Fernanda Nazário
Única News

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, Leonardo Campos, revelou, em entrevista à rádio Capital FM nesta quinta-feira (11), que o coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), do Ministério Público Estadual (MPE), promotor de Justiça Domingos Sávio, recusou as delações dos politicais militares investigados no esquema de escutas telefônicas ilegais, que ficou conhecido como a "Grampolândia Pantaneira".
“Quais foram os fundamentos? É isso que a Ordem quer saber. Não estamos questionando a decisão, muitas vezes ele [Sávio] pode estar coberto de razão. Tem que vir a público, a sociedade clama hoje por transparência”, disse Leonardo, que ainda pediu uma resposta a Domingos com argumentos jurídicos.
O clima tenso continuou após Sávio ligar no programa a fim de esclarecer as acusações e questionamentos. Ele rebateu o advogado alegando que não está em palanque onde pode ‘falar qualquer coisa’. “Na seara jurídica, os argumentos são jurídicos”, respondeu o coordenador do Naco.
O coordenador disse que não aceitou o acordo de delação porque o ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, Zaqueu Barbosa, coronel Evandro Lesco e cabo Gerson Corrêa, investigados por grampos ilegais, não tinham nada de novo para apresentar. Se a delação fosse homologada, os investigados teriam a pena reduzida, o que, segundo Sávio, é injusto.
“Aí o camarada, nessa situação, procura já com a corda no pescoço para homologar uma delação premiada e falando as mesmas coisas que já se falou, já se investigou e todo mundo já sabe, e você acha que o Ministério Público tem que fazer uma colaboração e fazer com que essa pessoa pegue uma pena reduzida? É justo? “, perguntou o coordenador.
Campos também questionou os motivos que levam Sávio pedir ao Tribunal de Justiça a exclusão da OAB no acompanhamento das investigações sobre os grampos. A Ordem é autora da notícia-crime contra promotores supostamente envolvidos no esquema. O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ), Orlando Perri, negou o pedido do procurador e deu um prazo de 30 dias para terminar as investigações.
“Ele [Sávio] precisa vir à sociedade e dizer porque eles querem investigar intramuros, porque eles não querem que a sociedade acompanhe as investigações que tramitarão no Ministério Público, porque não quer o acompanhamento da OAB. E não me venha com argumentos jurídicos. É por que existe indícios de participação de procuradores? É preciso dar o exemplo”, critica o presidente.
“Agora eu pergunto porque que a OAB não pega na mão do juiz e desembargador para fazer uma decisão? Cada macaquinho seu galho”, rebateu Sávio.
O esquema
O caso veio à tona em 2017, na gestão Pedro Taques, por interceptação de políticos, jornalistas e advogados, entre 2014 e 2017.
As investigações apontaram que os membros da Polícia Militar aproveitaram uma investigação relacionada ao tráfico de drogas na região de Cáceres (a 250 km de Cuiabá), para inserir números telefônicos de políticos adversários ao governo, médicos, advogados, parlamentares, jornalistas, servidores públicos e até desembargador aposentado de Mato Grosso, em um pedido de quebra de sigilo.
O requerimento para as interceptações teria sido encaminhado ao MPE, que por sua vez formalizou a solicitação à Justiça estadual. A autorização teria partido do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que não teria tido conhecimento de que nem todos os números relacionados pela PM estavam relacionados com o crime tratado no processo.
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