Euziany Teodoro
Única News
Depois de mais de 14 horas de sessão plenária, o vereador Abílio Brunini Jr (DC) teve seu mandato cassado pela Câmara de Cuiabá. Ele respondia processo de cassação por quebra de decoro parlamentar, abuso de prerrogativa e calúnia. Foram 14 votos a favor e 11 votos contra.
O processo se originou em denúncia do suplente de Abílio, Oséas Machado, devido a dois fatos: uma fiscalização que Abílio fez no Hospital São Benedito, onde foi acusado de invadir, constranger e agir contra o decoro esperado de um vereador; e por um vídeo que ele publicou nas redes sociais – apagado logo depois – em que acusa quatro vereadores de o terem ameaçado de morte, acusação que nunca comprovou.
O vereador é polêmico, foi protagonista de inúmeros episódios de discussões e constrangimento dentro e fora da Câmara. Com vários inimigos declarados, o resultado já era esperado. Ele próprio já falava em tom de derrota em suas redes sociais, na noite de quinta-feira (5).
Câmara de Cuiabá
"Amanhã pode ser meu último dia. Se for cassado fico 8 anos sem pode ser candidato a nada. Votação da cassação é amanhã, sexta feira as 8 horas. Se isso acontecer, sigo em paz. 'Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé', escreveu.
Dois relatórios foram votados hoje pela Câmara. O primeiro, também rejeitado com 13 votos, foi da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pedia anulação de todo o processo de cassação por falta de provas. O segundo, que culminou em sua cassação, da Comissão de Ética, pedia a perda do mandato.
Abílio teve duas oportunidades de se defender, totalizando quatro horas de explanação. Apresentou três vídeos: o primeiro sobre a fiscalização no Hospital São Benedito, em que tentou provar que não agiu com truculência. O segundo foi uma compilação de ameaças que diz ter sofrido de outros vereadores, a fim de mostrar que outros também deviam responder por quebra de decoro, levando em conta o entendimento que tiveram sobre suas ações. O terceiro, trecho do relatório da CCJ que votou por anular e arquivar o processo de cassação.
Com essa decisão, Abílio Jr fica inelegível por oito anos. Ele tinha planos de se candidatar à Prefeitura de Cuiabá, para sucessão de Emanuel Pinheiro (MDB), seu opositor, mas agora não será possível.
Cassações
Abílio Jr é o quarto vereador cassado nos últimos dez anos na Câmara de Cuiabá. Antes dele, perderam o cargo Ralf Leite, Lutero Ponce e João Emanuel.
O primeiro que teve seu mandato cassado foi Ralf Leite, em agosto de 2009, por quebra de decoro parlamentar após ser flagrado mantendo relações sexuais com um travesti menor de idade e, na ocasião, tentar usar de sua influência como vereador para escapar do crime.
Em novembro de 2009, o então vereador Lutero Ponce foi cassado por quebra de decoro parlamentar, improbidade administrativa e corrupção, acusado de desvios na ordem de R$ 7 milhões. Ele fraudou processos licitatórios, permitindo a participação de empresas "fantasmas" nas licitações e superfaturamento em aquisições de materiais de consumo para a instituição.
O último a integrar a lista foi o vereador João Emanuel (PSD), cassado por quebra de decoro após ser investigado na Operação Aprendiz, do Ministério Público Estadual. Foi condenado por fraude em licitação e por liderar um esquema de grilagem de terras, chegando a ser preso por esse crime.
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