Maggi, ao escrutínio público, sabe-se de antemão que sua imagem de empreendedor e de bom moço foram desgastadas.
Assim, ao final de seu texto ele usa com habilidade o princípio da razoabilidade - termo jurídico que significa bom senso -, quando diz que não conhece Blairo, 'mas os que conhecem Maggi atestam que ele é um homem correto'.
'...Mas não quero que vocês se fiem nisso. Também nesse caso, recomendo que se tome um tanto de cuidado. Se não posso, aqui, atestar a inocência de ninguém, uma coisa afirmo sem medo de errar: Fux está tentando, digamos, cuidar preventivamente de sua reputação — acho que há um potencial desgaste de sua biografia se desenhando pela frente — ao ordenar uma estrepitosa ação contra um ministro. E Janot, o pai da denúncia, não é alguém especialmente reconhecido pela isenção e pela qualidade técnica nessa área', finaliza Reinaldo.
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