06 de Junho de 2025
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POLÍCIA Quarta-feira, 04 de Junho de 2025, 16:10 - A | A

04 de Junho de 2025, 16h:10 - A | A

POLÍCIA / “CAUTELA E SANGUE FRIO”

Prints mostram como intermediário e executor planejaram morte de Zampieri; veja

Durante a troca de mensagens, o executor diz ao intermediário que está agindo com calma para não perder a chance de matar o jurista. O intermediário concorda e diz que o parceiro deve agir com “cautela e sangue-frio”

Christinny dos Santos
Única News



Capturas de tela entre da conversa entre Antônio Gomes da Silva e Hedilerson Fialho Martins Barbosa mostram os dois planejando a morte do advogado Roberto Zampieri, executado em dezembro de 2023, em frente ao seu escritório no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. Durante a troca de mensagens, o executor diz ao intermediário que está "agindo com calma para não perder a chance de matar o jurista". O intermediário concorda e diz que o parceiro deve agir com “cautela e sangue-frio”.

Roberto Zampieri foi morto a tiros no dia 5 de dezembro de 2023, quando deixava seu escritório, localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. O assassino ficou de tocaia esperando a vítima sair e o atacou no carro, uma Fiat Toro, com pelo menos 10 tiros.

Acompanhe o caso

Antônio, o executor do crime, e Zampieri se conheceram semanas antes do crime. Ele se passou por padre e chegou a ir até o escritório de ado advogado um dia antes do crime - a cena foi registrada pela câmera de monitoramento do local (veja vídeo abaixo).

As conversas obtidas por Aguirre Talento, colunista do UOL, mostram que enquanto Antonio se aproximava de Zampieri, contava os detalhes para Hedilerson, que contratou o pistoleiro a mando do financiador do crime, o coronel do Exército Brasileiro, Etevaldo Caçadini Vargas. Uma semana após o primeiro encontro entre executor e vítima, o criminoso enviou uma mensagem a seu contratante, informando que ainda estava tentando ganhar a confiança de Roberto.

"Igual eu te falei, sô. Se eu chegasse no primeiro dia aqui e me turbiasse [tivesse um atitude suspeita], qualquer vacilo que eu desse, ele não ia me receber na segunda vez de jeito nenhum. E nem me passar os áudios, nem aquelas fotos lá, entendeu? Então tem que ser na calma, muito bem feito, bem trabalhado, pro cara, ocê olhar no olho do cara assim, e passa confiança pra ele, entendeu?", teria dito Antônio em uma mensagem de áudio, transcrita nos autos da investigações.

Em troca de mensagens, os dois tentavam camuflar o real contexto da conversa. Antônio Gomes era o "empreiteiro", enquanto o coronel Caçadini seria o "engenheiro", contratante da "obra". Em certa data, o pistoleiro escreve para o intermediário: “fala para o engenheiro que está tranquilo, os resultados”, “cautela e parcimônia”. Como resposta, ele recebe um “ok” e é avisado de que Caçadini receberá o “cronograma da obra”.

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Dias depois, Caçadini contata Hedilerson, como que o pressionando para terminar o “serviço”, pois o cliente estava ansioso. “Será que termina hoje? O cliente só fica me perguntando, está ansioso!! Não tem ideia de como são essas festas e a segurança!!!? [sic]”, escreveu.

Hedilerson repassa a informação para Antônio, mas destaca “entendo a preocupação deles. Mas temos que executar o trabalho com segurança”, ao que o pistoleiro responde: “isso mesmo. Eu não fico desesperado nestes casos para não errar. Pressão 12/8 (risos)”. O intermediário concorda, reforçando: “cautela e sangue-frio”.

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Em certa data, Antonio chegou a tratar com Zampieri para visitar terras no interior do estado, onde planejava matá-lo, mas o plano foi frustrado, quando o advogado enviou um representante em seu lugar. Ele chegou a informar Hedilerson, dizendo que estava “na espreita”, apenas aguardando a primeira oportunidade.

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Após a falha, Hedilerson embarcou com sua arma em um voo para Cuiabá. Durante audiência de instrução e julgamento, Antonio alegou que precisava de uma arma e pediu para que ele viesse à cidade, pois seria a maneira mais fácil já que, como CAC, ele poderia viajar o país todo com o equipamento. No entanto, quando o instrutor de tiro chegou à capital mato-grossense, o pistoleiro alega ter pegado o armamento “sem que ele soubesse”.

O pistoleiro afirmou que foi contratado por R$ 40 mil para matar Zampieri, tendo recebido a metade de forma adiantada. Além disso, Antônio afirmou ainda que tanto Hedilerson como o coronel Etevaldo Caçadini Vargas, suposto financiador do crime, foram associados ao caso apenas por estarem na lista de contatos de seu celular. Mas só deve revelar o mandante do crime quando for a julgamento pelo Tribunal do Júri.

Comando C4

O grupo criminoso que se autodenominava "Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos" era formado pelo coronel da reserva do Exército, Etevaldo Caçadini de Vargas, Anibal Manoel Laurindo, Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins e Gilberto Louzada da Silva, todos envolvidos na morte do advogado Roberto Zampieri, em novembro de 2023.

Aníbal foi identificado como mandante do assassinato do jurista; Coronel Luiz Caçadini foi o financiador; Antônio o atirador e Hedilerson o intermediário que emprestou a pistola 9mm para matar o advogado. Todos foram alvos de mandado de prisão preventiva nesta nova fase de operação que, além de investigar o assassinato de Zampieri, ainda apura um esquema de venda de sentenças no Judiciário de Mato Grosso e servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A organização criminosa mantinha, segundo a PF, "uma espécie de tabela de valores atribuídos à execução de homicídios, cujos preços variavam conforme a função exercida pela vítima". Entre as possíveis vítimas estariam nomes de parlamentares e autoridades do Judiciário.

O Comando C4 cobrava R$ 250 mil para executar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), R$ 150 mil se o alvo fosse senador, R$ 100 mil se fosse deputado federal e R$ 50 mil se fosse "um cidadão comum".

Os preços estão descritos em uma tabela encontrada por agentes federais durante busca e apreensão em fases anteriores.

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