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CIDADES Sábado, 05 de Setembro de 2020, 16:19 - A | A

05 de Setembro de 2020, 16h:19 - A | A

CIDADES / FINAL FELIZ

Sem medir esforços, médica de MT salva recém-nascido e se torna madrinha do bebê

Elloise Guedes
Única News



Em meio a tantas notícias tristes nesse momento de pandemia do novo coronavírus, ainda existem histórias de pessoas que espalham o amor, com a solidariedade e humanização. É o caso da médica pediatra Monnize da Costa Dias, que com seu profissionalismo e sensibilidade, ajudou um bebê com poucas horas de nascido a sobreviver, no município de Diamantino (a 209 km de Cuiabá).

Monnize é pediatra há seis meses no Hospital Maternidade São João Batista, que fica em Diamantino. A história dela com o pequeno David começou no dia do nascimento dele, na véspera do Dia das Mães desse ano, em 9 de maio. David nasceu de parto normal, pesando 2,990 gramas e 48 cm, e seu primeiro contato foi com a Dr. Monnize.

Após 4 horas de nascido, o bebê começou a apresentar alguns problemas de saúde e precisou de atenção especial para seu caso. Foi quando começou a luta da pediatra contra o tempo para salvar a vida do recém-nascido.

"Fui o seu primeiro colo neste mundo externo e ali naquele momento nem imaginava o quanto estaríamos ligados um ao outro. Após 4 horas de nascido, David começou apresentar um quadro clínico de cianose (cor azulada/acinzentada) central, no alojamento conjunto, imediatamente o levamos para a sala de cuidados do recém nascido e ali constatei que se tratava de uma cardiopatia congênita grave", relatou a doutora.

De acordo com a médica, a cianose traz uma coloração azulada que surge na pele ou nas mucosas, sendo mais comum na extremidade dos dedos e nos lábios, que acontece quando os tecidos não recebem a quantidade adequada de oxigênio.

A doutora contou ainda, que logo depois de perceber o quadro em que o David se encontrava, começou a batalha para tentar estabilizar a saúde dele. Como o hospital não possuía todos os equipamentos que o bebê precisava naquele momento, a doutora deu um jeito para que ele sobrevivesse, improvisando o aparelhamento, até conseguir uma vaga de UTI neonatal, pois o pequeno David precisava de uma vaga com urgência.

"Contei com o apoio de uma equipe maravilhosa que não mediu esforços para me ajudar no que foi preciso", agradeceu

"Às 21:30h começou a minha batalha para mantê-lo vivo, com os meios de trabalho que eu possuía no momento. Por se tratar de uma Maternidade de baixo-risco, este paciente deveria ser transferido imediatamente para uma UTI neonatal. Contei com o apoio de uma equipe maravilhosa que não mediu esforços para me ajudar no que foi preciso ali dentro do Hospital, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticas, cirurgião geral, laboratório, ortopedista, obstetra, técnico em imagem, recepcionista, só nós sabemos o que passamos. O plantão parou em prol do David", lembrou a médica.

Sem medir esforços, a médica continuou nas buscas por uma vaga na UTI, para o pequeno David. No momento da busca por uma vaga, o quadro de saúde do bebê seguia estável. Mesmo medicado, ele ainda precisava urgentemente de tratamento intensivo. Monnize não tirava os olhos de David. Naquele dia não jantou e, quando se deu conta, já eram 2h da madrugada do dia 10 de maio, Dia das Mães.

"Fiz a regulação, via central do estado de MT, solicitando vaga de uti neonatal urgente, a qual não havia naquele momento e tão pouco previsão de surgir uma. Já eram 2 da manhã, eu não tinha jantado, não tinha tomado banho, não tinha tirado meus olhos de perto dele. Atualizava o seu boletim a todo momento, implorando pela vaga, conversei nos hospitais, conversei com colegas de profissão e nada. Pedi uti aérea, porém o avião não poderia pousar a noite porque o aeroporto da cidade não tinha a iluminação necessária na pista e nem autorização", relatou.

Reprodução

Monnize Dias

 

Após muita espera, às 7h da manhã do dia 10 de maio, a médica voltou a ligar na regulação pra ver a situação da vaga. E para sua surpresa havia uma vaga no Hospital Julio Muller, em Cuiabá. O único problema era que a transferência não poderia ocorrer de modo terrestre, pois David já havia esperado muito tempo sem o tratamento adequado.

"Foi quando, às 7h da manhã, conversando novamente na central de regulação, houve a possibilidade da vaga, que só foi confirmada as 9 da manhã. Fiz novamente o requerimento da UTI aérea, implorando que liberassem esse meio de transporte, pois de ambulância terrestre o David não aguentaria. As 10h a UTI aérea foi liberada, pois já estava de manhã e sendo assim o avião poderia pousar. Até resolver toda a parte burocrática, avisar e organizar a equipe, se levaram mais 2h, quando às 12:15h do dia 10/05/2020 (domingo de dia das mães) o avião pousou em Diamantino e entreguei o David com vida para a equipe que o levaria até o Hospital Universitário Julio Muller", disse Monnize.

Ao chegar no hospital, David começou a receber todo tratamento adequado. Segundo a médica, ele passou por muitas cirurgias ao longo de três meses, para conseguir uma estabilização. Mesmo longe, Monnize sempre fez questão de acompanhar o quadro de saúde do bebê.

Dias depois de internado no Hospital Julio Muller, o recém-nascido precisou ser transferido para um hospital em São Paulo, na cidade de Rio Preto, onde precisou fazer uma cirurgia no coração. Ele retornou para Mato Grosso e continuou o tratamento internado. David ficou seus três primeiros meses de vida internado, lutando para sobreviver.

"Todo esse tempo (3 meses) esteve internado, foi para cidade de Rio Preto-SP, onde foi operado com sucesso, retornou para Cuiabá onde permaneceu internado para sua reabilitação. E tudo isso através do SUS. Hoje retorna para Diamantino para finalmente conhecer a sua casinha e seus irmãos. Curado, por obra do Senhor", disse a médica, emocionada ao lembrar a trajetória.

"Hoje retorna para Diamantino para finalmente conhecer a sua casinha e seus irmãos. Curado, por obra do Senhor"

Monnize ficou muito feliz ao reencontrar o pequeno David, que finalmente foi pra casa e está se recuperando bem e saudável. "O pequeno David lutou muito para sobreviver. Eu entreguei ele pra UTI aérea de coração partido pensando que ele não iria sobreviver. Agora ver ele praticamente recuperado me dá bastante alívio", disse a médica.

Devota de Nossa Senhora Aparecida, a médica informou ao site Única News que irá pagar uma promessa que fez no momento em que ajudava David lutar para sobreviver.

"Eu tenho bastante fé e sou devota de Nossa Senhora Aparecida. Eu vou até Aparecida em São Paulo para pagar a promessa que fiz, enquanto David estava comigo, preciso cumprir!", destacou a médica.

Após passar todos esses meses internado e realizando tratamentos, a mãe retornou com David ao hospital. Após a consulta, Monnize foi convidada para se tornar madrinha de David.

"Eu fiquei muito feliz com o convite, nem esperava, pois a mãe levou o David até a consulta e não me falou. Na hora que chegou em casa, ela me mandou uma mensagem fazendo o convite, eu fiquei bastante emocionada", contou Monnize.

A médica ainda agradeceu a equipe de profissionais que a ajudou a salvar a vida do pequeno David. "Obrigada a todos os envolvidos, a todos os profissionais que dele cuidaram, a todos aqueles que rezaram e pediram por sua vida. Todos vocês foram importantes nessa história", finalizou.

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Vicente Nobres 05/09/2020

Há se todas fossem iguais a você ! Médico é paciência , carinho e dedicação ... um verdadeiro sacerdócio. PARABÉNS DRA MONNIZE , tenho certeza que Diamantino e todas as crianças da região te agradecem ... Parabéns pela Fé e sensibilidade.

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1 comentários