Christinny dos Santos
Única News
A empresária Julinere Goulart Bastos confessou ter contratado o cabo PM Jackson Pereira Barbosa, para matar o advogado Renato Gomes Nery, assassinado a tiros em julho de 2024. Segundo a criminosa, além da insistência do marido, ela tinha muita raiva do jurista por ter “tomado suas terras”. A confissão foi um dos elementos utilizados pela juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), para manter a prisão do casal esta semana.
Jackson mora no mesmo condomínio e é vizinho de Julinere, em Primavera do Leste. Investigações da Polícia Civil apontam que ele intermediou o crime, contratando como executor o 3º Sargento PM Heron Teixeira, que terceirizou o homicídio para seu caseiro, Alex Roberto de Queiroz Silva. O cabo também foi um dos alvos da Operação Simulacrum, que investiga a formação de suposto grupo de extermínio composto por policiais militares.
A magistrada destacou que ao ser presa, em um primeiro depoimento ao delegado de polícia, Julinere confessou o crime, apesar de alegar ter desistido da ação.
“Julinere, na data que foi efetuada a sua prisão, foi além. Julinere confessa perante essa autoridade que deu o mando a Jacskon para matar o Advogado, mas que segundo ela teria desistido. Alegou que seu marido sempre chegava alcoolizado e sempre com a mesma conversa que teria que matar o Advogado”, diz trecho do inquérito policial anexado aos autos.
Conforme o documento, a empresária confessou ter muita raiva de Nery, em razão da disputa de terras na qual ambos estavam envolvidos. “Perguntado porque Julinere queria matar Renato, a mesma afirmou que Renato teria tomado suas terras e tinha muita raiva dele”, consta no documento.
A empresária afirmou ainda que, após contratar Jackson, passou a sofrer extorsões, não só dele, como de outras pessoas ao seu redor. Ela disse ainda que tinha medo de Jacskon, em razão de diversos homicídios que ele teria praticado, temendo a própria morte caso revelasse o que sabe.
Apesar disso, Julinere foi controversa e alegou não saber muito sobre a morte de Renato, citando outras duas pessoas como possíveis autores intelectuais da morte de Renato, juntamente com outras pessoas que não saberia dizer.
Orientada por seu advogado, Julinere deixou de responder às perguntas em conversa com o delegado e decidiu não falar na Delegacia, por isso o depoimento é considerado informal.
Crime e mandantes
Renato Gomes Nery foi baleado na manhã do dia 05 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, localizado na Av. Fenando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Pelo menos um, de sete disparos, atingiu a cabeça do advogado, que chegou a ser socorrido e passar por cirurgia, mas morreu no dia seguinte ao atentado. Desde então, a Polícia Civil já deflagrou ao menos três operações de busca e apreensão contra possíveis envolvidos.
Dezoito dias antes de ser executado, Nery procurou a OAB e registrou uma denúncia contra um colega de profissão. Renato acusou o colega de se apropriar e negociar áreas que totalizavam 2.579 hectares, que ele havia recebido como honorários de uma de reintegração de posse de uma terra localizada no leste do estado. Renato advogou no caso em 1988 e, desde então, lutava para obter a parte da terra a que tinha direito.
Durante as investigações, a Polícia Civil teria colhido provas sólidas do envolvimento do casal na disputa de terras que motivou a execução. Dois anos antes de sua morte, Renato e seu sócio conseguiram na Justiça o direito sobre uma das áreas. Julinere, porém, contratou um perito especialista em grafotécnica e documentoscopia, Cláudio Natal, para verificar possíveis inconsistências na documentação.
Segundo o perito, Nery teria falsificado as assinaturas do idoso proprietário daquela área de terra para ter a posse do mais de 2 mil hectares. Mais tarde, a falsificação teria sido reconhecida por peritos da própria Perícia Oficial e Identificação Técnica do Estado de Mato Grosso (Politec). Então, de acordo com a Polícia Civil, Julinere e Cesar mandaram matar o advogado.
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