Aline Almeida - Revista Única
Ar seco, baixa umidade e queimadas, combinações que nesta época do ano aumentam e trazem riscos à saúde. De acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando se fala em umidade do ar, índices inferiores a 60% não são adequados para a saúde humana. Além disso, esse estado crítico do clima torna mais graves os efeitos da poluição, pois a dispersão de poluentes é comprometida. As altas temperaturas, combinadas com a poluição e baixa umidade do ar, podem trazer sérios riscos à saúde, como dermatites e problemas respiratórios. Médica alergista, Anny Caroliny Macedo explica que o clima seco promove um ressecamento das mucosas do sistema respiratório, o ar seco retira a umidade das mucosas nasais, o que as torna mais sensíveis e inflamadas. "Essa inflamação facilita a penetração de alérgenos e a liberação de histamina, substância que causa os sintomas alérgicos. Em uma tentativa de compensar o ressecamento, o organismo pode produzir mais muco, levando ao congestionamento nasal e à tosse. Os vasos sanguíneos das mucosas se dilatam, aumentando o fluxo sanguíneo e causando vermelhidão e inchaço", diz. Anny destaca que a baixa umidade do ar facilita a proliferação de alérgenos, como poeira, ácaros e pelos de animais, intensificando esses sintomas alérgicos.
"Além disso, aqui em Cuiabá, essa poeira fica densa, parada e, quando não venta muito, fica ainda mais concentrado. E quando há vento, ele pode transportar esses alérgenos por longas distâncias, aumentando também a exposição." A médica confirma que a demanda por atendimentos em consultórios costuma aumentar significativamente durante períodos de clima seco. A intensificação dos sintomas alérgicos, como rinite, sinusite e asma, juntando com a piora das dermatites atópicas e conjuntivite ocular, leva muitas pessoas a buscar auxílio médico para controlar os incômodos e evitar complicações. No caso das alergias respiratórias, Anny Macedo diz que os principais gatilhos durante o clima seco são: poeira doméstica como os ácaros, pelos de animais, fragmentos de insetos e outros alérgenos presentes na poeira, que podem desencadear reações alérgicas. Outro gatilho é a concentração de pólen no ar, que aumenta em determinadas épocas do ano, especialmente na primavera, e pode causar sintomas alérgicos em pessoas sensíveis. Ambientes úmidos e com pouca ventilação favorecem o crescimento de mofo, que pode desencadear reações alérgicas. Por fim, a poluição do ar pode agravar os sintomas alérgicos e irritar as vias aéreas. As pessoas asmáticas ou com condições respiratórias preexistentes são particularmente vulneráveis a agravamentos durante o clima seco.

"O clima seco promove um ressecamento das mucosas do sistema respiratório, o ar seco retira a umidade das mucosas nasais, o que as torna mais sensíveis e inflamadas. Essa inflamação facilita a penetração de alérgenos e a liberação de histamina, substância que causa os sintomas alérgicos", diz Anny Caroliny Macedo.
O ressecamento das vias aéreas e a maior exposição a alérgenos podem desencadear crises mais frequentes e intensas de falta de ar e tosse. Anny orienta que, para minimizar sintomas, é preciso manter os ambientes sempre limpos. "Limpe regularmente a casa, troque roupas de cama e cortinas com frequência, utilize aspirador de pó com filtro HEPA e evite o acúmulo de poeira. Utilize umidificadores para aumentar a umidade do ar nos ambientes internos, mas evite o excesso de umidade, que pode favorecer o crescimento de mofo. Mantenha os ambientes bem ventilados, abrindo janelas sempre que possível, mas evite horários de maior poluição", frisa. Outra dica é utilizar filtros de ar em casa e no carro para reduzir a exposição a alérgenos e poluentes. Também identificar os seus alérgenos específicos e evite a exposição a eles, como animais de estimação, plantas e produtos de limpeza com fragrâncias. "Mantenha uma rotina de higiene nasal, lave o nariz com soro fisiológico regularmente para remover alérgenos e manter as vias aéreas hidratadas", ressalta. Além das medidas preventivas, algumas mudanças na rotina podem ajudar a aliviar os sintomas. Uma delas é beber bastante água para manter as mucosas hidratadas.
Ter uma alimentação equilibrada com uma dieta rica em frutas, legumes e verduras pode fortalecer o sistema imunológico. Evitar alimentos inflamatórios, reduzindo o consumo de alimentos processados, açúcares, alimentos ricos em gordura saturada e alimentos que causam alergia ou intolerância alimentar. A prática regular de atividades físicas pode melhorar a função pulmonar e reduzir a inflamação. Lembrando sempre de realizar em horários onde a exposição a poluentes é menor. Também o gerenciamento do estresse, isso porque o estresse pode agravar os sintomas alérgicos, por isso, procure praticar técnicas de relaxamento. "Se os sintomas alérgicos forem intensos, persistentes ou interferirem na sua qualidade de vida, é importante procurar um especialista. O médico poderá indicar o tratamento mais adequado, que pode incluir o uso de medicamentos como anti-histamínicos, corticóides nasais e broncodilatadores. Pode também realizar testes, na procura do agente causador e assim evitar gatilhos", completa Anny Caroliny Macedo.
Impactos na pele A pele também sofre os impactos do clima seco, combinado com baixa umidade e queimadas. É o que explica a dermatologista Karin Krause Boneti. A médica enfatiza que o tempo seco e as queimadas podem ter efeitos significativos na saúde. "Como a pele é o órgão em conexão direta com o meio externo, acaba sentindo de forma mais intensa os impactos gerados pelas oscilações na umidade e pelo contato com os resíduos provenientes dessas queimadas, agravando condições preexistentes e causando novos problemas", afirma. Conforme a dermatologista, um dos principais sintomas sentidos na pele é o ressecamento, já que o ar seco retira a umidade da pele. "A barreira cutânea, que protege contra agressões externas, pode ser comprometida, resultando em pele mais sensível e propensa a irritações." Karin pondera que outro problema bastante comum nesta época do ano é o agravamento de certas condições dermatológicas, como dermatite atópica, eczema e psoríase. A falta de umidade pode desencadear crises, com aumento da coceira, vermelhidão e descamação da pele. Além disso, problemas como alergias e irritações causadas pela fumaça das queimadas, que contém partículas finas e produtos químicos, irritam e causam alergias e erupções cutâneas.
(Foto: Arquivo Pessoal)

"Como a pele é o órgão em conexão direta com o meio externo, acaba sentindo de forma mais intensa os impactos gerados pelas oscilações na umidade e pelo contato com os resíduos provenientes dessas queimadas, agravando condições preexistentes e causando novos problemas", afirma Karin Krause Boneti.
"O envelhecimento precoce é outro ponto que tem sido muito discutido recentemente nos fóruns sobre os efeitos epigenéticos sobre a pele e pode acelerar o processo de envelhecimento", complementa. Exacerbação de quadros de acne e oleosidade também podem ocorrer como um mecanismo compensatório do organismo ao ressecamento, fazendo com que o corpo aumente a produção de oleosidade. As mucosas, os pés e as mãos também sofrem e pode haver fissuras e rachaduras. Por isso, a médica frisa que os cuidados recomendados nesta época do ano devem ser redobrados. Algumas orientações a serem seguidas são: usar hidratantes adequados ao seu tipo de pele para manter a barreira cutânea saudável. A proteção solar, já que a pele ressecada é mais vulnerável aos danos solares, então não se deve esquecer de usar protetor solar. Fazer limpeza suave da pele, optando por produtos de limpeza que não removam a oleosidade natural da pele. A dermatologista destaca a necessidade de beber bastante água, uma vez que a hidratação de dentro para fora é fundamental para a saúde da pele. Aconselha ainda o uso de máscaras e umidificadores. "Em regiões afetadas por queimadas, usar máscaras pode ajudar a proteger a pele e os pulmões, enquanto umidificadores podem melhorar a umidade do ar em ambientes internos. Manter uma rotina de cuidados específicos para essas condições pode ajudar a proteger e manter a pele saudável, mesmo diante dos desafios impostos pelo tempo seco e pelas queimadas", confirma Karin Krause Boneti.
Medidas estudadas O Ministério da Saúde criou a Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde. O mecanismo é uma ferramenta de gestão para planejar respostas às emergências, como secas prolongadas, escassez de água, queimadas e outras ocorrências relacionadas ou agravadas pela mudança do clima. Criada no dia 01 de agosto de 2024, sob coordenação do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DVSAT) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), a sala passará a monitorar situações emergenciais relacionadas às secas prolongadas e inundações, queimadas, aumento de temperaturas e ondas de calor no Brasil. A sala de situação tem como objetivo planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas em momentos de urgência.
“Os fenômenos extremos climáticos estão se tornando mais intensos e mais frequentes. Isso tem impacto na saúde humana. A sala de situação facilita a articulação interministerial e interinstitucional. Para o próprio ministério, facilita a ações, como nos comunicarmos melhor com a população sobre os riscos decorrentes das emergências do clima”, explica Agnes Soares da Silva, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde. Entre as atribuições da sala está a elaboração de orientações para resposta rápida frente as emergências climáticas, promover a articulação com gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS) e divulgar as informações relativas à situação de saúde das regiões afetadas por estes eventos. “Hoje, vivenciamos uma situação de seca extrema na região Amazônica, por causa do El Nino, e também de seca extrema no Pantanal, com queimadas. A seca demanda articulação para proteção da população tanto para efeitos da exposição à poluição atmosférica, como dos riscos de incêndios. Outra preocupação é a diminuição do acesso à água de qualidade nas duas situações”, afirma Bruno Guimarães, representante do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
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