Wellyngton Souza / Única News
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Atualizada às 16h30 - Depois de colaborar com as investigações dos grampos clandestinos durante depoimento na última segunda (16), os delegados responsáveis pelo caso, Ana Cristina Feldner e Flávio Stringuetta, pediram a soltura do cabo da Polícia Militar, Gerson Correa.
Gerson revelou parte dos esquemas, entre eles que o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, fez o pagamento de R$ 50 mil ao coronel da PM Evandro Lesco para bancar as interceptações e ainda declarou que o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) também realizou interceptações telefônicas no estado na modalidade conhecida como 'barrida de aluguel'.
“Diante de tudo isso, solicitamos a Vossa Excelência que, caso seja também de seu entendimento, revogue as prisões do investigado cabo PM Gerson Correa para que responda por seus atos em liberdade, caso outros motivos não existam para que fique preso”, diz trecho do pedido. Os delegados ainda solicitaram que o policial seja mantido na corporação ao término das investigações.
De acordo com Gerson, preso acusado de participar do esquema e sendo principal operador do sistema Sentinela e Wyton, confessou ter destruído o HD em que ficavam armazenadas as interceptações ilegais feitas supostamente pelo alto escalão da PM.
Paulo Taques ‘bancava esquema’
Ainda segundo o cabo, o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, fez o pagamento de R$ 50 mil ao coronel da PM Evandro Lesco, também envolvido no esquema que deflagrou a operação Esdras, desencadeada pela Polícia Civil, para bancar as interceptações.
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O interesse maior de Paulo Taques no esquema, de acordo com cabo Gerson, teria interesse restritamente político em monitorar adversários durante campanha do governador Pedro Taques nas eleições passadas.
Durante depoimento, o oficial ressaltou ainda que os alvos políticos dos grampos eram passados para ele pelo coronel PM Zaqueu Barbosa, que seria o responsável por comandar toda a operação, desde o seu início.
O ex-comandante, preso desde o dia 23 de maio, já acumula alguns pedidos de HCs que foram negados pelo Superior Tribunal de Justiça. Inclusive, Zaqueu já teve um pedido de soltura negado pelo desembargador Paulo da Cunha, do Tribunal de Justiça (TJMT).
Esquema de grampos no Gaeco
Sem muitos detalhes, Gerson declarou que o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) também realizou interceptações telefônicas no estado na modelidade conhecida como 'barrida de aluguel' - onde pessoas que não são suspeitas de crimes tem o sigilo telefônico quebrado ao lado dos verdadeiros acusados-.
Gerson afirmou que as interceptações contavam com respaldo da juíza Selma Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Ele declarou que em um determinado momento, irá pontuar em quais operações o Gaeco utilizou das escutas.
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O cabo contou que foi cooptado pela organização por conta de sua experiência em interceptações telefônicas. Na época, trabalhava justamente no Gaeco, operando o "Sistema Guardião".
Ele afirmou que era o responsável por elaborar os relatórios das interceptações realizadas pelo órgão. Mesmo quando ingressou no grupo clandestino de escutas, Corrêa ainda seguiu trabalhando junto ao Gaeco. Pouco depois, foi transferido para a Casa Militar do Governo.
Cabo Gerson revelou a criação de uma “estória cobertura” para que Gaeco investigasse uma trama de atentado contra Selma. A irregularidade teria sido cometida com a anuência do então coordenador do Gaeco, Marco Aurélio de Castro e da própria magistrada para que fossem interceptados o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva.
O cabo afirmou que a magistrada teria ficado sabendo do suposto atentado através de uma assessora, funcionária do Fórum de Cuiabá, e que toda a “estória cobertura” teria sido criada para “poupar” a juíza como fonte da informação da trama.
Sem delação
O advogado que patrocina a defesa do cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa Júnior, afirmou ao Site Única News, que seu cliente não firmou nenhum acordo de colaboração com a Justiça. "Eu não sei de onde saiu essa informação. Estou emitindo uma nota sobre meu cliente. Foi um simples ato de interrogatório", disse.
Fontes de dentro do Complexo Miranda Reis, onde foi realizado este último depoimento do militar, revelam que o cabo, teria esclarecido algumas lacunas nas investigações. Ainda que possa, a ação, ser admitida como uma confissão, porém está muito longe de ser uma delação. Levando-se em consideração o significado da delação premiada, que é uma expressão utilizada no âmbito jurídico, que significa uma espécie de "troca de favores" entre o juiz e o réu.
Caso o acusado forneça informações importantes sobre outros criminosos de uma quadrilha ou dados que ajudem a solucionar um crime, o juiz poderá reduzir a pena do réu quando este for julgado.
Na última quarta-feira (11), o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça, determinou uma nova prisão preventiva contra Gerson. O cabo está detido no Centro de Custódia da Capital (CCC).
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